O risco de não inovar

Perda de participação e de relevância no mercado é um dos principais malefícios de uma postura conservadora

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por IBGC
3:00 pm - 04 de novembro de 2020
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Inovação é um tema que está cada vez mais presente nas empresas, sendo pauta dos conselheiros, executivos e colaboradores. Inovar ajuda a aumentar receitas e reduzir custos, sendo questão de relevância e longevidade dos negócios. As empresas inovam pelo amor, pela dor ou por inteligência.

A COVID-19 pode não ter sido um game changer, mas certamente acelerou projetos de transformação digital em várias companhias. Na atual conjuntura, algumas empresas estão concentradas na própria sobrevivência e muitas não conseguirão se perpetuar somente a partir de seus modelos de negócios existentes em um mundo cada vez mais VUCA (Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo), onde produtos e serviços tornam-se obsoletos em uma velocidade cada vez maior.

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Clayton Christensen, professor da Harvard Business School e pai do conceito de inovação disruptiva, aponta no livro O Dilema da Inovação – Quando as Novas Tecnologias Levam Empresas ao Fracasso que as empresas são vítimas do próprio sucesso, porém, nenhuma empresa vive de sucessos passados.

A inovação ajudará na criação de novos caminhos e modelos de negócio, entretanto, inovação e risco são conceitos inseparáveis. Inovação está atrelada à incerteza, ao erro e ao risco, mas também ao potencial de oportunidades, algumas exponenciais. O risco de não inovar é mais danoso do que assumir os riscos que acompanham a inovação, mesmo que isto signifique investimentos que podem não ter o retorno esperado ao longo do ciclo de vida de um produto ou serviço. Não inovar pode significar perda de participação e de relevância no mercado, comprometendo produtividade, atratividade, levando à perda de pessoas chaves e capital intelectual, bem como à redução de margens e de lucro.

São várias as formas de abordar a inovação e a melhor escolha dependerá do seu negócio, da maturidade dos seus processos, do perfil dos times, do mindset dos executivos, conselheiros e acionistas, do apetite da empresa ao risco e principalmente, da existência de uma cultura de inovação. Fazer algo novo ou de uma maneira nova pode parecer arriscado, trabalhoso, muitas vezes incômodo e traz muitas inseguranças e incertezas, principalmente se a inovação for mais disruptiva. É fato que nenhuma empresa quer “brincar” de inovar e perder recursos, sejam eles humanos ou financeiros, mas não fazer nada poderá levá-la à falência. Mesmo com toda incerteza inerente à inovação e considerando todos os desafios que essa jornada trará, o maior risco de todos é o de não inovar. Muitas empresas perdem relevância por fazer a coisa “certa” durante tempo demais.

Crie na sua empresa um ambiente favorável, acolhedor, diverso e inclusivo, trabalhe para minimizar os riscos, incentive e promova uma cultura que tolere o erro associado à inovação, não à displicência. Só por meio da inovação contínua as empresas garantirão sua relevância e perenidade. Muitas empresas trabalham com projetos de inovação aberta, lembrando que a inovação não acontece apenas com recursos internos e é fundamental estar atento ao que acontece ‘fora dos muros’, incentivando a criação e participação dos colaboradores em comunidades dentro e fora das empresas. O conceito de ‘coopetição’ é cada vez mais aplicado, assim como a adoção de metodologias ágeis2. Muitas empresas incentivam a formação de times desafiados a disruptar o seu próprio negócio, em uma analogia aos ‘hackers’ do bem.

A questão não é mais porque ou se vamos inovar e sim quando e como iremos inovar. Afinal, queremos ser líderes ou ‘followers’, disruptar ou ser disruptados?

 

Anderson Rocha é executivo de TI e Operações, membro da Comissão de Inovação do IBGC, consultor de Tecnologia, empreendedor e mentor de Startups.”

Cátia Tokoro é conselheira independente CCI, membro de Comitê de Sustentabilidade, coordenadora do Capítulo RJ e membro da Comissão de Inovação do IBGC, líder de Conteúdos do PDeC (Programa Diversidade em Conselhos – patrocinado pelo IBGC, WCD, IFC, B3 e Spencer Stuart), advisor de Startups & Scaleups e investidora anjo.

Simone Caggiano é executiva de Inovação e Estratégia de Negócios, estudou na Singularity University, e atuou no Agronegócio, em Telecom e na indústria automotiva. É conselheira de Empresas, membro da Comissão de Inovação do IBGC e do WCD (Women Corporate Director), possui Mestrado em Ciências Animais pela ESALQ-USP.

Thais Antoniolli é executiva de Estratégia e Negócios, conselheira de Empresas, membro do Comitê de Inovação do IBGC e facilitadora da Learning Community.

 

Referências bibliográficas:

1 O Dilema da Inovação – Quando as Novas Tecnologias Levam Empresas ao Fracasso, Clayton Christensen

2 Manifesto Agil: https://www.scrum.org/resources/blog/agile-manifesto-lean-perspective?gclid=EAIaIQobChMIvJnV1I6C7AIVDoGRCh2KIAoTEAAYASAAEgJL0_D_BwE

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