Por dentro da fábrica da Intel na Costa Rica: onde a inovação ganha vida

O IT Forum visitou a unidade, responsável por enviar 50% dos processadores de data center para todo o mundo

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9:00 am - 05 de fevereiro de 2024
Intel Costa Rica Intel Costa Rica

Localizada no distrito de San Antonio de Belén, na encantadora Costa Rica*, a presença imponente da fábrica e do laboratório da Intel se destaca entre o verde exuberante da cidade, rodeada por belezas naturais e vulcões. Com 26 mil metros quadrados de planta e 17 mil metros quadrados de laboratórios, a instalação não é apenas um espaço físico, mas onde a mágica – como a própria empresa diz – da engenharia, tecnologia e inovação acontece.

Ao entrar no local, é impossível não se surpreender com sua grandiosidade. São mais de 3,3 mil funcionários próprios, quase 5 mil terceirizados e 27 anos de uma história que se entrelaça com os avanços tecnológicos globais.

Inaugurada originalmente como uma instalação de montagem e teste, a Intel Costa Rica evoluiu ao longo dos anos para se tornar um Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de última geração, além de um Centro Global de Serviços, que fornece soluções críticas para toda a empresa, e um Centro de Distribuição global que envia de 50% dos processadores para data centers para 44 países.

É também nesta unidade que são realizados testes de microprocessadores de centenas de parceiros que depositam na tecnologia Intel a confiança para aprimorar e lançar seus produtos.

A planta, que representa 60% das exportações de pesquisa e desenvolvimento, é um marco no caminho ascendente da Costa Rica na cadeia global de valor. “Em 2014, tivemos uma transformação grande aqui. Entramos no desenvolvimento de software para hardware e isso gerou expansão do nosso centro. Agora, temos 1,7 mil pessoas só em engenharia”, destacou Ileana Rojas, presidente da Intel Costa Rica.

Com um investimento de US$ 1,25 bilhão desde 2020, a Intel reafirmou recentemente seu posicionamento com o desenvolvimento tecnológico do país. Em setembro de 2023, a empresa anunciou investimento de US$ 1,2 bilhão em suas operações na Costa Rica nos próximos dois anos. Um compromisso que vai além das cifras, confirmando a posição da Intel como peça-chave no setor de semicondutores.

Segundo previsão do Gartner, a receita global de semicondutores deve crescer 16,8% em 2024, totalizando US$ 624 bilhões. De acordo o instituto de pesquisas, O Gartner revela que 2024 será ano de recuperação desse mercado, com crescimento na receita para todos os tipos de chips, impulsionado pelo aumento de dois dígitos no mercado de memória.

Segredos da produção

O IT Forum foi convidado pela Intel para conhecer de perto a unidade com um grupo seleto de jornalistas da América Latina, Canadá e Estados Unidos. Durante o tour pelo laboratório, montagem e testes, que operam 24×7, infelizmente, câmeras eram proibidas.

Tour Lab Intel Costa Rica

Centro de montagem e teste da Intel na Costa Rica

A cada passo na área de produção, no entanto, uma nova revelação sobre o local, que desempenha um papel crucial na produção dos processadores Xeon, a base de servidores da Intel. Essa é a fábrica onde a inovação ganha vida, e o sigilo em torno das operações adiciona um toque de mistério.

Ao entrar, pequenos robôs dividem o espaço com funcionários da empresa, devidamente vestidos com roupas que protegem qualquer tipo de entrada de partículas que podem afetar o desempenho dos semicondutores. Eu também tive de vestir as roupas especiais e luvas. Maquiagem também é proibida.

O tour na fábrica, equipada com tecnologia de ponta conectada a capacidades elevadas de previsão, robótica e autogerenciamento, teve início no laboratório, onde engenheiros testam processadores que irão ao mercado nos próximos meses. Um deles passava por provas. O engenheiro não deu detalhes do produto, mas ele parecia ser o 18A, que promete revolucionar o mercado de chip ainda neste ano. É nesse momento que três etapas são colocadas em prática: após a chegada do chip, acontecem ali a “first beat”, depois o protótipo, e, por fim, a qualidade.

Max Ramírez, diretor para montagem e testes da Intel Costa Rica, contou que somente sua área soma 700 funcionários diretos e 800 contratados terceiros, sendo 27% de mulheres técnicas. Todos eles empenhados em garantir zero falhas.

Segundo Iván Flores, diretor de DEG e gerente do Lab Engineering da Intel Costa Rica, em 2023, a empresa decidiu dar sequência nessa fase de execução em 30 produtos, sendo que sete deles já estão em mercado com alta produção. “Para colocar esses produtos no mercado, tivemos de processar mais de 400 mil amostras, gerar 200 experimentos de qualidade de performance antes e depois da produção, com um trabalho de mais de 200 mil engenheiros, que se conectaram remotamente com os serviços do nosso lab”, contabilizou.

Ali perto, máquinas testavam exaustivamente os chips. Um dos engenheiros contou que todos os chips passam por testes de estresse simulando o uso em três anos no mercado de consumo.

Javi Pérez, diretor montagem e testes da Intel Costa Rica, explicou que quatro componentes críticos compõe a fase de montagem: o die, o substrato, o interposer e o lítio. “Depois da montagem, iniciamos um processo de burn in, que é a aceleração de condições de estresse para remover microprocessadores que podem falhar cedo em seus ciclos de vida”, explicou.

Isso porque, os dois primeiros anos de uso são críticos para a apresentação de problemas. Caso não passem no teste, eles voltam para a etapa anterior. Não há chance para erros. Nessa fase, os chips ainda não estão montados, na forma como vemos em computadores, por exemplo. Somente na fábrica é que eles são montados e novos testes realizados.

Depois, cada um deles ganha um número de série. Em seguida, eles são lavados em máquinas com água em alta temperatura para garantir a eliminação de possíveis sujeiras ou partículas.

Na etapa final, no centro de distribuição, 400 pessoas trabalham na logística dos produtos para 44 países. Jorge Sánchez, diretor de logística da Intel Costa Rica, explicou que desde 2020, quando a parte de manufatura passou a operar no local, mais de 28 milhões de unidades foram despachadas para 128 clientes. Os produtos chegam em impressionantes um dia nas Américas, dois dias na Europa e três dias na Ásia.

Centro de Distribuição Intel Costa Rica

Centro de Distribuição da Intel Costa Rica

*A jornalista viajou a convite da Intel

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Déborah Oliveira

Editora-chefe e diretora de Conteúdo do IT Forum, Déborah Oliveira é jornalista com mais de 17 anos de experiência na área de TI. Tem passagens pelas redações da Computerworld, CIO e IDG Now!. Bacharel em Jornalismo, com graduação executiva em Marketing, e MBA em Marketing. Em 2018, foi vencedora do prêmio de melhor Jornalista de TI no Brasil, do Cecom. Em 2019 e 2020, foi destaque do mesmo prêmio na categoria Telecom. É uma das autoras do livro “Da Informática à Tecnologia da Informação – Jornalistas Contam Suas Histórias”, pela editora Reality Books, lançado em 2020.

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