Avanços e desafios marcam a presença feminina no setor financeiro
Pesquisa recente apontou que apenas 33% dos cargos de alta liderança em fintechs e bancos no Brasil são ocupados por mulheres
Por Claudia Amira*
No mês em que se debate mais ativamente a equidade de gênero e a participação de meninas e mulheres em todos os âmbitos da sociedade, uma série de pesquisas relacionadas ao Dia Internacional da Mulher destacam os avanços conquistados e também alertam para os desafios que persistem nas mais diversas áreas. Especificamente sobre a presença feminina no mercado de trabalho, são inegáveis as conquistas.
De acordo com o Panorama Mulheres 2023, elaborado pelo Talenses Group em conjunto com o Insper e divulgado pela HSM Management, de 2017 a 2023, houve aumento gradativo no número de executivas líderes em vice-presidências, diretorias e conselhos – segundo o levantamento, 26% das diretorias executivas eram femininas, e o índice atingia 34% nas vice-presidências.
Há 30 anos no setor financeiro, posso afirmar que vivenciei dia a dia a expansão da presença e da liderança feminina no mundo corporativo. Cenário bem diferente daquele que encontrei ao iniciar minha jornada profissional, no campo da Tecnologia da Informação, quando essa área ainda era normalmente associada aos homens.
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Com o passar dos anos, com o maior acesso de meninas à educação, o que permitiu o aumento do interesse por carreiras ligadas à ciência, tecnologia, engenharia e matemática, e posterior ampliação da participação feminina no ensino superior, o cenário começou a se transformar. Hoje, são muitas as mulheres por trás das soluções mais disruptivas e inovadoras que temos visto no setor de crédito digital, por exemplo. Mas a realidade ainda é distante do ideal. Pesquisa divulgada em fevereiro pelo Fesa Group destacou que apenas 33% dos cargos de alta liderança em bancos e fintechs no Brasil são ocupados por executivas.
E mais: estudos recentes conduzidos pela PwC demonstram que os obstáculos globais em todas as áreas ainda são consideráveis e tendem a ter uma lenta solução. Enquanto o Women in Work Index 2024 revelou que a diferença salarial média entre homens e mulheres nos países da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) aumentou de 13,2% em 2021 para 13,5% em 2022, o que significa que, no ritmo atual, seria necessário mais de meio século para reduzir esse desequilíbrio, a pesquisa Inclusion Matters reforçou como a remuneração é uma questão importante: apenas 39% das mulheres se sentem financeiramente recompensadas de forma justa no trabalho.
Maior parte da população – segundo o IBGE, somos 51,5% dos brasileiros -, as mulheres seguem avançando, é verdade que em alguns momentos em passos largos e, em outros, mais lentamente, mas é fato que, a despeito dos desafios, o aumento da participação feminina em todos os setores da sociedade, não só o financeiro, é um movimento contínuo e com potencial para se acelerar a depender dos investimentos, sejam eles de governos, iniciativa privada ou sociedade civil, voltados principalmente à educação e à capacitação, o que tende a pavimentar de forma segura um caminho para a equidade de gênero.
*Claudia Amira é diretora-executiva da Associação Brasileira de Crédito Digital (ABCD)
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