Rumo ao bilhão: conheça 18 possíveis unicórnios brasileiros de 2021
Liquidez do mercado, digitalização de empresas e maturidade do ecossistema antecipam novo ano de destaque para startups no Brasil
Não é nenhum segredo que as startups brasileiras vivem um ótimo momento. Mesmo após um ano marcado pela Covid-19, que já tirou a vida de mais de 260 mil pessoas no país, e por uma forte retração econômica, com uma queda de 4,1% do PIB, o ecossistema empreendedor do Brasil não dá sinais de crise.
Dados divulgados pela empresa de inovação aberta Distrito revelaram que startups nacionais receberam US$ 3,5 bilhões em investimentos ao longo de 2020. O valor é um recorde histórico e um crescimento de 17% em relação a 2019, quando os aportes somaram US$ 2,9 bilhões.
Já em janeiro deste ano, veio um novo recorde: segundo a mesma organização, as startups receberam US$ 633 milhões no período, volume 185% superior ao valor arrecadado no primeiro mês de 2020. O montante, é claro, leva em consideração o mega aporte de US$ 400 milhões recebido pelo Nubank.
Além de não ser difícil de notar, o momento positivo para as startups também é bem fácil de ser explicado.
No fronte dos investimentos, a diferença cambial entre o Real e o Dólar tornou o Brasil mais interessante para fundos globais, trazendo combustível para startups crescerem. “A gente está vivendo um momento de liquidez maior, taxas de juros mais baixas, que privilegiam a injeção de capital nessas empresas”, explica Gustavo Araújo, cofundador da Distrito.
Nos negócios, a aceleração do processo de digitalização pelo qual muitas organizações – e consumidores – passaram ao longo de 2020 também ajudou. Diretor executivo da Associação Brasileira de Startups (ABStartups), José Muritiba destaca o aumento do interesse de grandes empresas por soluções inovadoras e ágeis de startups como um dos pilares disso.
“Explorando e tendo como parceiros empresas multinacionais, empresas de capital aberto na bolsa de valores, traz uma grande robustez para essas soluções, essas propostas de modelo de negócio e serviço”, avalia.
Há, por fim, um aspecto de maturidade do setor. Considerado um passo importante para a segurança jurídica do setor, o Marco Legal das Startups, que estabelece princípios e diretrizes para a atuação de startups, avançou mais um passo no final de fevereiro ao ser aprovado no Senado. O texto terá nova votação na Câmara dos Deputados.
Juntos, todos esses elementos apontam em uma direção: a dos unicórnios. O mercado aquecido para startups antecipa mais um ano positivo em 2021, em que novas empresas devem atingir US$1 bilhão de valor de mercado, introduzindo mais nomes ao clube de 12 startups do Brasil que já chegaram lá.
“Esse paradigma que a gente está vivendo é um paradigma que impulsiona todo esse mercado e impulsiona a criação de unicórnios.”, pontua Araújo. “A gente espera para esse ano agora, de 2021, valuations mais puxados, criando ainda mais unicórnios aqui no mercado brasileiro.”
O ano de 2021, aliás, trouxe logo cedo um novo membro para este seleto grupo de startups: a MadeiraMadeira, especializada na venda online de materiais de construção e de móveis, virou o primeiro unicórnio do ano já em 07 de janeiro. A nova fase veio após um investimento de US$ 190 milhões liderado pela gestora Dynamo e pelo Softbank.
Marcelo Scandian, Daniel Scandian e Robson Privado, cofundadores da MadeiraMadeira, o primeiro unicórnio de 2021 (Divulgação)
“É um super milestone importante, que ajuda a firmar o trajeto e o propósito da empresa”, afirma Marcelo Scandian, cofundador e CXO da MadeiraMadeira em entrevista ao IT Forum. “A gente fica muito feliz de estarmos juntando cada vez mais parceiros, colaboradores e investidores que acreditam na nossa causa e isso ajuda a gente a enfrentar os próximos desafios.”
Leia também: Mais novo unicórnio, MadeiraMadeira quer reforçar experiência do cliente
Além da MadeiraMadeira, 99 (o primeiro unicórnio brasileiro, de 2018), Nubank, iFood, Gympass, Loggi, Quinto Andar, Ebanx, Wildlife, Loft, Vtex e Creditas formam o grupo atualmente. PagSeguro, Arco e Stone são aquelas que já foram além: os chamados “IPOgrifos”, ou startups que já realizaram sua primeira oferta pública de ações.
