Por que estamos no momento ideal para a inovação

Empresas reveem seus gastos com a incerteza econômica. Mas aqueles que investirem em tecnologia e inovação hoje, serão os líderes no pós-pandemia

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4:12 pm - 08 de julho de 2020

A pandemia do novo coronavírus e a incerteza econômica fazem com que muitas empresas revejam seus gastos em busca do que pode ser cortado. Projetos de inovação e investimento em tecnologia, infelizmente, são vistos por algumas delas como investimentos supérfluos no momento. Essa ideia, porém, traz um risco para o futuro: são exatamente as empresas que não suspenderem seus investimentos em inovação que estarão preparadas para a retomada econômica e para entender os novos hábitos de consumo pós-pandemia.

Está dividida em quatro fases, a pandemia da Covid-19. A primeira é a de “reagir e responder”, com o fechamento de negócios e a implementação do home office. Com os ajustes realizados, chega o momento de analisar a “nova realidade” e replanejar os objetivos. A terceira fase descrita vem com a retomada da normalidade econômica, com o relaxamento das políticas de isolamento social. É neste período que estamos adentrando. Por último, há o momento de aceleração, com negócios se recuperando, voltando ou até mesmo ultrapassando os patamares anteriores à crise. Essas fases são previstas pela consultoria Gartner.

A continuidade dos investimentos em inovação, digitalização e tecnologia pode garantir um lugar ao sol para as empresas na retomada econômica. Os benefícios são muitos—e especialmente importantes em um momento como este. Algumas tecnologias, como inteligência artificial e machine learning, serão de extrema importância no mundo pós-coronavírus. Essas tecnologias vão ajudar a trazer agilidade na tomada de decisões críticas por parte das organizações ao fornecer insights por meio de dados. Em casos extremos, decisões rápidas poderão ser tomadas até mesmo por máquinas, graças à diminuição do tempo disponível para consulta e deliberação.

Voltando ao “normal”, alguns aspectos serão especialmente desejados pelas organizações: otimização de custo e geração de valor ou receita em curto prazo são alguns deles. São exatamente os benefícios trazidos pela transformação digital—um termo que deve se mostrar ainda mais urgente durante e após o atual cenário.

Historicamente, momentos de grande incerteza trouxeram mudanças consideráveis em hábitos de consumo ou aceleraram mudanças em curso. Um exemplo recente foi a pandemia do vírus SARS, em 2003, na China. Em última análise, o gigante chinês Alibaba aproveitou uma boa oportunidade na época. A empresa se preparava para lançar seu portal de comércio eletrônico, o Taobao, e Jack Ma, cofundador e presidente da companhia, manteve o cronograma de planejamento para o novo produto, que foi um sucesso em meio à pandemia do vírus SARS. Hoje, o Taobao é o maior portal de comércio eletrônico da China e o Alibaba, uma das maiores empresas de tecnologia do mundo. Com a pandemia da Covid-19, novos Alibabas surgirão, produto de mudanças de hábito causadas.

Primeiro país a sofrer com a epidemia da Covid-19, a China já está em estágio avançado no cronograma de retomada, mesmo com uma aparente segunda onda de contágio. Por isso, algumas lições chegam de lá. Ser digital não é mais uma opção, mas questão de sobrevivência. Em um artigo que explora o cenário chinês, um analista do Gartner, assim como descrevo aqui, vê a necessidade de uma estratégia digital. A informação é de que, no longo prazo, negócios aumentarão seu foco em canais digitais para que possam engajar consumidores ao longo de mais canais e pontos de contato. O texto afirma que as empresas não apenas se adaptem às mudanças de preferência dos consumidores para compras online, mas também desenvolvam maior resiliência em relação a flutuações de mercado e eventos disruptivos como este.

Estar preparado para esse futuro, portanto, será essencial para os mais diversos negócios. A retomada da crise será uma oportunidade de ouro para as empresas. Quem estiver pronto, também estará apto a conquistar market share em seus setores, novos clientes ou novas fontes de receita, com um salto sobre a concorrência que não seria possível em outras circunstâncias. A brasileira Centauro, por exemplo, realizou recentemente um follow on de suas ações levantando R$ 900 milhões para fortalecer a estratégia de aquisições e inovação no pós-crise.

Por outro lado, companhias e setores que suspenderem seus investimentos em inovação e digitalização (considerando 2020 uma espécie de ano perdido) devem sofrer para obter bons resultados e se adaptar às mudanças de comportamento dos consumidores. Vale lembrar que o que diferencia empresas nessa corrida não são fatores como número de funcionários ou faturamento, mas sim as posturas que adotam em um tempo de incertezas. Não existe setor da economia ou tamanho de negócio que possa dizer “eu não tenho necessidade de investir no digital”. Quem pensar assim não terá futuro.

O momento também é importante para uma reflexão sobre como fazer o novo acontecer. Tradicionalmente, o caminho tem sido um: realizar investimentos em prol da inovação. É preciso empatia com os tomadores de decisão. As soluções criativas aparecem na forma de compartilhamento de riscos e investimentos entre quem busca soluções e as empresas de tecnologia que oferecem ferramentas e métodos de trabalho que contribuem com a inovação.

*Wander Cunha é Diretor Executivo e Head de Digital Business na TIVIT

 

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