Porque a falta de diversidade ainda é um problema nas startups

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4:30 pm - 12 de janeiro de 2018

O ciclo de vida básico de uma startup é criar, medir e aprender (build, measure, learn) e seguir assim continuamente. Com ecossistemas esse modelo não é diferente. Desde 2001 o ecossistema de startups vem crescendo e se modificando e agora chegou a hora de começar a entender melhor esse movimento, estudar e fazer algo ainda melhor.

Nesse ímpeto surgiu a radiografia do ecossistema brasileiro de startups que começou a mostrar alguns resultados preliminares.

Entre os insights da radiografia, um mostrou que 40% das startups ainda são formadas exclusivamente por homens. Apesar de ser um dado novo, essa não é nenhuma novidade para quem trabalha no setor de tecnologia. O mercado é predominantemente masculino e com um olhar conseguimos constatar isso.

Afinal, por que isso é um problema? A pressão social em cima de empresas menos diversas cresceu muito nos últimos anos por razões políticas e sociais. Mas existem outras duas questões importantes que CEOs deveriam ficar de olho na hora de diversificar a equipe: performance e potencial inexplorado.

Performance e diversidade no trabalho

A McKinsey comparou a performance financeira de empresas mais e menos diversas. O resultado? As com mais diversidade tem uma performance 35% superior às demais. Esse não é um número pequeno. Apesar das pesquisas sobre o impacto financeiro e a diversidade ainda estarem engatinhando, existem mais fatores que tornam a diversidade interessante.

O professor Aaron A. Dhir da Universidade de York fez uma longa pesquisa para seu livro estudando conselhos de empresas e chegou a conclusão que a diversidade:• Melhorou o diálogo

• Melhorou o processo de tomada de decisão, incluindo vozes divergentes

• Tornou a mitigação de riscos mais eficiente, assim como o gerenciamento de crises

• Trouxe mudanças positivas para o ambiente e a cultura

É fato que pessoas com backgrounds diferentes trazem novas perspectivas. Preveem outras necessidades e aumentam a capacidade de empatizar com diversos públicos. Pense em alguns dos grandes fiascos da publicidade como a campanha da skol “deixei o não em casa” ou a mais recente campanha do Dove que gerou polêmica em todo do mundo.

A primeira coisa que pensamos ao ver essas campanhas é: como ninguém percebeu isso? A ausência de olhares e vozes dissonantes dentro das empresas dá margem a esse tipo de risco.

Acrescentar novos olhares também é uma das premissas da inovação. Afinal, enxergar um problema por um novo ângulo faz parte do DNA do empreendedor. Joy Mangano construiu um império criando produtos que resolviam os problemas que ela enfrentava como dona de casa na década de 90. Aos 59 anos suas empresas estão avaliadas em 2,7 mil milhões de euros.

Existem exemplos brasileiros como a empreendedora Tânia Gomes da 33/34 um e-commerce dedicado a venda de sapatos com baixas numerações para mulheres e conquistou um mercado de 5 milhões de consumidoras.

Essas novas perspectivas podem ser usadas com profissionais intraempreendedores e melhorar o rendimento da sua empresa explorando novas oportunidades de mercado.

Potencial inexplorado

Hoje, as mulheres representam 51,6% da população brasileira. Também são maioria nas escolas, universidades, cursos de qualificação.

Quando desconsideramos startups e falamos de empreendedorismo no geral o número se equilibra: 51,2% dos empreendedores que iniciam negócios são mulheres. O Brasil tem 7,9 milhões de empresárias!

Imagine como nosso ecossistema de startups cresceria se metade dessas mulheres estivessem trabalhando com tecnologia e inovação. Temos muito potencial inexplorado e a pesquisa veio para reconhecer isso.

Uma recente pesquisa do Itaú traçando o perfil das empreendedoras brasileiras estimou que o PIB mundial pode aumentar US$12 trilhões até 2020 se houver igualdade de gênero e R$850,00 milhões só no Brasil.

Por isso, estimular cada vez mais a participação das mulheres no empreendedorismo é importante. É uma relação win-win, as empresas ganham e o mercado também.

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