“Quando a gente olha por um viés de inovação, elas têm grande similaridade nesses aspectos: da ousadia, da agressividade, e, principalmente, de estarem explorando mercados extremamente amplos, com uma capacidade muito relevante até mesmo nível global, porém ainda bastante conservadores”, expõe Muritiba quando questionado sobre as características em comum entre as empresas.
Não há consenso sobre exatamente quantos unicórnios devem ser formados no país em 2021. Para este ano, a estimativa da ABStartups, algo entre três e oito startups devem chegar lá; a Distrito vai além: a aposta é de que o Brasil possa até dobrar a sua quantidade de unicórnios neste ano. Tudo, é claro, se as condições boas do ecossistema do país se mantiverem e os investimentos continuarem fluindo. Mas a previsão é otimista.
“Esse ano vem forte, ano passado a gente teve praticamente uma rodada e meia por dia de investimentos em startups brasileiras. Esse ano a gente prevê uma quantidade de pelo menos o dobro, ou seja, entre 2,5 e 3 rodadas por dia, e um crescimento bem acelerado em relação aos US$ 4.5 bilhões que a gente teve de investimentos no ano passado em startups brasileiras“, diz Araújo, da Distrito.
Em 2020, vale lembrar, tivemos três unicórnios: Loft, Vtex e Creditas. O número foi inferior ao ano anterior, quando Loggi, Gympass, QuintoAndar, Ebanx e Wildlife chegaram ao marco – e colocaram o Brasil empatado com a Alemanha no terceiro lugar do ranking mundial, atrás apenas dos Estados Unidos (78) e China (22) no número de unicórnios formados em 2019.
Há, no entanto, fortes candidatas a chegarem lá em 2021. No começo de fevereiro, a ABStartups compartilhou uma lista de cinco possíveis nomes. Em meados do mesmo mês, a Distrito lançou a terceira edição do seu estudo Corrida dos Unicórnios, que trouxe 17 candidatos. Apesar da diferença entre os números, quatro nomes apareceram em ambas listas: Neon, Olist, Cortex e Pipefy. Conheça todas abaixo:
Conta Azul
Vinicius Roveda, cofundador e CEO da Conta Azul (Divulgação)
Fintech – Joinville, Santa Catarina
Último aporte: US$ 30 milhões (abril/2018)
Fundada em 2012, a ContaAzul oferece uma plataforma de gestão financeira na nuvem focada em Pequenas e Médias Empresas (PMEs). Com seu sistema, a empresa promete automatizar processos e reduzir burocracias, simplificando a operação de clientes.
Ao longo de 2020, a empresa adotou uma série de medidas focadas na sustentabilidade de seus negócios e conseguiu fechar o ano com um lucro de R$ 90 milhões, segundo o relatório Corrida dos Unicórnios.
Um dos focos atuais da companhia é em serviços financeiros, e o objetivo é aumentar a integração com bancos e fintechs para permitir abertura de conta corrente, pagamentos e pedidos de crédito no próprio sistema da Conta Azul.
Em entrevista a PEGN, Vinicius Roveda, cofundador da startup, afirmou que a empresa espera continuar crescendo na área ao longo de 2021, apostando em produtos como a inclusão de recebimentos via cartão de crédito e Pix.
Dr. Consulta
Renato Velloso, CEO da Dr. Consulta (Divulgação)
Healthtech – São Paulo, São Paulo
Último aporte: US$ 50 milhões (março/2017)
A rede de clínicas populares Dr. Consulta teve um 2020 intenso. No início da pandemia, viu uma redução na procura por seus serviços médicos em função das restrições de circulação e do receio dos pacientes de se expor fora de casa.
A empresa, no entanto, apostou em rígidos protocolos de segurança em todas unidades e levantou uma operação de telemedicina em um tempo impressionante, o que ajudou na retomada dos atendimentos.
“A partir da regulamentação do serviço por parte do Ministério da Saúde, nós conseguimos colocar a operação de telemedicina no ar em apenas nove dias, justamente porque já tínhamos toda a infraestrutura tecnológica necessária para entregar a experiência completa ao paciente”, afirma Renato Velloso, CEO da healthtech. “Hoje, já atendemos cerca de 150 mil pacientes desde a implementação do serviço.”
