Necessidade de crédito em meio à nova onda de covid-19 cria ambiente perfeito para golpes financeiros

Com o aumento de transações online, criminosos têm se aproveitado para contatar as vítimas se passando por falsas fintechs

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por ABCD
3:20 pm - 19 de março de 2021

Passado o primeiro ano da pandemia, o cenário econômico atual é bem diferente daquele de março de 2020, quando o mundo parou diante da primeira onda de infecções por covid-19. Doze meses depois, empresas e consumidores certamente já fizeram todo o possível para reduzir gastos e lançaram mão de reservas acumuladas anteriormente. Sem sinal aparente de arrefecimento próximo, a crise de saúde atravessa seu pior momento no país, com recorde de óbitos, hospitais em colapso e imunização ainda incipiente. 

Nesse cenário, com a economia acendendo a luz amarela para desemprego, falências e aumento no índice da inadimplência no decorrer dos próximos meses, não é de se espantar que o número de brasileiros que se declaram endividados tenha crescido. 

De acordo com dados divulgados recentemente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), apurados pela Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic Nacional), o percentual de famílias que relataram ter dívidas (cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro e de casa) alcançou 66,7% em fevereiro. O estudo aponta nova alta de 0,2 ponto percentual, em relação a janeiro de 2021, e de 1,6 ponto em relação a fevereiro de 2020. Com o terceiro aumento seguido, o endividamento no Brasil atingiu a maior proporção desde outubro de 2020. 

A combinação das instabilidades com uma maior necessidade de recursos para quitar as dívidas tende a ampliar a vulnerabilidade para golpes financeiros, que ganharam novo fôlego na esteira do processo de digitalização. 

Com o aumento de transações online, criminosos têm se aproveitado para contatar as vítimas se passando por fintechs de créditos falsas ou até mesmo por instituições conhecidas no mercado. Muitos dos golpes envolvem companhias fictícias que copiam a identidade visual e detalhes dos sites de empresas reais para dificultar a identificação da fraude. 

O Selo MEMBRO ASSOCIADO ABCD, que reconhece e certifica as fintechs comprometidas com o Código de Ética e Autorregulamentação da Associação Brasileira de Crédito Digital, por exemplo, tem sido usado desde o começo da pandemia como artifício para tornar as páginas falsas mais confiáveis O roteiro adotado pelos fraudadores é simples: ofertas tentadoras, como taxa de juros muito abaixo das normalmente praticadas no mercado e acesso a uma grande quantia de dinheiro, que vêm a calhar com o momento de maior necessidade. 

No entanto, para que as benesses se materializem é necessário pagar uma taxa. E aí cada golpista aposta em uma estratégia. Alguns dizem que é preciso quitar um seguro, outros afirmam ser necessário arcar com um valor destinado a uma taxa de aprovação ou até mesmo um imposto. Seja lá qual for a solicitação, a verdade é que as fintechs não cobram nada para aprovar crédito, muito menos existem encargos para aumentar a nota de crédito. A lógica é simples: não se pede dinheiro a quem precisa dele. 

Para se proteger contra golpes do tipo é importante checar se a ofertante é realmente uma empresa idônea. Vale também consultar os canais oficiais das fintechs de crédito e desconfiar sempre de ofertas e contatos não solicitados. Normalmente, as instituições sérias não costumam abordar clientes via WhatsApp, por exemplo. Neste momento, de tantos desafios, vale redobrar a atenção para evitar mais uma dor de cabeça. 

*Claudia Amira é diretora-executiva da ABCD

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