Riot Games: Brasil é mercado bilionário e cheio de oportunidades para League of Legends

Empresa californiana segue potencializando negócios no País com foco em jogos, Esports e entretenimento

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1:00 am - 11 de outubro de 2023
Diego Martinez e Carlos Antunes: oportunidades para Riot crescer no País (Divulgação).

Em um mercado tão dinâmico como o de games, é difícil acreditar que um jogo esteja no topo há quase 15 anos. Mais do que isso: League of Legends (LoL) mudou a forma que o mundo enxerga o Esports e transformou o cenário competitivo de jogos em um universo lucrativo, altamente profissional e que atrai negócios das mais diferentes empresas. É inevitável – diversas marcas querem surfar neste mundo criado pela californiana Riot Games.

Bem, e mesmo se o leitor da coluna não conheça nada deste universo, sabe que o LoL também é sucesso absoluto no Brasil – tanto para o jogador casual como no cenário profissional. E aqui vai um número que comprova isso: pela terceira vez na história, o CBLOL (Campeonato Brasileiro de League of Legends) superou a LCS, a liga americana do game, em números de audiência nas transmissões online. Os dados são do relatório divulgado pelo Esports Charts. Só no TikTok, o engajamento foi de 3.6 milhões de fãs no último bimestre.

Profissionalismo que, claro, passo por mentes estratégicas que sabem bem para onde levar este universo lucrativo aqui no País. A coluna Além do Gameplay conversou com Diego Martinez, General Manager da Riot Games Brasil, e Carlos Antunes, Head de League of Legends Esports para as Américas. Eles abordaram um pouco mais sobre os objetivos da empresa no País e, claro, como continuar potencializando esse crescimento em território nacional.

“Não somos uma empresa que quer produzir uma variedade de coisas difusas, mas sim aquilo que seja assertivo, de alta qualidade e que gere boas narrativas ao longo do tempo, não algo pontual”. A frase marcante é de Martinez e a entrevista completa com os dois executivos você confere abaixo.

Como a Riot enxerga hoje o mercado brasileiro de games – pensando no tamanho da base de LoL que temos hoje no País? 

Diego Martinez – O mercado brasileiro de games é uma arena repleta de energia e vitalidade, onde a conexão entre pessoas, criatividade e competitividade têm se mostrado como características cada vez mais associadas aos jogos, do seu desenvolvimento à experiência que entregam. Da mesma forma, a paixão dos jogadores brasileiros é algo único, como pouco se vê em outros mercados globais e se reflete em diversos aspectos, desde o entusiasmo nas competições, à busca constante por aprimoramento e no alto envolvimento com conteúdos conectados aos jogos.

E vemos essa paixão e conexão com os jogos algo fundamental para o crescimento da indústria num país com mais de 75% da população reconhecendo-se como consumidora de jogos eletrônicos, em que o engajamento dos seus jogadores cria um ciclo de feedback constante que muito utilizamos para o desenvolvimento de experiências cada vez mais envolventes e desafiadoras.

Experiências que se convertem em oportunidades além do jogos, estendendo-se à patrocínios e colaborações estratégicas com marcas diversas.

O Brasil movimenta mais de R$ 12 bilhões em receitas ao ano, sendo líder na América Latina e as parcerias com marcas, endêmicas ou não, incrementam esses números. Estamos atentos às oportunidades de negócios e olhamos o mercado local na busca por inovação em nossa entrega, usufruindo da riqueza cultural e artística que o nosso país dispõe para entregar o melhor para a comunidade local e parceiros de negócios.

Quais as expectativas da empresa para um crescimento e posicionamento no Brasil – tanto com o LoL como com outras estratégias? Pode falar um pouco sobre esse planejamento para os próximos anos? 

Diego Martinez – A Riot Games se propõe a ser a empresa mais focada no jogador e assim, publicar jogos e experiências que ressoam como locais, únicas ao público brasileiro, continuará sendo nossa tônica principal e que definirá a nossa sustentação, além da evolução natural do nosso portfólio em Jogos, Esports e Entretenimento.

Independente do que publiquemos, também olhamos para as diferentes formas e nichos em que a comunidade se encontra, seja jogando em campeonatos universitários, acompanhando um campeonato profissional ou não-profissional, ou mesmo assistindo ou produzindo o seu próprio conteúdo em diferentes canais e estaremos lá entregando estórias, competitivos e experiências contadas por nós ou pelos parceiros. Experiência é um termo amplo e eu gosto de pensar que ele tem que ser mesmo, porque nos permite abertura em pensarmos em qualquer coisa, desde que seja relevante para o público que servimos e que vamos servir. Aqui, podemos falar em collabs, licenciamentos, produção audiovisual… não há limites e traremos um pouco (ou muito) de cada uma delas.