A empresa também apostou no uso de inteligência artificial e algoritmos preditivos para melhorar a eficiência de seus centros, aumentando a produtividade médica.
Para 2021, uma de suas prioridades é o desenvolvimento das tecnologias necessárias para gestão ativa de saúde de pacientes, usando modelos e algoritmos para detecção de potenciais problemas de saúde de forma escalável e proativa. Velloso não esconde o otimismo.
“Saúde é um setor que tem muito espaço para crescimento. Hoje, cerca de 78% da população não tem plano de saúde e precisa de atendimento médico. Há muito espaço para o desenvolvimento no mercado e abre-se um leque de oportunidades para startups”, pontua o CEO.
Neon
Pedro Conrade, CEO e fundador da Neon Pagamentos (Divulgação)
Fintech – São Paulo, São Paulo
Último aporte: US$ 300 milhões (setembro/2020)
Fundada em 2014, a Neon Pagamentos é uma fintech que oferece contas sem tarifas, cartões de crédito e investimento por meio de plataforma digital móvel.
A companhia teve um resultado impressionante no ano passado: dobrou o número de clientes, ultrapassando a marca de 10 milhões de usuários. No total, foram mais de 5 milhões de contas abertas quando somadas as contas de pessoas físicas e pessoas jurídicas. Com aporte de US$ 300 milihões liderado pelo fundo General Atlantic, e com participação da Monashees, Flourish Ventures, BlackRock, Vucan Capital, PayPal Ventures, Endeavor Catalyst e o banco espanhol BBVA, a startup também foi a brasileira com o maior volume de investimento de 2020 – que muitos suspeitam já ter feito dela um unicórnio.
Um dos principais reforços para a expansão de clientes veio em setembro de 2019, quando a Neon anunciou a aquisição da startup MEI Fácil. Com o movimento, mais de 150 mil microempreendedores individuais vieram para a Conta Neon Pejota. O mesmo vale para a compra da Magliano Invest, a mais antiga corretora de valores do país, confirmada em julho do ano passado; e da Consiga+, que permitiu ao Neon oferecer cartão de crédito para negativados em órgãos como SPC e Serasa, um público pouco explorado por fintechs.
“Mas não vamos parar por aí. Faz parte da estratégia da Neon estruturar outros produtos e fazer cross-selling usando as sinergias entre eles para ampliar nossa curva de crescimento”, explicou Pedro Conrade, CEO e fundador da Neon, no relatório Corrida dos Unicórnios da Distrito.
Minuto Seguros
Marcelo Blay, CEO e fundador da Minuto Seguros (Divulgação)
Insurtech – São Paulo, São Paulo
Último aporte: US$60 milhões (junho/2020)
Fundada em 2011, a Minuto Seguros é uma plataforma de venda de seguros com um processo de contratação 100% digital, feito pela internet. A empresa já é uma das maiores corretoras de seguro de automóvel do país e ganhou espaço em outras frentes ao longo do ano passado.
“Além de termos nos surpreendido com o bom desempenho do setor como um todo, o que chamou muito nossa atenção foi o aumento nas vendas de seguros de vida e residência, dois serviços que o brasileiro não tinha o hábito de contratar”, afirma Marcelo Blay, CEO da insurtech.
No total, a empresa viu um aumento de 30% em vendas em 2020. Por conta da pandemia de COVID-19, a procura por apólices de vida teve um aumento ainda mais expressivo: na casa de 127%.
Para 2021, a empresa seguirá com investimentos na área de tecnologia, aprimorando sua plataforma e a experiência de clientes. A empresa tem hoje cerca de 400 colaboradores e pretende expandir o time com mais 250 contratações ao longo do ano, a depender do rumo da economia.
“Os desafios para este ano estão diretamente relacionados com as áreas de saúde, por conta dos reflexos da pandemia, da política e da economia. A recuperação da renda e do emprego é o que todo empresário espera neste momento”, completa Blay.
Petlove
Marcio Waldman Fundador e CEO da Petlove (Divulgação)
E-commerce – São Paulo, São Paulo
Último aporte: US$ 71,3 milhões (abril/2020)
A Petlove é hoje o maior e-commerce de produtos para animais de estimação do Brasil, com um catálogo que possui mais de 20 mil itens entre rações, aquários, areias, brinquedos, petiscos, coleiras e outros objetos.
