Carta ao Neymar pai

Especialista em relações públicas reflete sobre o gerenciamento da imagem do Neymar nos últimos tempos

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9:35 am - 22 de junho de 2019

Caro Neymar Pai,

Essa carta já começa errada. Porque seu nome não é Neymar “Pai”. Quando as tevês começam a te creditar assim e você não os corrige é porque entende que é a melhor definição sobre você. Não vou discutir em absoluto sua carreira, sua trajetória profissional ou o quanto você foi importante na vida de seu filho. Vou tentar te sugerir que, como pai, chegou a hora de abrir mão.

Abrir mão do controle. Abrir mão de não oferecer a seu filho o melhor dos mundos corporativos: ter exatamente profissionais cuidando de sua imagem. O pai sempre quer o bem para seus filhos e, na maioria das vezes, esse “bem” não está na figura paterna controlando tudo. Porque você tem um componente emocional que corrói a isonomia necessária para tomar decisões complexas, ainda que pareçam ruins, mas certeiras.

Neymar, me escute: há um ano eu recomendei a seu filho que contratasse uma agência de PR boa o suficiente para dizer que o ‘media training’ dele foi falho. E que tirasse o armário das costas. Hoje, suspeito que esse armário esteja duas vezes mais pesado justamente porque não há ninguém que questione as decisões de imagem que vocês tomam.
A melhor atitude que um pai pode ter nessa situação é sair de cena, contratar os melhores gestores de carreira do planeta e apenas observar a situação de seu filho ser revertida. E depois aproveitar a certeza que o movimento foi o mais correto possível.

Quando falamos de marcas, inclusive a que seu filho se tornou, é importante que elas tenham profissionais cuidando de sua durabilidade e credibilidade. Esse papel não pode ser mais seu. Se continuar assim, seu filho continuará sendo visto como “garoto mimado”, “robô das entrevistas” e “marqueteiro”. Ele é um ser humano, que acerta, erra, comemora, se entristece. E é natural de um pai querer proteger o filho de todas as adversidades. Mas não é natural de um gestor de imagem construir uma que não se sustenta.

Repense. ‘Branding’ é coisa séria. Seu filho está na melhor idade para a profissão que escolheu. Em três anos terá mais uma oportunidade de cravar seu nome na história do futebol brasileiro. Até lá, quanto mais a imagem do craque Neymar terá de sangrar para que você tome a sábia decisão de contratar especialistas para cuidar da comunicação de seu filho?

*Bruno Pinheiro é CEO da PiaR Comunicação – Assessoria de imprensa especializada em comunicação para startups e agentes de inovação.

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