Custo e segurança dominam debate entre CIOs sobre IA no IT Forum Na Mata
Em edição especial promovida pela Lenovo, IT Forum Na Mata reuniu líderes de TI para discutir oportunidades da IA generativa
Nesta quinta-feira (19), líderes da indústria de TI se reuniram novamente no Distrito Itaqui, distrito verde de inovação, durante uma edição especial promovida pela Lenovo do IT Forum Na Mata, para discutir um dos principais desafios dos times de tecnologia da atualidade: a Inteligência Artificial (IA).
Logo no início, Claudio Stopatto, gerente geral da Lenovo ISG Brasil, alertou os convidados de que a tarefa seria árdua. “As possibilidades e a abrangência da inteligência artificial são tão vastas que qualquer um que tentar prever o futuro pode se decepcionar”, brincou. O executivo, no entanto, destacou que há força nos números, e que pensar em cenários possíveis em conjunto com os participantes é o melhor caminho para adquirir aprendizados sobre o tema.
Luciano Ramos, gerente geral da IDC para o Brasil, compartilhou alguns desses aprendizados. O líder da empresa de pesquisa apresentou dados do estudo CIO Playbook 2024, produzido em parceria com a Lenovo em setembro. O estudo foi realizado com mais de 500 tomadores de decisão de TI e líderes empresariais de grandes companhias da América Latina, incluindo 200 do Brasil.
O levantamento indicou um aumento significativo no foco em temas como IA generativa, IA tradicional e Machine Learning na agenda estratégica de liderança, do ano passado para cá. A IA generativa, por exemplo, saltou da nona posição em uma lista de 12 temas prioritários de TI em 2023 para a primeira colocação neste ano. É a primeira vez em quase dez anos que a segurança cede espaço para outro tema prioritário no guia estratégico. “Isso mostra que esse tema está na pauta de todos, precisa ser discutido e devemos pensar em como gerar valor com ele”, afirmou Ramos.
Entre os líderes brasileiros participantes, mais da metade dos respondentes (57%) está empolgada com o potencial da tecnologia para as corporações e classifica o tema como um “divisor de águas” que transformará os negócios. Pouco mais de um terço, ou 35%, dos entrevistados afirmou que o investimento em IA é necessário para enfrentar a concorrência. Por fim, 8% consideraram o assunto uma “distração”.
Os principais obstáculos identificados pelo estudo incluem o processo de transformação digital dentro das empresas, a gestão de cibersegurança e a aquisição de talentos qualificados. Superá-los é essencial para aproveitar as oportunidades que a tecnologia promete.
IT Forum Na Mata: Geração de valor e segurança
“Inteligência artificial nada mais é do que a capacidade de extrair valor dos dados”, afirmou Joaquim Merino, diretor de HPC & AI Solutions da Lenovo. “Podemos fazer isso otimizando processos, minimizando perdas ou criando um caso de negócios que gere receita a partir de um projeto de investimento em IA que utilize os dados da empresa.”
Embora a geração de valor seja a meta do investimento de qualquer organização em tecnologias, o tema do retorno sobre o investimento (ROI) na IA generativa, em especial, ainda é um dos pontos críticos para os CIOs. Esse debate foi levantado por líderes de TI presentes no evento, que destacaram os desafios de mensurar o ROI quando um projeto piloto é aprovado, escalado e, consequentemente, tem seus custos ampliados.
Alfredo Heiss, da AMD, Lendro Lopes, da Nutanix, Luiz Pissinatti, da Commvault; e Rodolfo Bernardi, da Lenovo (Imagem: Rafael Romer/IT Forum)
Segundo o líder da IDC no Brasil, uma das formas que o mercado tem utilizado para lidar com esse desafio é por meio dos chamados “SLMs” (Small Language Model). “São modelos menores que podem ser trabalhados em uma infraestrutura própria e privada”, explicou. “Isso pode reduzir a dependência total de provedores externos.”
Outra abordagem tem sido o uso de soluções de computação de borda, que mitiga os custos de conectividade e acelera novas aplicações. “A IA impulsionará o crescimento do investimento em computação de borda para agilizar o processamento de dados e melhorar a experiência dos clientes”, disse Ramos. De acordo com o levantamento da IDC, a computação de borda é vista como uma tendência importante e paralela ao avanço da IA, com expectativa de alcançar US$ 2,3 bilhões em investimentos no Brasil.
Sobre o desafio da geração de valor, Leandro Lopes, diretor de Engenharia de Sistemas da Nutanix para a América Latina, destacou a importância de as empresas pensarem no tema em parceria com um ecossistema de parceiros. “Não basta ter uma plataforma; é necessário contar com uma pilha completa de tecnologias que inclua serviços, consultoria e apoio, orientando o melhor caminho de uso”, afirmou.
Alfredo Heiss, especialista técnico da AMD para o Brasil, também ressaltou a importância de as organizações dimensionarem corretamente suas necessidades de computação antes de iniciar um projeto de IA, seja ele pequeno, executado em CPUs, ou um grande workload, que envolva GPUs, NPUs e aceleradores. “Inverta a pergunta e entenda qual o tamanho da sua necessidade”, sugeriu.
É fundamental, também, que a discussão sobre segurança esteja presente em qualquer projeto de IA desde o início. Esse ponto foi levantado por Luiz Pissinatti, executivo de contas da Commvault. “Na visão de proteção de dados, a IA é mais um workload que precisa ser protegido — seja on-premises, na nuvem ou onde for”, disse. “Estamos no momento da construção. Não devemos deixar para pensar no backup de dados depois que tudo estiver pronto; devemos incluir isso no desenho da arquitetura, facilitando o cuidado no futuro.”
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