Em 2020, a empresa cresceu seu negócio em 69%, com um faturamento na casa dos R$ 500 milhões. Há dez anos, a receita da companhia era de R$ 4 milhões.
O fundador e CEO da Petlove, Marcio Waldman atribui os resultados a uma série de fatores: da humanização dos pets à mudança do padrão de consumo dos donos, que migraram do offline para o online.
A empresa também tem apostado em formatos inovadores no setor, incluindo um serviço de assinatura em que o cliente monta uma cesta de produtos que é enviada ao seu endereço. Também no ano passado, a empresa adquiriu a Vetus, especializada em sistema de gestão para petshops, clínicas e hospitais veterinários, e fez uma fusão com a DogHero. Agora, a próxima fronteira é no mundo físico.
“Em 2021, vamos iniciar o nosso projeto de omnicanalidade com parcerias com pet shops locais, onde iremos aumentar a venda desses petshops (em produtos e serviços), injetar inteligência na operação desses parceiros”, afirma Waldman.
Segundo o executivo, a ideia da companhia é construir um “grande ecossistema tecnológico” de produtos e serviços, incluindo múltiplos stakeholders do mercado. “Já temos alguns parceiros em Belo Horizonte e iremos expandir para outras cidades”, conclui.
Cargo X
Federico Vega, CEO e fundador da Cargo X (Divulgação)
Logtech – São Paulo, São Paulo
Últimos aportes: R$ 430 milhões (abril/2020) e R$ 15 milhões (junho/2020)
Conhecida como o “Uber dos caminhões”, a Cargo X foi uma das empresas que sentiu o impacto das restrições de circulação que vieram por conta da pandemia da Covid-19. Nos primeiros seis meses do ano, a companhia viu uma “leve queda” nos fretes contratados em diversos estados, segundo Federico Vega, CEO da startup.
O segundo semestre, no entanto, foi de recuperação. Após dois aportes e investimentos em seu aplicativo, incluindo novas funcionalidades e ferramentas para aumentar a segurança na contratação de fretes pesados, a companhia deu um salto de 48,3% em relação ao ano anterior no número de usuários. No total, o crescimento de faturamento da logtech foi de 18%.
Boa parte disso veio de carona do bom momento do agronegócio, que contratou 44% mais fretes na plataforma em relação a 2019. “Durante a pandemia, a alta do dólar proporcionou condições favoráveis para exportação de commodities. Tudo que o agro produz está atrelado ao preço do dólar”, explica Vega.
Neste ano, o foco pode ser dividido em duas frentes. Uma delas é o investimento continuado em tecnologia para otimizar os fretes, facilitando o acesso de fretistas a quem está precisando de transporte de cargas. A meta é operar com uma capacidade ociosa de apenas 5%.
Outra frente é o programa de Capital de Giro, uma iniciativa que começou a receber mais investimentos no ano passado e que tem o objetivo de viabilizar recursos para as transportadoras parceiras desenvolverem seus negócios. No ano passado, a logtech liberou
R$ 400 milhões para estas empresas.
“Entendemos que para muitas transportadoras, especialmente as menores, é difícil conseguir recursos das formas mais tradicionais”, afirmou o CEO da empresa. “Nosso plano é que o programa continue crescendo em 2021. De forma geral, projetamos um aumento de 20% até o final do ano.”
Em termos de resultados, a Cargo X espera um 2021 positivo, com expectativa de crescimento de 40% em seu faturamento. Há também a previsão de contratação de mais 100 profissionais durante o ano, chegando ao total de 500 colaboradores.
Contabilizei
(Divulgação)
Fintech – Curitiba, Paraná
Último aporte: Valor não revelado (janeiro/2021)
A fintech curitibana Contabilizei nasceu como uma plataforma de contabilidade para pequenas e médias empresas, oferecendo serviços que vão de auxílio para abertura de empresas à ajuda com burocracias contábeis e fiscais.
A oferta da empresa é distribuída em um modelo por assinatura, com valores a partir de R$ 89 por mês. Nos últimos anos, a startup tem feito também movimentos para a área de assessoria financeira.
A principal oferta dessa nova frente vem através de uma conta digital para pessoa jurídia, que é operada em parceria com o banco BS2.
