Educação digital: impactos do 5G no Brasil

Como a tecnologia 5G já está transformando o ensino e preparando nossas escolas para uma nova era de aprendizagem conectada?

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10:00 am - 01 de agosto de 2024
Imagem: Shutterstock

Desde a pandemia da Covid-19, os formatos de ensino híbridos, com diversas tecnologias digitais nos apoiando, têm ganhado força. No entanto, dificuldades de infraestrutura, conexão, acessibilidade e questões sociais vieram à tona em paralelo. Em 2022, no período pós-pandemia, o 5G foi implementado no Brasil, inclusive como uma promessa de revolução para o setor educacional. Porém, quais são os benefícios tangíveis que essa tecnologia pode trazer para a educação? Quais são os novos desafios a serem enfrentados? Como o 5G está sendo utilizado no setor educacional dois anos após sua chegada em solo brasileiro?

De acordo com um estudo realizado pela Pearson em 2021, 59% da Geração Z acreditava que o 5G transformará a forma como os alunos aprendem no futuro, em comparação com 66% da Geração Y. A tecnologia, que oferece maior velocidade, menor latência e maior capacidade de conexão é, segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), ideal para aplicações como realidade virtual, Internet das Coisas (IoT) e comunicações críticas. Mas como isso está sendo implementado nas escolas que, muitas vezes, não possuem a infraestrutura adequada para fornecer uma conexão de qualidade aos alunos?

No Brasil, um dos principais desafios para a educação é o acesso à internet. O Governo Federal planeja utilizar a tecnologia em questão para fornecer maior acessibilidade, otimizando as aulas híbridas. Em fevereiro de 2024, duas novas fases dos projetos de educação conectada, utilizando recursos do leilão do 5G de 2021, foram aprovados pela Anatel. A ideia é destinar R$ 654 milhões para conectar mais de 5 mil escolas públicas, principalmente nas regiões Norte e Nordeste, em até dois anos. Já na região Sul, em Curitiba, a primeira rede privada 5G em uma instituição de ensino superior brasileira foi lançada no Centro Universitário Santa Cruz (UniSantaCruz). A promessa é atender mais de 18 mil alunos, por meio de duas antenas 5G, que distribuirão sinal para todas as salas.

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O 5G abre caminho para salas de aula mais inteligentes e remotas, baseadas em plataformas de aprendizagem de realidade mista, com tutores virtuais e cenas que saem dos livros para se tornarem realidade. Um estudo divulgado pela Ericsson em maio deste ano relata que os consumidores têm interesse crescente na realidade aumentada e que o uso desses dispositivos, principalmente se conectados a smartphones 5G, deve dobrar nos próximos cinco anos. Desafios tecnológicos, sociais, de design e privacidade ainda impedem a adoção em massa. No entanto, o estudo enfatiza que uma conectividade 5G mais robusta será essencial para o uso generalizado da AR (sigla em inglês para Realidade Aumentada), especialmente em locais com tráfego de dados elevado.

Para a adoção de novas formas de aprender e ensinar, é essencial que competências digitais sejam incorporadas ao currículo de professores, diretores e gestores escolares. Destaco o projeto “Aluno Sempre Conectado” (ASCON), lançado em Goiânia, que fornece aos professores cursos sobre segurança cibernética, metaverso, inteligência artificial e conceitos básicos de programação. Ele beneficia, atualmente, cerca de 120 alunos de quatro escolas municipais de ensino médio com chromebooks e acesso contínuo à internet, a fim de transformar salas de aula em ambientes conectados e interativos, com laboratórios móveis e óculos de realidade virtual (VR) – mas, que ainda não contam com a tecnologia de quinta geração.

Ainda assim, o uso do 5G na educação brasileira está avançando. Notícias desse mesmo ano relatam que o governo brasileiro amplia seus esforços para conectar mais escolas com os recursos do leilão 5G – seja por meio de fibra, satélite ou rádio, além de melhorar os acessos já existentes. A estratégia nacional visa coordenar políticas para universalizar a conectividade nas escolas públicas de educação básica até 2025. No DF, o projeto piloto 5G FWA, em escolas públicas, avalia a viabilidade da versão fixa do 5G. Ela usa um roteador para distribuir sinal de internet via Wi-Fi, mais econômico e fácil de instalar. A estimativa é que cerca de 40 mil escolas precisem de conexão – com 28 mil recebendo-a via fibra e 11 mil via satélite. A tecnologia FWA que está sendo testada no DF pode ser adotada junto à fibra e ao satélite para conectar mais de 138 mil escolas públicas no Brasil até 2026.

Em junho, o Ericsson Mobility Report relatou que a rede 5G deverá representar cerca de 60% de todas as assinaturas móveis até o final de 2029. Então, como podemos preparar nossas escolas, professores e alunos para essa nova era digital, composta por uma educação mais conectada?

Para alcançarmos uma educação menos desigual na era digital, é fundamental que a expansão de infraestruturas – como o 5G – integrem-se a medidas que abordam as disparidades regionais e socioeconômicas, incluindo a capacitação contínua de educadores, o desenvolvimento de currículos adaptados às novas ferramentas e a promoção de políticas que garantam acesso igualitário. Devemos, ainda, monitorar constantemente os impactos de tecnologias emergentes, ajustando estratégias conforme necessário e assegurando que todos os alunos, independentemente de sua localização ou contexto socioeconômico, possam beneficiar-se das oportunidades que a conectividade digital oferece. Dessa forma, a educação digital se tornará uma ferramenta eficaz na promoção da equidade em nosso país.

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