Equipes virtuais: a nova dinâmica de trabalho na indústria 4.0

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10:45 am - 17 de dezembro de 2018

Um número crescente de pessoas trabalha em contextos virtuais, em que indivíduos geograficamente dispersos se comunicam e colaboram entre si por meios eletrônicos. Em equipes virtuais, os profissionais trabalham em coordenação, apesar de estarem geograficamente, organizacionalmente e culturalmente dispersos.

As equipes virtuais permitem aumentar a flexibilidade de uma organização, mas é preciso atenção na estruturação e gestão de tais equipes, pois sua natureza (a dispersão citada acima) traz mais complexidade ao desafio de colaboração do grupo

Uma maneira de abordar esse desafio é estudar o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes que os indivíduos necessitam para que o estabelecimento de um processo de comunicação por meios eletrônicos que seja eficaz. Wang e Haggerty (2009) chamam esse conjunto de competências individuais de Competência Virtual Individual (CVI). Segundo esses autores, o CVI possui três dimensões: auto eficácia virtual, habilidades de mídia e habilidade social virtual.

A primeira dimensão, auto eficácia virtual, refere-se às crenças dos indivíduos sobre suas habilidades em termos de ambientes virtuais, o uso de ferramentas de TI e a execução de tarefas colaborativas. Indivíduos com maior auto eficácia virtual tendem a buscar múltiplos mecanismos para superar quaisquer dificuldades e persistir por meio de várias tentativas até o estabelecimento de uma comunicação eficaz. Além disso, a auto eficácia virtual permite o indivíduo mobilizar esforços para lidar com o desenvolvimento do trabalho sem contato face a face com outras partes.

A segunda dimensão do CVI é a proficiência da mídia virtual. Essa capacidade é definida como a capacidade do indivíduo de usar e explorar as tecnologias de comunicação e informação, aproveitando todo o seu potencial para facilitar a comunicação. As habilidades de mídia virtual vão além do mero conhecimento e uso de mídia eletrônica e estão relacionadas à compreensão de seu potencial para facilitar atividades colaborativas em ambientes virtuais. Essa capacidade é fundamental para complementar as limitações advindas da ausência do contato face a face. Talvez para a geração Y (Millennials) o uso das tecnologias digitais para discutir ideias, compartilhar conhecimento, orientar colegas, criar e distribuir conteúdo, seja uma tarefa natural. Mas para os mais velhos, ou para os que são jovens há mais tempo, esta não é uma tarefa tão natural (confira o vídeo)

A última dimensão do CVI é a habilidade social virtual, que é definida como a capacidade do indivíduo em construir relacionamentos com outros indivíduos em contextos virtuais. Dadas as limitações tecnológicas da mídia virtual nas interações sociais, a habilidade social virtual é um elemento importante para aumentar a coesão e o entendimento comum entre indivíduos. No Brasil, não é raro perguntar a um colega sobre sua família. Especialmente quando você sabe que ele tem família (esposa e filhos) e você não o encontra há algum tempo “Tudo bem em casa? Como vai a patroa? E os filhos? Eles crescem rápido, né? Lulu já deve estar moça!” O que em certos contextos culturais pode ser entendido como uma recepção calorosa, em outros, vira invasão ofensiva. Também a inclusão ou omissão de uma pessoa em cópia de um e-mail pode ter um impacto surpreendentemente indesejado.

Penso que até que você ou o seu grupo atinjam um alto nível de competência virtual, duas coisas podem ajudar muito: tolerância e generosidade. Lembre-se que pessoas de diferentes culturas (nacionais e organizacionais) têm percepções distintas sobre quais comportamentos e atitudes são adequadas em uma situação particular. Relevar mal-entendidos é bom, mas explicá-lo para o colega desavisado é ainda melhor.

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