No começo deste ano, a empresa recebeu uma rodada de captação série C, liderada pelo Latin America Fund, do Softbank. O valor do aporte não foi anunciado, mas deve ajudar na expansão destas ofertas.
A empresa tem mais de 20 mil corporações no portfólio de clientes e já se configura como o maior escritório de contabilidade do Brasil.
Pipefy
Alessio Alionço, CEO e fundador da Pipefy (Divulgação)
Martech – São Francisco, Califórnia
Último aporte: US$ 45 milhões (julho/2019)
Fundada em 2014, a Pipefy oferece uma plataforma de gerenciamento de processos em nuvem que permite aos clientes otimizar e centralizar fluxos de trabalho em um dashboard de maneira intuitiva, propiciando uma gestão de times e fluxos baseada em dados.
A startup nasceu em Curitiba, mas hoje está sediada em San Francisco, no Vale do Silício, em uma mudança que sinaliza pretensões globais.
Também sinal dos seus planos de expansão, a empresa tem apostado em contratações de peso para cargos de lideranças: em dezembro, Ananth Avva, ex-Lastline e ex-Wrike, foi chamado para ser o novo presidente e COO; em janeiro, Sandra Denton, que tem mais de 20 anos de liderança sênior e experiência em gerenciamento de parceiros na indústria de TI e telecomunicações, se tornou vice-presidente de Canais e Alianças.
Seu mais recente aporte veio em julho de 2019, quando levantou US$ 45 milhões em uma rodada de série B. O fundo nova-iorquino Insight Partners liderou o movimento. Também participaram a OpenView e a Trinity Ventures, que já são investidores da empresa. A startup vivia então um crescimento de mais de 300% ao ano.
Olist
Eduardo Ferraz, CFO da Olist (Divuçgação)
Retailtech – Curitiba, Paraná
Último aporte: R$ 310 milhões (novembro/2020)
Conhecida como um “marketplace de marketplaces”, a startup curitibana Olist ajuda pequenos e médios varejistas a venderem seus produtos em diferentes canais – em especial em grandes marketplaces, como B2W, Via Varejo, Mercado Livre e Magazine Luiza.
Além de trabalhar as listagens de clientes, a Olist também fornece uma camada de inteligência que permite aos lojistas competirem melhor contra grandes vendedores. Há ainda serviços adicionais, como operação logística, fulfillment e atendimento ao consumidor, que clientes podem utilizar.
A empresa soube aproveitar a aceleração do e-commerce no ano passado e promoveu uma série de ações para crescer junto aos clientes. As iniciativas incluíram adaptações aos seus produtos, descontos e planos de custo zero, o que ajudou a trazer clientes que não eram digitalizados para o mundo online e para o ecossistema da Olist. Hoje, a companhia já conta com mais de 25 mil clientes.
Em novembro, a retailtech também recebeu um novo aporte de R$ 310 milhões, em uma rodada de série D liderada pelo Softbank, que deve ser aplicado no desenvolvimento tecnológico de sua plataforma e na aquisição de novos clientes. O montante também será usado para acelerar a estratégia de M&A da companhia, que já fez duas aquisições nos últimos meses: a Clickspace, solução de social commerce, Pax, solução de logística.
“A gente está bem ativo no mercado, conversando com empresas de diferentes segmentos, mas sempre ligados ao nosso core business, que são soluções para varejistas, venda online e e-commerce”, afirma Eduardo Ferraz, CFO da Olist. “A gente quer trazer mais oferta de serviços, mais produtos que se complementam aos que já temos através de M&As.”
Uma outra área de interesse para a organização em 2021 é na vertical de serviços financeiros voltados para pequenos e médios varejistas, carentes de soluções que atendam às suas expectativas de negócio. “Como a gente hoje já tem uma base de varejistas bastante significativa, a gente quer oferecer serviços adequados, uma oferta inteligente de crédito que ajuda a comprar mais estoque, crescer o negócio e que, por sua vez, vai ajudar nossas plataformas de vendas”, pontua Ferraz.
Solinftec
(Reprodução/Adobe Stock)
Agtech – Araçatuba, São Paulo
Último aporte: US$ 40 milhões (fevereiro/2020)
Fundada em 2007, a Solinftec desenvolve tecnologias e soluções de monitoramento e automação de lavouras para ganhos de eficiencia na agricultura. A companhia combina software e hardware e uma plataforma de inteligência artificial, chamada “Alice”, que coordena a produção para reduzir o uso de combustível, de fertilizantes e otimizar o plantio.
