Como repensar carreiras com base na transformação digital?

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11:55 am - 07 de novembro de 2017

A tecnologia tem revolucionado não só empresas, mas também o dia a dia de qualquer pessoa que esteja conectada. Ao mesmo tempo, tem surgido uma geração cada vez mais exigente e, consequentemente, insatisfeita com diversos “padrões”, seja no ambiente de trabalho ou em casa.

Observando o movimento de transformação mercado de trabalho global, a Universidade de Stanford investiu na criação da metodologia Life Designing, inspirada nos conceitos do Design Thinking, que tem revolucionado os processos de criação de produtos e serviços nas empresas ao redor do mundo. Gil Giardelli, especialista em cultura digital, levou o debate ao IT Forum Expo 2017, nesta terça-feira.

Uma das atrações da apresentação de Giardelli foi o Yumi, robô desenvolvido pela ABB, que dançou vários tipos de ritmos musicais e até fez um selfie com um convidado da plateia. Segundo Giardelli, cerca de 27% dos graduandos não estão trabalhando com o tema que se formaram e 66% dos profissionais estão insatisfeitos com o que fazem.

O fato mostra as mudanças nas carreiras. O próprio Yumi é um exemplo. Para operação do robô em aparições em eventos, a ABB designa um funcionário e, no caso do IT Forum Expo, o encarregado foi Bruno Nascimento, estagiário da companhia, que auxiliou Giardelli no palco a operar o robô.

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Yumi tira selfie com participante

Nascimento comentou que 70% dos seus colegas de faculdade, no curso de engenharia de produção, não trabalham na área e a maioria não está satisfeita. Não é seu caso.

Mas uma questão citada por Nascimento, segundo Giardelli, mostra bem o cenário de mudança. Para trabalhar com robótica, o estudante buscou conhecimentos fora do Brasil, pois nosso país não oferece conhecimento.

“Das dez carreiras mais procuradas em 2016 no Brasil, 9 em cada 10 estão sofrendo o tsunami da computação cognitiva e da inteligência artificial. Mas apenas 5,7% das pessoas que entraram na faculdade procuraram ciência, matemática ou computação”, comenta Giardelli.

Diante do cenário, Giardelli diz que, mas do que “design your life”, é preciso discutir uma nova nação que precisa ser toda repensada. “Inovação não é fazer algo e apenas inovar. É resolver algum problema”.

Com a palavra, presidentes

O painel comandado por Giardelli contou com a participação de cinco presidentes de empresas de tecnologia: Alexandre Rappaport, da Livelo; Leonardo Framil, da Accenture; Marcos Oliveira, da Symantec; Ricardo Karbage, da Xerox; além de Sandoval Martins Pereira, do Buscapé.

CAPA

Para Framil, o momento do Brasil é de otimismo, mas o principal problema tem sido liderança. “Qual o papel do gestor? O que ele faz?”, indagou.

O executivo diz que tem frequentado empresas e vê que gestores têm sido promovidos, mas com poucas características de líderes, que de fato transformam a organização. Para eles, um bom líder deve ter três papéis fundamentais: propósito, princípios e avaliação de performance. “Faltam lideranças nos mundos político, empresarial e acadêmico para usarmos o potencial do País”, afirmou.

Ainda no tema formação de líderes, Karbage destacou uma nova iniciativa da Xerox, uma espécie de “coaching reverso”. São jovens de 23 ou 24 anos que treinam executivos experientes. “A empresa entende que precisa se renovar”, explicou.

Oliveira, por sua vez, destacou que o “não me sinto feliz” tem sido desafio para empresas, visto que, de um lado está a pressão por resultados, mas do outro, o desafio de lidar com pessoas. “Estamos em um mundo com quebra de modelos. Precisamos ter o lado humano e ajudar os funcionários a escolher o caminho e ouvir seus sentimentos.”

Já Pereira comentou que no Buscapé, por exemplo, a idade média da equipe é 25 anos. E, para lidar com esse público jovem, é preciso ter um propósito igual e verdadeiro.

Rappaport manteve a postura otimista dos executivos ao dizer que tem visto empresas pensando em investimentos, estudantes se preparando e pessoas focadas em carreira. “Precisamos dar pequenos passos, um atrás do outro. E se todo mundo fizer isso, estaremos em um mundo melhor”, destacou.

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