Passo 1 de 5: Elevação da consciência executiva
Entenda quais são os cinco passos para um mindset humanizado
Os quatro pilares deste ponto são:
O efeito Thermomix, Coragem, Humildade intelectual e Responsabilidade ética.
Você já comprou alguma coisa muito cara e depois não gostou do resultado?
Ou brigou tanto, lutou muito por algo e após consegui-lo, viu que não era tudo aquilo que esperava?
Mas como o investimento de tempo, esforço e dinheiro foi tão alto teve vergonha de reconhecer.
Conheço muita gente que comprou uma Thermo Mix, e quando questionados se vale a pena, a pessoa responde rapidamente:
Sem dúvida! Ela é maravilhosa.
E realmente é, mas se você só usa para fazer a papinha do filho, seria a papinha mais cara do planeta.
Muitas empresas têm investido muito dinheiro na digitalização de processos e o resultado não tem sido satisfatório.
O processo, na maioria das vezes, melhora, mas a empresa não.
E o quanto antes reconheçam isso, será melhor para seu negócio, antes que seja tarde demais.
Fingir que as coisas vão bem não ajuda a mudá-las.
Para reconhecer isso, é preciso do segundo pilar: A coragem.
Para reconhecer que o jogo da gestão atual é nocivo, é preciso coragem.
Coragem para mudar e para assumir que não sabe tudo e é importante ouvir e ver outras abordagens.
Mudar de direção, de opinião e de crença é uma das atitudes mais inteligentes que um ser humano pode ter.
E reconhecer que os modelos de gestão baseados somente no lucro estão esgotados se faz urgente e necessário.
A humildade intelectual é uma qualidade fundamental para uma liderança humanizada.
Mas não basta ouvir, é importante ouvir também o que está fora do mainstream. Se todos bebem da mesma fonte, padroniza-se o pensamento…
Às vezes não é necessário ir ao Vale do Silício ou a Harvard para ouvir coisas com gente ao seu lado dizendo.
Não sou ligado em complôs ou teorias da conspiração, porém, sempre me pergunto quando tem uma nova onda empurrando o mercado a uma direção única, gosto de me perguntar a quem isso beneficia. E se a resposta não é a todos, não me serve.
Ah! Importante, não vale forçar a resposta. Por exemplo:
Jack Welch, durante anos, tinha uma fórmula que era, todo ano, mandar 10% dos colaboradores embora, mesmo que sem motivos nem necessidade, só para que os 90% restantes “ficassem espertos” e aumentassem seus resultados.
Esta medida é boa para:
- O executivo porque reduz custo e aumenta a produtividade;
- O acionista porque aumenta a rentabilidade.
A partir daí, forjam-se motivos para tranquilizar a consciência, se é que ela foi abalada em algum momento.
Essa medida também é boa para o mercado porque aumenta a competitividade das empresas.
Para o profissional ensina que é preciso fazer o que for necessário para estar na lista dos 90% e não dos 10% (esse raciocínio é perigoso).
Mostra também que o mundo corporativo é duro, cruel e que um profissional deve estar preparado para arbitrariedades porque “isso é assim”.
E muitas mais estupidezes.
Com este exemplo, não quero dizer que não possamos ou devamos otimizar as empresas. A busca da eficiência é uma obrigação da gestão. O que eu me refiro é que fazer isso por sistema, mesmo que não seja necessário, desvirtua o conceito de gestão.
E isso tem sido feito sistematicamente nos últimos anos.
O que não é bom para todos, a médio e longo prazo, não é bom para ninguém.
A responsabilidade ética é para entender que as decisões tomadas têm um impacto muito maior que o bottom line.
A empresa alimentícia que sintetiza alimentos para economizar custos pode ser a mesma que ajuda seu ecossistema produtivo a melhorar sua gestão e aplicar tecnologia para reduzir os custos de produção, mantendo o ecossistema funcionando e saudável.
Ou a que cria comida de astronauta para parecer inovadora e disruptiva também poderia aplicar todo esse esforço de inovação e tecnologia para desenvolver a agricultura familiar, conectá-los e integrá-los aos grandes produtores, aumentar a produtividade e otimizar a logística.
O primeiro caso a empresa venderia os benefícios de ter em uma única cápsula todos os nutrientes e vitaminas que um adulto precisa e assim ele terá mais tempo para produzir ou se divertir sem se importar com a destruição da produção agrícola, as famílias que dependem disso, o prazer de uma boa gastronomia, a destruição da cultura dos povos, e assim por diante.
No segundo, caso, o modelo oferece dignidade e sustentabilidade ao ecossistema produtivo e mantêm o imenso prazer que é sentar-se à mesa com os amigos e a família para uma refeição.
Vejam que uma mesma empresa pode seguir caminhos muito diferentes.
E de que depende a tomada de decisão para qual lado seguir?
A consciência executiva.
Entender seu papel de criar riqueza sem gerar miséria no mundo, em uma sociedade ávida por empresas conscientes e humanizadas.
Marcio Bueno
Tecno-Humanista
Fundador da BE&SK e criador da Tecno-Humanização