A instituição em que trabalho está me matando
Hoje os profissionais lidam com grandes cargas de trabalho que estão impactando sua qualidade de vida
Um empresário da área de calçados resolveu fazer um teste com dois funcionários: pediu que visitassem, um de cada vez, uma ilha habitada por índios. O primeiro, assim que chegou ao novo local de trabalho, desanimou ao ver que os habitantes não usavam calçados. Concluiu que não teria clientes ali e retornou imediatamente para a cidade. Já o segundo, ao ver os nativos descalços, deu pulos de alegria, pois enxergou potenciais clientes à sua frente.
Essa história ensina uma preciosa lição: precisamos estar bem para discernir o mundo de forma positiva e lidar com as adversidades profissionais. No dia a dia, observamos muitas pessoas reclamando da quantidade de trabalho que têm, da cobrança por resultados que sofrem e das metas que precisam atingir.
Diante disso, afirmamos algo que pode surpreender: não é a instituição em que trabalhamos que nos mata, e sim como encaramos o que ocorre nela. Se não estamos bem com nós mesmos, nada vai estar. Parece óbvio, mas não é. Quando vemos apenas o lado ruim das coisas, tudo nos afeta. Qualquer palavra ou ação dos colegas de trabalho é interpretada de forma errônea. Isso é extremamente prejudicial, pois perdemos a capacidade de separar o pessoal do profissional.
Precisamos ter resiliência, que é a característica de quem consegue se recuperar rapidamente de um momento difícil. É a capacidade de uma pessoa lidar com seus próprios problemas, vencer obstáculos e não ceder à pressão, seja qual for a situação.
Todas as instituições são constituídas por pessoas que criam estratégias para alcançar um objetivo comum. E como em todo o grupo de pessoas, os conflitos são inevitáveis. O surgimento destes pode ter impacto negativo na produtividade da instituição, bem como prejudicar a saúde mental dos funcionários.
As frustrações geradas dentro das instituições podem levar a processos de projeções direcionadas para algumas pessoas do ambiente profissional ou até mesmo para a própria instituição. Quem se encontra nesse estado mental considera que todos estão contra si.
Com isso, as relações interpessoais vão se deteriorando.
A mudança, nesses casos, deve vir de dentro para fora. Primeiramente a pessoa deve olhar para si mesma e buscar compreender o que lhe causa esse estado permanente de insatisfação. A percepção de que há um problema é importante para criar estratégias de melhoria no ambiente de trabalho.
Uma estratégia é analisar os limites e potencialidades de todos. Assim, é possível distribuir melhor as tarefas, sem sobrecarregar ninguém. Nem toda tarefa profissional é prazerosa, mas fazer uma atividade com a qual nos identificamos e na qual podemos demonstrar nossas habilidades ajuda a reverter as frustrações.
Após fazer uma análise de si mesmo, é importante examinar sua situação dentro da instituição. Você considera que trabalha muito e não é reconhecido? Seu chefe é desrespeitoso com você e o humilha diante dos outros? Seu salário é insuficiente para cobrir suas despesas? Está sem perspectiva de crescimento profissional?
Se nessa avaliação a maioria das respostas foi “sim”, é o momento de repensar sua vida profissional nessa instituição. Isso será útil para não comprometer sua saúde.
Muitas vezes, a mudança é necessária. No entanto, ela não é fácil, gera ansiedades, medo de sair da zona de conforto e estresse. Um profissional da área da psicologia pode auxiliar no encontro de motivações e satisfação, aliviando esses sintomas.
É preciso cuidar sempre da qualidade do nosso trabalho, pois essa é a nossa responsabilidade. Mas precisamos aprender a fazer isso de forma tranquila e apropriada, sem aniquilar nossa saúde mental. Assim seremos, de fato, mais felizes e eficientes.
*Genoveva Ribas Claro, coordenadora do curso de Psicopedagogia do Centro Universitário Internacional Uninter, e Gisele do Rocio Cordeiro, coordenadora do Curso de Licenciatura em Pedagogia da mesma instituição.