A internacionalização é hoje um dos principais focos da companhia. Em 2019, a empresa começou a operar no Purdue Research Park, em West Lafayette, Indiana, nos Estados Unidos, como forma de agilizar o processo. A empresa possui clientes em mais de dez países, mas busca atuar em 20 mercados ao redor do mundo.
A startup atua no setor de cana-de-açúcar, milho, algodão, café e laranja, mas mira em seu crescimento no mercado de soja. No Brasil, ela é responsável por monitorar 80% da plantação nacional de cana.
Um dos momentos mais importantes para a empresa em 2020 foi o investimento de US$ 40 milhões que recebeu da família Trajano, da Magazine Luiza, através da Unbox Capital. O montante deu aos Trajano um participação minoritária na empresa, e deve auxiliar a Solinftec na expansão para outras regiões e mercados.
Na última quinta-feira (04), a empresa anunciou Solinftec uma parceria global estratégica com a Planet, operadora da maior frota comercial de satélites de observação da Terra existente, para fornecer dados em tempo real que irão aumentar ainda mais a eficiência e a transparência em todo o setor agrícola.
“Os agricultores hoje tomam decisões com toda a operação em mente, considerando constantemente uma ampla variedade de fatores que podem mudar no dia a dia”, disse Henrique Nomura, CTO da Solinftec, no anúncio. “Estamos focados em incorporar as informações mais recentes, que agora incluem dados da Planet, para formular decisões mais inteligentes em estágios-chave do ciclo de produção.”
Superlógica
André Baldini, diretor de Negócios da Superlógica (Divulgação)
Fintech – Campinas, São Paulo
Último aporte: R$ 300 milhões (março/2020)
Fundada em 2001, a Superlógica nasceu com o foco na oferta de software de gestão para imobiliárias, mas expandiu sua atuação ao longo das últimas duas décadas para apoiar outras organizações carentes por soluções do tipo. Hoje, a empresa tem o software mais utilizado por administradoras brasileiras para a gestão de condomínios, com mais de 55 mil unidades.
A expertise da empresa no setor a colocou em uma posição privilegiada para uma tendência que acelerou em 2020 por conta da pandemia da Covid-19: a de assembleias digitais. Apesar de já oferecer a chamada Assembleia Virtual há dez anos, foi só no ano passado que ela ganhou força e desenvolveu uma nova cultura de uso.
“Com a necessidade do isolamento social e de seguirmos os protocolos de segurança, tornou-se imprescindível. No último ano foram realizadas mais de 3 mil assembleias e a previsão é que esse número continue crescendo em 2021”, explica André Baldini, diretor de Negócios da Superlógica.
Segundo Baldini, a empresa também viu o volume de assinaturas digitais aumentar “consideravelmente” ao longo do ano, conforme a possibilidade de se fechar contratos à distância se tornou uma premissa de negócios. “Como nossos softwares já ofereciam essa possibilidade, pudemos apoiar nossos clientes também nesse desafio”, pontua.
Também em 2020, a Superlógica recebeu seu primeiro aporte de private equity, de R$ 300 milhões, liderado pelo fundo Warburg Pincus. O investimento será utilizado para desenvolver e melhorar produtos e serviços, garantindo mais eficiência nas entregas ao mercado.
Para suportar a jornada, a empresa está desenvolvendo times internos, criando novos processos e apostando na captação de novos talentos. Hoje a companhia conta com 520 colaboradores, mas espera realizar mais de 230 contratações ao longo de 2021.
Tembici
Tomás Martins, CEO e cofundador da Tembici (Divulgação)
Mobilidade – São Paulo, São Paulo
Último aporte: US$ 47 milhões (junho/2020)
Fundada em 2010 com o objetivo de trazer bicicletas para o cotidiano de mais cidades e pessoas, a Tembici ganhou escala nos últimos cinco anos, quando assumiu os projetos de compartilhamento Bike Rio e Bike Sampa, patrocinados pelo banco Itaú.
A empresa se diferenciou de rivais ao apostar em estações físicas para as bicicletas, ao invés de permitir que elas fossem deixadas em qualquer lugar. A escolha se mostrou uma boa decisão do ponto de vista de logística, já que facilitava o remanejamento das bikes.
