Marco Figueira, da Yokogawa: ‘Área de automação está aquecida, mas não está tanto quanto antes’

CEO da companhia fala da importância da IA e quais as verticais que estão em alta

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9:00 am - 22 de dezembro de 2023
Marco Figueira, CEO da Yokogawa Marco Figueira, CEO da Yokogawa

A pandemia foi o grande salto da área de automação industrial no Brasil – ainda que tenha sido desafiadora em inúmeros sentidos. Para a Yokogawa, confidencializa Marco Figueira, CEO da empresa, em entrevista ao IT Forum, houve o aquecimento de indústrias como a química e petroquímica que, agora, dão espaço para outras áreas brilharem.

“Mas não posso dizer que 2023 foi ruim. Estamos indo muito bem, devemos superar as expectativas projetadas para o ano, mas mudou um pouco o mercado. Começamos a pegar mais negócios em óleo e gás, energia e mineração. E a gente sente um pouco de redução na área de siderurgia”, comenta ele.

Entretanto, esse não é o único foco da Yokogawa no Brasil, que está de olho nas indústrias alimentícia e farmacêutica. Confira os melhores momentos da conversa:

IT Forum: Qual o momento atual do setor da automação industrial no Brasil e qual o papel da Yokogawa nesse contexto?

Marco Figueira: Eu posso dizer que, durante a pandemia, foram anos de muito sucesso para a Yokogawa. Foi desafiador, pois tivemos que transformar a empresa muito rapidamente para um trabalho remoto. Ao mesmo tempo a gente conseguiu ver o aquecimento de indústrias que são importantes para a gente, especialmente química e petroquímica que tiveram uma expansão muito grande. Outro mercado que nós vimos um movimento grande foi o de siderurgia por causa da construção civil.

Passando o período de pandemia, tivemos a conquista de grandes clientes, principalmente em papel e celulose, que são muito significativos para o nosso faturamento.

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A área de automação está aquecida, mas não está tanto quanto antes, por conta da troca de governo e outras particularidades. As empresas estão reavaliando, a gente tem o fator guerra, as cotações do petróleo, entre outros. Isso traz um certo desconforto para o mercado e a gente percebe que alguns projetos ficam em espera. Mas espero que o próximo ano venha com boas notícias, uma vez que os projetos não estão aprovados, mas estão sendo encaminhados.

Mas não posso dizer que 2023 foi ruim. Estamos indo muito bem, devemos superar as expectativas projetadas para o ano, mas mudou um pouco o mercado. Começamos a pegar mais negócios em óleo e gás, energia e mineração. E a gente sente um pouco de redução na área de siderurgia.

O nosso mercado é muito diversificado, temos desde instrumentação básica, até a parte de sistemas de controle, software de gestão, software de acompanhamento, otimização de processos. Como é muito amplo, acabamos atingindo e absorvendo vários mercados.

IT Forum: Quais são os principais mercados que vocês atuam e quais querem atingir mais?

Marco Figueira: As áreas de petroquímica, papeis e celulose e siderurgia, mineração são os mais próximos de nós. Mas queremos atingir mais as verticais alimentícia e farmacêutica. Tradicionalmente, vínhamos de uma indústria mais pesada, mas no Japão já temos um market share na área de indústria farmacêutica e alimentícia por conta de alguns produtos que eram comercializados apenas lá.

Recentemente mudamos a estrutura de negócios. Foram criados quatro pilares: energia e sustentabilidade (óleo e gás, energia, sustentabilidade); materiais (indústria de base, como papel e celulose, mineração, siderurgia, química); instrumentos de medição; e vida (engloba todo o business da indústria farmacêutica e alimentícia). Estamos trabalhando esse portfólio que era muito bom já no Japão e agora exploramos a nível global.

IT Forum: Qual a participação da América Latina e do Brasil no faturamento mundial da empresa?

Marco Figueira: Eu posso dizer que a gente ainda tem uma participação pequena porque estamos em uma região de países em desenvolvimento. Representamos em torno de 5% do negócio global. Somos mais fortes no Japão, na Europa e nos EUA.

Mas olhando para o futuro, o potencial dessa região é muito grande. Como é uma região com muita indústria farmacêutica e alimentícia e na área de renováveis temos um espaço muito grande, a nossa matriz enxerga a região como altíssimo potencial de crescimento.

Estamos presentes em toda a América Latina com filiais na Argentina, Chile, Peru, Colômbia. Brasil é o principal país da região e representa cerca de 50% do negócio na América do Sul.

IT Forum: Falando de inovação, como vocês estão olhando para a Inteligência Artificial?

Marco Figueira: É um ponto que não podemos descartar de forma alguma. Cada vez mais, a IA é um caminho para as empresas reduzirem os seus custos, melhorar performance e sobreviver nesses mercados tão competitivos.

A Yokogawa não poderia deixar isso de lado. Temos centros de desenvolvimento no Japão, Singapura, China, Índia e estamos em constante evolução para isso porque entendemos que o futuro está em uma indústria autônoma.

Fizemos uma prova de conceito em uma indústria química no Japão onde operamos por 30 dias uma unidade de forma totalmente autônoma, sem interferência alguma. Depois, fizemos por um ano o mesmo experimento. Então eles aplicaram a automação de vez e, agora, vamos entrar em outras áreas para trabalhar esse tipo de solução sem interferência humana.

Entretanto, uma coisa que eu falo muito é que a IA é importante, mas o mais importante é ter uma base de dados grande. Se não tiver uma base de dados grandes para ela trabalhar, não resolve muito. Então trabalhamos no desenvolvimento de novas de soluções e tecnologias de aquisição de dados. Principalmente na parte de monitoramento.

IT Forum: Por fim, você pode nos dizer qual a expectativa de crescimento para 2023?

Marco Figueira: Nós não temos a liberdade de passar números nos detalhes, mas nos últimos três anos dobramos o faturamento da companhia e, até 2026, temos a expectativa de dobrar novamente os resultados.

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Laura Martins

Editora do IT Forum. Jornalista com mais de dez anos de atuação na cobertura de tecnologia. É a quarta jornalista de tecnologia mais admirada no Brasil, pelo prêmio “Os +Admirados da Imprensa de Tecnologia 2022” e tem a experiência de contribuições para o The Verge.

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