Qual tem sido o principal desafio da Riot Games para manter e criar novos negócios envolvendo o LoL e assim manter a empresa em crescimento constante no País e na América Latina? 

Diego Martinez – Penso que temos alguns bons desafios e eles giram em torno de definir e produzir o conteúdo ou experiência no formato que melhor traduz a expectativa do nosso público de forma que lhe soe autêntico, enquanto lhe surpreende. Não somos uma empresa que quer produzir uma variedade de coisas difusas, mas sim aquilo que seja assertivo, de alta qualidade e que gere boas narrativas ao longo do tempo, não algo pontual.

O contrário não é errado ou ruim, mas não é o que buscamos porque também sabemos que não é o que o nosso público espera. Acho que aqui, no que cabe o desenvolvimento de novos negócios, temos um desafio interessante de traduzir essas expectativas do jogador aos nossos parceiros, enquanto devemos ouvi-los atentamente, buscando coesão no encontro de marcas que se associam ao nosso ecossistema. Eventualmente, elas estão comunicando-se com um público novo a elas e então, nossa responsabilidade aumenta em lhes ajudar a ter uma leitura clara ao mesmo tempo que as convidamos para pensar fora da caixa e trazer coisas que nunca foram feitas para o público brasileiro.

Assim fizemos através de colaborações na música, em eventos culturais, no desenvolvimento de produtos de consumo, sem mencionar em tantas experiências que agregam aos cenários competitivos através dos patrocínios. Esse é o desafio que gostamos e temos muito prazer em abraçar.

Pensando no Esports e a força do LoL no país com os torneios, streamers, eventos, como fazer para engajar ainda mais os jogadores e a comunidade para o game nos próximos anos?

Carlos Antunes – Nossa estratégia para manter a relevância dos Esports passa por constantemente inovar na forma de levar os Esports à comunidade – novos formatos e plataformas de conteúdo (como o TikTok, no qual investimos fortemente em 2023 e chegamos a engajar com 3.6 milhões de fãs nos últimos 2 meses), parcerias com influenciadores e streamers na produção de conteúdos, participação de programas, e mais.

Também focamos em conteúdos e serviços para novos fãs, para que possam iniciar sua experiência e conexão com os Esports e aprender os princípios do jogo (não só aprender a jogar o League of Legends, como também acompanhar as transmissões). Fazer o onboarding de novos fãs é fundamental para suportar o crescimento da comunidade.

Além disso, este ano iniciamos um projeto de licenciamento de eventos para parceiros regionais, o CBLOL Fest, onde criamos espaços para a comunidade se reunir e assistir ao CBLOL em pequenas e médias fan-fests, o que estimula comunidades regionais e também gera novas oportunidades de receita para parceiros que empreendem em espaços gamer (chegamos a realizar mais de 40 eventos em 2023, recebendo mais de 10.000 pessoas).

Para o futuro, pensamos em inovar ainda mais na experiência de assistir ao CBLOL, com novidades de interatividade e mais conteúdos nas transmissões e até mesmo eventos virtuais para quem estiver acompanhando nossos principais campeonatos de suas casas. Expandir nossas experiências presenciais a partir de parcerias regionais, e evoluir na experiência de assistir nossos torneios com inovação digital: essas são nossas principais apostas para continuar satisfazendo nossos fãs.

Qual será o foco dos trabalhos para este novo momento com a chegada do Carlos Antunes como head para as Américas?

 Carlos Antunes – Como Head de League of Legends Esports para as Américas, meu trabalho será suportar a criação de estratégias locais para manter o crescimento do esporte nas três regiões que compõem o território (América do Norte, América Latina e Brasil), com base na visão global para o esporte e nas características individuais de cada comunidade e mercado.

Maximizar o engajamento com as ligas locais e torneios globais, criar mecanismos de acesso para jogadores ao cenário profissional e criar produtos que garantam a sustentabilidade da Riot e dos times participantes – esta é em linhas gerais a nossa estratégia de mercado. Com o apoio de times regionais com algum conhecimento de seus mercados, minha função é liderar as equipes locais, assim como representar e trazer os conhecimentos dos mercados das Américas para a definição de estratégias globais para o esporte.

Também estará no meu escopo liderar a definição de estratégias e projetos de incentivo e aceleração do desenvolvimento de novos talentos (o chamado “tier 2”, ou “ligas de desenvolvimento”), buscando sinergias entre as regiões para acelerar a formação de novos talentos e renovar o potencial competitivo das Américas.

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A coluna Além do Gameplay é escrita pelo jornalista Victor Lopes e traz abordagem B2B sobre o mercado dos games, com entrevistas, análises de pesquisas, aquisições, e novidades sobre investimentos que estão acontecendo no Brasil e no mundo. A ideia é mostrar como ano após ano os jogos eletrônicos ganham cada vez mais espaço em diferentes empresas, e não apenas nas especializadas do setor. Pautas para [email protected].

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