Conheça Mary Kenneth, primeira mulher PhD em ciência da computação dos EUA

Freira lutava pela presença feminina na programação e foi uma das responsáveis pelo desenvolvimento da linguagem BASIC

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8:35 am - 13 de setembro de 2022
Irmã Mary Kenneth Keller

Comemorado no dia 13 de setembro, o Dia do Programador celebra uma das profissões que mais crescem no mundo. Mas se hoje as empresas lutam para contratar esses profissionais, e muitas vezes batalham para que mais mulheres preencham essas vagas, elas já foram muito raras. Um dos exemplos é o de Mary Kenneth Keller.

A freira, que nasceu por volta de 1913, tornou-se a primeira mulher dos Estados Unidos a ter um PhD em Ciência da Computação em 1965. Ela estudou, anteriormente, Matemática e Física, de acordo com o Centre for Computing History, museu localizado em Cambridge, Reino Unido. Em 1958, começou a trabalhar no Dartmouth College – em um centro de informática apenas para homens (na época).

Em 1932, antes de seu histórico diploma, Mary entrou para a ordem das Irmãs de Caridade da Abençoada Virgem Maria e proferiu seus votos em 1940, tornando-se oficialmente freira.

Ela trabalhou no desenvolvimento da linguagem de programação BASIC, uma forma de traduzir os zeros e uns do código de computador em algo mais intuitivo e direto. Segundo o Museu, essa é uma linguagem de programação de uso geral e de alto nível que ajudou a ampliar a programação de computadores em áreas não matemáticas e científicas, posteriormente dando a muitas pessoas sua primeira experiência com programação.

Mais tarde, Irmã Mary criou o departamento de computação no Clark College, em Iowa, liderado por ela durante vinte anos. Atualmente, o local é chamado de Keller Computer Center, em sua homenagem. Ela faleceu em janeiro de 1985, com 71 anos.

Importância histórica

“Ela foi uma das primeiras a reconhecer a importância futura dos computadores, observando, em 1964, que estudantes de áreas como educação, psicologia e ciências já estavam usando computadores em seu trabalho. Ela também previu a importância dos computadores nas bibliotecas”, diz um texto que conta a sua história no site Sisters of Charity of The Blessed Virgin Mary.

Ainda segundo a página da ordem em que ela fez seus votos, Mary foi uma forte defensora do envolvimento no campo da ciência da computação, especialmente devido à crescente demanda por especialistas em computação e TI.

Apesar do esforço da Irmã Mary há décadas, dados da Mastertech apontam que ainda hoje as mulheres representam menos de um terço das forças de trabalho em TI. Outro estudo, desta vez conduzido pela INEP, apenas 13% dos estudantes de ciência da computação são mulheres – das quais 47% acabam desistindo no meio do caminho.

Segundo levantamento do Reprograma, instituição objetivada em reduzir o gap de gênero no setor de tecnologia por meio da educação, entre 2016 e 2021, mais de 17,7 mil mulheres foram impactadas por suas iniciativas. Ao todo, cerca de 1.100 se formaram – a maioria na faixa de 25 anos de idade, 9% sendo mulheres trans e 69% mulheres pretas. Dessas, 80% foram empregadas em até seis meses após formação.

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