Web 3.0 será descentralizada e exigirá que ‘big techs’ se adaptem, avalia Amy Webb
Presente no IT Forum Itaqui, futurista também argumentou que redes sociais poderão ter uma cara diferente no futuro
“Vai ser uma situação complicada”. É assim que a futurista norte-americana Amy Webb resumiu suas expectativas para a ‘Web 3’ (ou Web 3.0) – conceito que é discutido há anos e entendido por muitos como a próxima transformação pela qual a internet deve passar.
Professora da NYU Stern School of Business, em Nova Iorque, e CEO do Future Today Institute (FTI), instituto que analisa tendências tecnológicas e fornece dados que auxiliam nas estratégias das organizações, Amy Webb participou, nesta quinta-feira (04), do IT Forum Itaqui, terceiro e último momento de 2022 do IT Forum, principal evento da comunidade de TI do Brasil.
Após sua apresentação, a futurista participou de uma rápida sessão de perguntas e respostas com a imprensa, abordando questões sobre os futuros possíveis da internet. Para ela, a principal característica da ’Web 3’ será sua descentralização – em um nível ainda não visto em iterações anteriores.
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“A web original era descentralizada, mas não muito: você tinha o governo de um lado e as universidades de outro. Depois, nós tivemos várias startups fazendo todo o tipo de loucura. Mas, com o tempo, veio a consolidação. Isso é a ‘Web 2’: algumas companhias tomando decisões por todos”, explicou.
Com o avanço de tecnologias como redes blockchain e cripto ativos, uma movimentação em direção de um cenário de “Decentralized Everything” (DeX) pode acontecer na ‘Web 3’, opina Amy. Com isso, sistemas poderão se tornar mais ágeis e livres de interferência de governos autoritários, por exemplo.
As big techs, no entanto, não devem desaparecer nesse novo ambiente – mas sim se adaptar. “Google, Microsoft e Amazon, nos Estados Unidos, e Baidu, Alibaba e Tencent, na China, são fundamentais. Essas empresas não vão sumir”, disse Amy. Há, porém, uma exceção aqui: “eu não sei o que vai acontecer com o Facebook [Meta]”, acrescentou a futurista.
Para Amy, a Meta sofre hoje da síndrome de ‘FOMO’, sigla que significa “fear of missing out”, ou “medo de ficar de fora”, em tradução livre. A atual campanha “Make Instagram Instagram Again” é um dos exemplos disso, segundo ela.
Promovida por usuários do próprio Instagram, a campanha virtual se opõe a mudanças que visam tornar a rede social cada vez mais voltada para vídeos, e não fotos. O movimento ganhou o apoio de personalidades populares em redes sociais, incluindo Kylie Jenner e Kim Kardashian, e fez a empresa reconsiderar suas decisões. “São sinais de que o Facebook [Meta] não sabe o que quer ser na próxima web”, disse Amy.
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Para complicar a situação, eventos como a desaceleração do Instagram – que sofre com o crescimento rápido do TikTok – e a redução na base de usuários do Facebook são dois dos mais graves. Além disso, novas regulações para plataformas digitais, como as recém-aprovadas leis antitruste da União Europeia, também ameaçam os negócios de Mark Zuckerberg. “São sinais de que o Facebook [Meta] não sabe o que quer ser na próxima web”, disse Amy.
Apesar de acreditar que a descentralização será uma das características da Web 3, muitas coisas ainda estão incertas sobre o futuro da web, disse Amy. É aí que entra a “complicação” que a futurista usa para falar sobre o tema. Um exemplo disso, ela argumenta, são as próprias redes sociais. Ninguém sabe ao certo qual será sua utilidade no futuro.
“Minha filha não tem um smartphone, ela tem doze anos. Ela não tem redes sociais, ela não sabe nenhuma dancinha do Tiktok. Mas os amigos dela sabem. Todos eles estão usando TikTok, não o Instagram. Mas todos eles estão ‘usando’ uma rede social, não ‘criando’ na rede social. É como um substituto para a televisão”, narrou a futurista. “Talvez essa geração não queira uma rede social. Talvez eles não queiram do jeito que é hoje. Não sei o que virá por aí.”