Mudança organizacional para inovação: como iniciar na sua empresa?

Empresas ganham destaque pela capacidade de inovar e gerenciar as mudanças de forma que reflitam nos resultados conquistados ao longo do tempo.

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10:27 am - 11 de setembro de 2019

O que uma fábrica brasileira de aviões tem em comum com uma empresa que produz perfumes e cosméticos? O que a maior indústria de geladeiras e filtros de água do mundo tem a ver com um hospital paulista? Você deve estar pensando em resultados como aumento no número de vendas, fidelização de clientes ou ainda em expansão no número de unidades, não é mesmo?

Mas essas empresas ganham destaque pela capacidade de inovar e gerenciar as mudanças de forma que reflitam diretamente nos resultados conquistados ao longo do ano. E o reconhecimento deste trabalho veio em forma de prêmio para a Embraer, Natura, Whirlpool e Hospital Albert Einsten, que acabaram de encabeçar a lista da 5ª Edição do Anuário Valor Inovação Brasil promovido pelo jornal Valor Econômico e pela Strategy&, consultoria estratégica do network PwC.

Os critérios avaliados para compor o ranking das 150 empresas brasileiras mais inovadoras são: intenção de inovar, esforço para realizar a inovação, resultados obtidos, avaliação do mercado e geração do conhecimento. Eu ainda acrescentaria um fator muito importante para que a inovação ocorra nas empresas: a mudança organizacional para inovação.

A Whirlpool Brasil está no top 5 do prêmio Valor Inovação desde que foi criado em 2015 e também já esteve na lista do Best Innovator por vários anos. No entanto, a grande verdade é que ela começou há cerca de 20 anos uma transformação para que fosse conhecida como uma das empresas mais inovadoras do mundo. Esse resultado foi alcançado graças ao tripé estratégia, cultura de inovação e uma capacitada da equipe de engenharia e designers que conseguem tirar as ideias do papel.

O processo de inovação para que um eletrodoméstico fique pronto é quase industrial: a ideia chega, é avaliada, se aprovada recebe financiamento e vai para produção. Mas isso nem sempre foi assim, a empresa criou uma série de ferramentas para que os colaboradores pudessem compartilhar suas ideias e desenvolver essa cultura de inovação. Além disso, a Whirlpool fez parcerias com universidades, promoveu workshops de inovação e até criou uma premiação de design e engenharia para professores e estudantes. A premissa é que nenhuma ideia fosse descartada, mas de tempos em tempos eles se reuniam para analisar se havia algo bom o suficiente para se transformar em um novo eletrodoméstico.

Um exemplo deste processo inovador é o produto My Mood, que além de refrigerar o cômodo também contava com luzes nas quais os usuários poderiam inserir sachês para perfumar o ambiente. O projeto chegou na produção como um apanhado de ideias de várias pessoas. Mas é importante ressaltar que o eletrodoméstico só chega nas lojas quando os diretores acreditam que o mercado está pronto para recebê-lo.

Os funcionários sempre compartilharam boas ideias? Não! Tanto estímulo para inovar também gerou algumas ideias sem pé nem cabeça, mas o objetivo da direção era de não apenas exercitar a criatividade, mas estabelecê-la como cultura da empresa. O lema era “Qualquer um em qualquer lugar”. Pela quantidade de prêmios que a empresa ganhou ao longo dos anos, podemos dizer que a mudança organizacional para inovação deu certo.

Não existe receita de bolo para implantar uma cultura organizacional para inovação. No entanto, a simplicidade da transformação depende do quão flexível é a cultura da sua empresa hoje. Organizações tradicionais, com processos engessados e com muita hierarquia a ser quebrada têm mais dificuldade de aumentar a capacidade de inovar.

Neste caso, deve haver um trabalho anterior com a gestão para mudar o mindset conservador para um mindset de crescimento. É necessário que esses profissionais estejam dispostos a descentralizar decisões, formar e dar autonomia aos líderes, tornar a comunicação eficaz e transparente, além fazer avaliações contínuas do que deu e o que não deu certo nos projetos inovadores.

Em resumo, a inovação vem de cima. A empresa pode contar com profissionais criativos, mas eles precisam se sentir confortáveis em dividir suas ideias e, quando fizerem isso, também devem ter a certeza de que serão escutados. Em outras palavras, trata-se de construir um espaço colaborativo onde cada funcionário possa sugerir mudanças em produtos, projetos e processos que gerem resultados para a empresa.

Não precisa inventar a roda. Iniciar a cultura da inovação dentro de uma organização pode começar com post its em quadros, cartões do Trello, um pote de ideias ou até mesmo um canal do Slack. Ninguém é criativo sozinho e inovação não se faz sem testes e prototipagem. Esteja preparado para promover este ambiente e iniciar a escalada do negócio.

*Por Maria Augusta Orofino, empresária, palestrante, consultora organizacional e facilitadora de workshops e treinamentos empresariais em todo o Brasil e no exterior, nas áreas de inovação, modelos de negócios, design thinking, transformações digitais e organizações exponenciais.

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