O mercado de tecnologia da informação da Colômbia colhe bons frutos da mudança de abordagem que o país teve em relação ao setor nos últimos anos. Para se ter ideia, até o ano de 2010, os investimentos relacionados à TI giravam em torno de US$ 3 bilhões. Neste ano, o valor já chega a quase R$ 5 bilhões, distribuídos entre indústrias de software e hardware.
Além disso, segundo o ranking de competitividade medido pelo Fórum Econômico Mundial, a Colômbia conta atualmente com 100% de cobertura de banda larga, permitindo que 62 mil empreendedores digitais atuem no desenvolvimento de tecnologias. Outro ponto importante é o índice de penetração nos domicílios, que chega a 50% da população, o equivalente a quase 22 milhões de pessoas.
E é por todas essas vantagens que as empresas locais, com apoio do governo colombiano, estão buscando internacionalizar suas marcas em busca de novas oportunidades no mercado brasileiro. Por meio da organização governamental Proexport Colômbia, que promove o turismo, as exportações e o investimento em outras regiões, a campanha Bring IT On será ponto-have para entrar em um país considerado estratégico para as companhias. Com a iniciativa, a expectativa é dobrar o faturamento das empresas nos próximos cinco anos.
Recursos a preços competitivos
Segundo o diretor da Proexport no Brasil, Alejandro Peláez, a Colômbia tem como pontos fortes o fornecimento de tecnologia e software. O executivo ressalta que o país possui ainda alto número de engenheiros disponíveis no mercado de trabalho, além de localização geográfica estratégica.
“Temos aproximadamente 300 mil engenheiros que foram capacitados nesses últimos dez anos, além de formarmos cerca de 25 mil profissionais anualmente. Um engenheiro de computação recém-formado ganha entre US$ 750 e 800, e um profissional com cinco anos de experiência chega a receber, no máximo, US$ 5 mil. O valor é bem inferior ao custo da mão de obra em outros países, representando redução significativa no principal custo das empresas de software e desenvolvimento de serviços”, explica Peláez.
Segundo ele, a Colômbia tem hoje experiências nesse sentido com empresas indianas que estão aproveitando essas facilidades para expandir suas ações. “Nesse momento, o país conta com nove cabos submarinos ligados aos Estados Unidos e à Europa, podendo espalhar a informação de forma eficiente”, detalha.
Foco no mercado brasileiro
O Brasil, por sua proximidade geográfica, é um dos principais países na estratégia da campanha. Peláez enfatiza o grande volume na demanda por serviços de tecnologia pelas empresas brasileiras que, de acordo com ele, começam a perceber possibilidades na Colômbia.
“É possível desenvolver e fazer migrações de software na Colômbia e, a partir dali, fornecer para países da região que estão demandando tecnologias da informação, como o Peru, Chile e México”, relata.
O executivo ainda cita como ponto positivo os serviços de pós-venda, que podem ser oferecidos pelas empresas de lá. “Esse setor é crítico. Vamos usar uma empresa indiana como exemplo. Trazer um indiano para fazer esse serviço não é fácil, não é barato e tem barreira de linguagem e cultural. Já a Colômbia fica a seis horas de avião, com três voos diários para São Paulo, não existe barreira linguística significante, tornando os tipos e as possibilidades de negócios mais fáceis de se desenvolver e sob um custo menor.”
Principais setores
As maiores oportunidades para as empresas brasileiras na Colômbia, de acordo com Peláez, estão nos serviços de supply chain e gerenciamento de dados. Outro setor com alta demanda é o de Oil&Gas, na qual o país em questão vivenciou crescimento significativo nos últimos anos.
“A produção foi duplicada desde 2004, ultrapassando a marca de 1 milhão de barris de petróleo produzidos diariamente diário. Isso faz com que precisemos de melhores recursos e tecnologias no setor para ser mais competitivos no mercado internacional”, exemplifica. Ele também aponta oportunidades de negócios em áreas como saúde, telecomunicações, logística, educação e Governo.
“Há espaço para o desenvolvimento de soluções sob medida, endereçadas aos problemas da América Latina, como trânsito pesado e segurança bancária que são importantíssimos na Colômbia por causa da lavagem de dinheiro”, complementa.
Disputa no mercado brasileiro
Para o sucesso comercial das companhias colombianas no Brasil, a realização de de parcerias com empresas brasileiras que já tenham canais de distribuição estabelecidos, além de possuírem reconhecimento local, são extremamente estratégicas, na visão de Peláez.
“Em estados mais populosos, como São Paulo, a concorrência será maior, mas também focamos em parcerias com empresas da Bahia, Fortaleza e Região. Apesar de as maiores oportunidades estarem em São Paulo, fechar parcerias com empresas de outras localidades pode ser mais fácil e prático”, opina.
O executivo ainda ressalta que as companhias que já operam no mercado brasileiro estão reinvestindo o valor em vez de levarem o lucro para suas operações na Colômbia, visando expandir cada vez mais suas atividades. Peláez lembra que essas empresas precisam ter paciência por se tratar de um projeto a longo prazo, com boas possibilidades de sucesso. “Para uma empresa colombiana, se tudo der certo em termos comerciais, o Brasil pode se tornar seu principal mercado rapidamente”, conclui.