Expandir conectividade é caminho para promover economia verde no Brasil

Durante a Futurecom 2023, painel discutiu caminhos e estratégias para o país atingir seus potenciais na economia verde

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8:30 am - 04 de outubro de 2023
economia verde futurecom 2023

Não restam dúvidas de que o Brasil é um país de grande potencial para a economia verde global. Realizar esse potencial, no entanto, segue sendo um desafio contínuo para os governos, indústrias e para a sociedade brasileira como um todo. Estratégias para tornar esse potencial em realidade foram tema do painel ‘Economia Verde, o Brasil e o Crescimento Sustentável’, que fechou o primeiro dia do congresso da Futurecom 2023, nesta terça-feira (03).

“A maior política que podemos ter para a economia verde se chama conectividade”, essa foi a avaliação inicial de Vicente Bandeira, conselheiro da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). “Se nós conseguirmos conectar o país inteiro, vamos estar dando um passo importantíssimo em qualquer modalidade: da economia, de todas as formas, à economia verde também.”

Durante sua fala, o conselheiro destacou que qualquer avanço na banda larga está diretamente relacionado ao crescimento do PIB per capita de países – e ressaltou que a agência está dedicada à expansão da conectividade em regiões carentes do país, como o Norte e Nordeste.

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O caminho mais fácil para expandir essa conectividade, na sua avaliação, é conectar as escolas: das cerca de 138 mil escolas do país, cerca de 10 mil estão desconectadas e outras 100 mil têm conectividade de baixa qualidade. “Se você chegar no aluno, você chega na família”, pontuou o Bandeira.

Carlos Ohde, conselheiro da P&D Brasil, Associação de Empresas de Desenvolvimento Tecnológico Nacional e Inovação, ecoou o ponto do representante da Anatel. “Quando a gente tem a conectividade, a gente pode pode trocar fluxo de materiais por fluxo de informação”, explicou. “Otimizando o fluxo de materiais, a gente fica mais sustentável”. Exemplo disso, pontuou, veio durante a pandemia, quando trocamos reuniões presenciais que exigiam deslocamento, por remotas via videochamadas.

Leandro Santos, também da P&D Brasil, concordou que a conexão da educação é um passo essencial para a construção da economia verde no país. Na sua leitura, no entanto, a ação não basta: é preciso que as estratégias de economia verde brasileiras já nasçam pensando para fora.

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“A decisão de ser líder não pode se restringir ao nosso mercado interno. A gente tem, sim, que ter políticas para estimular o desenvolvimento tecnológico nacional, mas a gente tem que escolher áreas que queremos ser protagonistas no mundo. Porque isso vai sustentar nosso mercado interno e a possibilidade de ser fornecedor no mundo todo”, anotou. “Como que a gente acelera as iniciativas que já temos para retomar nosso protagonismo da economia sustentável e inclusiva dentro do Brasil, mas também para exportar?”, questionou.

Newton Hamatsu, superintendente de Inovação da FINEP, voltou a atenção para as áreas em que o Brasil já se destaca na economia verde, incluindo a matriz energética majoritariamente sustentável do país e a expertise em áreas como a produção de etanol e biodiesel.

“Os combustíveis de aviação estão cada vez mais se aproximando da liderança em emissões de CO² no mundo”, destacou. “Uma das rotas mais promissoras é a transformação do Etanol em SAF [sigla em inglês para ‘Combustível de Aviação Sustentável’]”. Para Hamatsu, o país tem potencial para se destacar através de uma “neo industrialização verde”. “O Brasil está absolutamente bem posicionado para ser líder. Existe um grande espaço para inovar”, completou.

Consultor Legislativo de Política e Planejamento Econômico da Câmara dos Deputados, Pedro Garrido Lima também voltou a atenção para o potencial do país de uma industrialização verde. “O mundo inteiro está se organizando para políticas industriais ativas que não são dissociáveis de políticas ambientais, de transição energética e de descarbonização”, disse. “A gente precisa fazer alguma coisa, o mundo todo está se posicionando e o Brasil precisa se posicionar.”

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Rafael Romer

Rafael Romer é repórter do IT Forum. É bacharel em Comunicação Social – Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero. Tem mais de 12 anos de experiência na cobertura dos segmentos de TI, tecnologia e games, com passagens pelo Olhar Digital, Canaltech, Omelete Company, Trip Editora e IG.

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