Excesso de aplicativos é causa de estresse e erros, alerta pesquisa
38% dos brasileiros afirmam que excesso de informação entre todos os seus aparelhos é a maior causa de estresse
Ainda que muitas organizações tenham se adaptado bem à realidade do trabalho remoto, a tendência não é sem seus impactos negativos – em especial quando voltamos à atenção para os colaboradores de empresas, conforme revelou um estudo global da OpenText.
Realizado entre 11 e 25 de novembro de 2020 com 12 mil respondentes de onze países, 2 mil deles no Brasil, o levantamento apontou que um dos principais pontos de preocupação é com a quantidade de aplicativos com os quais as pessoas precisam interagir no dia a dia.
Além de impactar o bem-estar dos trabalhadores, a tendência se revela um risco à segurança de dados, principalmente quando levada em consideração a dissolução das barreiras entre o mundo corporativo e pessoal. “O que está acontecendo hoje é que você tem mais tempo de trabalho e mais tempo social porque não se tem mais distinção nenhuma”, explica Roberto Regente, vice-presidente da OpenText para o Brasil.
No total, 71% dos funcionários brasileiros respondentes afirmaram usar seis ou mais ferramentas e aplicativos todos os dias, incluindo e-mail, mídia social e drives compartilhados. Cerca de 15% apontaram um número ainda maior: entre 11 e 15 apps; enquanto 7% afirmaram chegar aos 16 a 20 apps diariamente.
Para um a cada dez entrevistados, o número é simplesmente “alto demais para contar”. Apenas 2% dos entrevistados afirmaram não usar ferramentas ou aplicativos em um dia normal. Além disso, mais da metade (51%) dos questionados afirmou que a quantidade de fontes de informação na sua rotina cresceu “muito” nos últimos cinco anos.
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Para 25% dos respondentes, a quantidade de apps é a maior causa de estresse do cotidiano. Outros 38% dos respondentes apontaram o excesso de informações distribuídos entre todos os seus dispositivos como a maior causa de exaustão, o que tem trazido alguns problemas também de produtividade – 41% dos respondentes, por exemplo, afirmam ter dificuldade para memorizar as senhas de cada acesso.
Ainda segundo a pesquisa, a segurança de dados é outro aspecto que sofre com o excesso de aplicativos no dia a dia e, em especial, com a mistura entre ambientes profissionais e pessoais. No total, 56% dos brasileiros afirmaram ter usado contas pessoais em aplicativos de armazenamento em nuvem para armazenar um item da empresa.
O índice fica à frente de dez outros países analisados e na ponta oposta de regiões como Alemanha e França, onde, respectivamente, 15% e 17% dos entrevistados afirmaram terem usado apps pessoais para o armazenamento de dados corporativos.
Na avaliação de Regente, o fenômeno tem implicações importantes para negócios, combinando um potencial de queda de produtividade – já que a busca por informações distribuídas em múltiplos ambientes pode se tornar virtualmente impossível – e de risco segurança, levantando preocupações quando a compliance à LGPD, por exemplo.
Para enfrentar a má gestão, o executivo defende uma abordagem unificada e “holística” de dados, em que empresas têm o conhecimento total do dado e de sua jornada nas mãos de colaboradores. “Não é você engessar a operação, isso não existe. Hoje, a base de qualquer grande negócio é informação. Mas você precisa saber o que é relevante, onde ela está, quem está usando, quem está modificando, quem está acessando, o que está fazendo com ela”, aponta o executivo.