Cultura de engajamento sustenta crescimento exponencial do Mercado Livre

Companhia teve salto no número de funcionários nos últimos anos. Feedback, cocriação e empreendedorismo mantêm equipes engajadas mesmo à distância

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7:59 pm - 17 de novembro de 2020

Em dois anos, desde que assumiu a liderança de Recursos Humanos do Mercado Livre, Patrícia Monteiro Araújo, diretora de RH da gigante de e-commerce, viu o número de colaboradores saltar. Se em novembro de 2018, pouco mais de 1.500 funcionários transitavam a operação brasileira da companhia, hoje a densidade populacional do Mercado Livre pulou para cerca de 4.500 colaboradores no Brasil. Na América Latina, ao todo, são cerca de 13 mil. “Realmente, escalamos muito”, lembra Patrícia em entrevista ao IT Forum. “É a primeira vez na minha carreira que eu sou Head de Pessoas para uma empresa de crescimento exponencial”, acrescenta dando um pouco a dimensão do desafio. Com ações voltadas à cocriação entre áreas e lideranças sêniores, com incentivo do intraempreendedorismo, comunicação transparente e políticas de diversidade, o Mercado Livre conquistou neste ano o terceiro lugar na Categoria 1.000 funcionários e acima no ranking Melhores Empresas para Trabalhar em TI, realizado pelo Great Place to Work (GPTW) e divulgado pela IT Mídia. No comparativo com o ano anterior, a companhia saltou seis posições, deixando para trás o 9º lugar que ocupou em 2019.

Como empresa digital que é, não é circunstancial que a área de tecnologia assuma um grande protagonismo na operação do Mercado Livre. “Tecnologia para nós é essência do produto”, destaca Patrícia. “Nossas equipes precisam estar muito envolvidas para pensar em arquitetura, em desenvolvimento, banco de dados, na experiência do usuário e a inteligência do negócio. São eles, todos os responsáveis pela plataforma de e-commerce, de fintech. Não existe nada que a gente não faça e passe por uma discussão de produto e, consequentemente, de tecnologia”, resume a executiva.

Assim como em outras organizações, as equipes de TI do Mercado Livre foram altamente demandadas para liderarem a transição para o home office em grande escala quando a pandemia do novo coronavírus cobrou o isolamento social decretado em março deste ano. Patrícia conta que a empresa já possuía uma política que permitia aos funcionários um dia na semana para o trabalho remoto. Entretanto, em apenas uma semana, a grande maioria dos funcionários precisou fazer do trabalho de casa a regra para todos os dias.

Tecnologia e cultura de feedback

Estudo levantado pelo Great Place To Work Institute apontou que as melhores empresas para trabalhar em TI neste ano viram sua pontuação subir dois pontos percentuais em média. Um dos valores atribuídos à avaliação recebida pelos funcionários diz respeito ao item “Cuidar”. Liderar equipes descentralizadas em meio à uma pandemia sem precedentes para as gerações que ocupam hoje os postos de trabalho desafiou a cultura organizacional e as lideranças. E com o Mercado Livre não foi diferente.

“Na primeira semana de março lançamos um bot”, conta Patrícia ao lembrar de uma das estratégias conduzida pela área de TI para monitorar a saúde e bem-estar dos funcionários. “Primeiro, as pessoas respondiam algumas perguntas se declarando ou não grupo de risco, depois melhoramos esse bot, passando para perguntas e respostas. Três semanas depois, ele já era um bot para checar como as pessoas estavam dentro de casa”.

Para a executiva, um dos pontos cruciais para manter equipes engajadas durante o período de trabalho em isolamento foi a implementação de rituais de comunicação e as chamadas visitas virtuais de lideranças sêniores. “Sempre temos gente nova entrando na organização e cultura acaba sendo um dos grandes pilares da experiência do funcionário”, pontua acrescentando que a cultura de feedback também é responsável por incentivar talentos. “A gente percebeu e isso é estatístico quando vemos nossos números: o alto percentual de engajamento está altamente relacionado com quantas vezes a pessoa teve feedback e quantas vezes ela teve reconhecimento. Com People Analytics, a gente consegue perceber claramente isso”, explica.

Para manter a liderança sênior próxima do dia a dia da operação durante o período adverso da pandemia, a companhia precisou mudar os modelos de visita da liderança – passando para o virtual. “Revisitamos alguns mecanismos de proximidade com os líderes, um deles foi a visita virtual dos presidentes. A comunicação foi um dos pontos mais importantes, onde a liderança teve papel prioritário”, conta Patrícia ao dar como exemplo a apresentação de vídeos onde a alta liderança do Mercado Livre falava sobre o andamento e termômetro dos negócios, além de agradecer aos colaboradores.

#SomosLivres

A companhia também vem trabalhando o tema da diversidade. Segundo Patrícia, há quatro frentes que a área de Pessoas busca talentos para refletir a representatividade na corporação, garantido uma empresa mais diversa. Sob a hashtag “Somos Livres”, diz Patrícia, a companhia incorpora “um tema muito importante para nós na forma como lideramos. Queremos uma cultura muito inclusiva, pois entendemos que quanto mais cultivarmos, estaremos gerando inovação no dia a dia”, diz Patrícia. As quatro frentes em diversidade buscam, portanto, representativa em etnia, equidade de gênero, diversidade LGBTQ+ e PCD. De acordo com Patrícia, 39% do quadro dos funcionários são autodeclarados como pretos ou pardos e 48% da operação é composta por mulheres. “Diversidade é uma jornada”, pontua Patrícia.

Formando e retendo talentos

Em meados deste ano, o Mercado Livre anunciou a abertura de mais de 2 mil vagas de emprego só para o Brasil. Boa parte dessas vagas foi aberta para profissionais em Tecnologia. Um dos grandes desafios das empresas que possuem produtos digitais como o centro de seus negócios está na busca por talentos com habilidades digitais. Patrícia conta que uma das iniciativas que o Mercado Livre oferece para lidar com essa lacuna está na oferta de cursos. “Damos treinamentos por um ou dois meses e acabamos trazendo alguns dos profissionais para trabalhar conosco”, conta a diretora de RH. “Uma das formas que encontramos para reter talentos é treiná-los”, complementa.

Quando indago sobre o que o Mercado Livre oferece de diferencial para talentos concorridos no setor de TI, Patrícia lembra da carta de oferta que ela mesma recebeu para entrar na companhia. “Falamos sobre empreender”, resume. “Temos uma parceria muito direta e uma forma muito peculiar de co-criar todas as soluções com os líderes mais sêniores”, diz ao falar sobre o dinamismo da companhia. “Também queremos oferecer uma experiência única e as pessoas são protagonistas, junto conosco estão criando dentro do Mercado Livre”. Há também uma dose de desafio perene no horizonte. “Viver um crescimento exponencial. São poucas as empresas que têm essa capacidade”, sinaliza Patrícia.

Finalistas GPTW TI – Categoria Grandes

1º – Dell

2º – SAP Labs

3º – Mercado Livre

 

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