ChatGPT: de hype a divisor de águas para negócios e pessoas

Preocupação deve considerar efeitos nefastos dos vieses de cada modelo, escreve Leonardo Naressi, da DP6

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2:22 pm - 10 de março de 2023
ChatGPT Imagem: Shutterstock

Tecnologias de Inteligência Artificial Generativa, como ChatGPT, LaMDA, DALL-e, Midjourney e Stable Diffusion, representam uma revolução na velocidade e no nível de automação que podemos atingir ao criar ou construir conteúdos de diversos formatos. É fato que, a cada dia, mais notícias sobre as ferramentas questionam a precisão e o quanto elas serão capazes de substituir os humanos nas estações de trabalho.

Afinal, como mudará a relação de empresas com consumidores e consumidoras? Até que ponto a ferramenta andará lado a lado ao ritmo acelerado e qualitativo de entregas? Será um divisor de águas para os negócios?

Sem dúvidas, IA Generativa consegue atingir tamanha escada e velocidade que possibilita a criação de conteúdos personalizados que, em um trabalho manual, teríamos que pesquisar, adaptar e veicular milhões de variações diferentes à tempo da próxima data de uma campanha, concorda? Mas se a inteligência tem o poder de “economizar” gente, que seriam dezenas ou até centenas de na redação ou na equipe de design e criação para entregar a mesma escala de produção, é verdade também que há quem diga que restará aos humanos tarefas mais nobres de treinar ou até de servir de “psicólogo” de máquinas.

Mas a preocupação deve ir além do desafio sociológico e considerar os efeitos cada vez mais nefastos dos vieses de cada modelo e das más decisões que a inteligência artificial pode tomar. Podemos cair em bolhas cada vez mais restritas, em que pouco ou nenhuma informação nova é gerada, mas apenas reescrita, adaptada ou ajustada pelos modelos treinados com os mesmos dados ou similares.

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Com um conhecimento apenas da linguagem, da lógica racional ou da semelhança, embora o chat pareça tão realista, é pouco profundo ou impreciso em alguns momentos, não estando (ainda!) ligado a algoritmos de otimização da cadeia de suprimentos, ou, então, a sistemas de simulação de procedimentos médicos, por exemplo. Uma hora, os robôs estarão consumindo conteúdos gerados por eles mesmos.

Por outro lado, em várias perspectivas, IA Generativa já pode ser uma grande aliada na gestão de negócios, pois já consegue trazer respostas rápidas de uma enorme origem de referências no momento exato da tomada de decisão. Mas ainda é preciso de moderação e, muito mais que isso, de preservar o olhar e a capacidade humana.

Somente no momento em que essa inteligência conversacional ou lógica exercitar seus poderes de previsão, segmentação, otimização, realocação, experimentação e simulação, poderemos dar um salto não só nos procedimentos e padrões, mas também na agilidade e automação da execução da inteligência de fato. A AI poderá, então, encontrar aquele insight que ninguém mais descobriu porque está escondido como uma agulha no palheiro em uma imensidão de dados perdidos dentro das empresas.

Enfim, como qualquer Hype ou tendência, o Chat GPT terá um desafio gigantesco de se manter relevante como tecnologia ou ferramenta para as pessoas no mundo todo. Pela ótica da experiência das pessoas e da utilidade, há um futuro enorme para tecnologias,  como o Chat GPT, como interface aceleradora de muitas atividades na relação das organizações com consumidores e consumidoras. J

á pensou descarregar suas frustrações com um produto ou serviço, e a inteligência artificial conseguir realmente ser útil ou entregar uma solução real em vez de “sua reclamação foi registrada” ou “lamento, não podemos fazer pois não está no sistema”? Além disso, o entendimento do contexto do mercado, a coleta e captura de tendências, a sumarização e geração de insights sobre o que as pessoas estão discutindo nas redes sociais poderão ganhar outro olhar através de modelos de linguagem mais avançados.

Há, claro, um medo justificável de que a IA se mostre “sentiente”, “inteligente de verdade” ou ganhe consciência e extermine os “seres humanos falhos” como na ficção científica. Talvez (só talvez) isso não aconteça, mas se a linguagem e a conversa entre pessoas e máquinas se tornar tão avançada a ponto de automatizar tarefas, resolver problemas e propor melhorias, as relações entre pessoas e empresas e as atividades nas organizações também poderão fluir melhor.

Mas a vontade e a qualidade disso ainda dependerão dos humanos que ainda controlam, treinam ou educam coletivamente essa inteligência artificial.

*Leonardo Naressi é co-CEO e diretor de inovação da DP6

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