Em 2020, a empresa viveu uma série de diferentes momentos com seu negócio, influenciado pelos vários estágios da pandemia da Covid-19 no Brasil. Isso incluiu uma pequena queda no uso de suas bicicletas quando as políticas de quarentena e isolamento social entraram em vigor.
A startup apostou em ações para manter a base de clientes, incluindo gratuidades para quem realmente precisasse sair de casa, como profissionais da saúde, e, a partir de junho, com a flexibilização da quarentena, uma retomada do negócio foi percebida. Em outubro, a empresa já havia voltado ao mesmo patamar de viagens registradas no começo do ano, antes da pandemia.
“A pandemia intensificou um movimento na mobilidade urbana com relação ao uso da bicicleta como meio de transporte. Diversas cidades do mundo aumentaram seus investimentos em incentivos ao uso desse modal como construções de ciclovias e ciclofaixas. Todo este contexto resultou no crescimento da empresa em número de viagens, usuários, além de novos projetos e parcerias”, diz Tomás Martins, CEO e cofundador da Tembici.
Entre as novas parcerias citadas está uma ação conjunta com o Ifood, para o uso de bicicletas elétricas por entregadores da foodtech. O resultado já se reflete nos negócios: quando comparado ao ano anterior, 2020 trouxe um saldo de mais de 30% no Ebitda, que se tornou positivo, e um crescimento de 300% em margem bruta.
Também no ano passado, a companhia recebeu um aporte de série B no valor de U$S 47 milhões, R$ 16 milhões dos quais já foram investidos em tecnologia, na expansão da equipe, na implantação de GPS na frota, em melhorias no app e em processos internos.
Fazenda Futuro
(Divulgação)
Foodtech – Rio de Janeiro, Rio de Janeiro
Último aporte: US$ 21,6 milhões (setembro/2020)
Fundada em 2019, a brasileira Fazenda Futuro produz alimentos que substituem a proteína animal por combinações que simulam o gosto e a textura de carne, frango e porco. Entre os ingredientes usados estão beterraba, ervilha, grão de bico e soja.
Em setembro, a empresa recebeu um aporte de R$ 115 milhões. A rodada foi liderada pelo BTG Pactual, ENFINI Investments, Monashees e Go4it Capital. Com isso, o valor de mercado da empresa subiu para R$ 715 milhões.
Esse foi o segundo aporte da foodtech, que mira em uma expansão internacional. A empresa já está presente em 10 países, sendo o Reino Unido sua operação mais recente. No exterior, ela adota a marca Future Farm.
Entre as ofertas da startup já estão produtos que emulam hambúrgueres, carne moída, almôndega e até linguiça com sabor de pernil suíno. Os alimentos são distribuídos para mais de 10 mil restaurantes, distribuidoras e mercados.
Zenvia
Cassio Bobsin, CEO e fundador da Zenvia (Divulgação)
Martech – Porto Alegre, Rio Grande do Sul
Último aporte: US$ 54 milhões (janeiro/2020)
Fundada em 2003, a Zenvia desenvolve sistemas de comunicação entre empresas e clientes, incluindo SMS, WhatsApp, Facebook Messenger, voz, chatbots e IA. Com a solução da startups, clientes podem integrar esses canais com seus sistemas de gestão.
Em janeiro de 2020, a empresa recebeu um aporte de US$ 54 milhões que auxiliou no início do seu processo de expansão para a América Latina, iniciado pelo México.
Como parte do processo, a companhia também migrou sua sede para São Paulo, na Avenida Paulista, de onde espera poder dar um melhor atendimento aos mais de 9 mil clientes que contabiliza.
Em 2021, a empresa afirma que manterá o foco na região latina, buscando “países que tenham um modelo econômico que viabilize fazer investimentos e que sejam abertos para empresas de fora”, seja de forma independente ou por meio de parcerias e aquisições.
Buser
(Divulgação)
Mobilidade – São Paulo, São Paulo
Último aporte: Valor não revelado (outubro/2019)
Conhecida como o “Uber dos ônibus”, a startup mineira Buser possibilita a comprar passagens em um sistema de fretamento colaborativo, em que valor da passagem é definido com base
na quantidade de pessoas interessadas no mesmo trajeto.
Como o valor total do serviço de frete é dividido por cada um dos usuários, a empresa promete uma economia de até 60% na tarifa de passagens.
Por pressão de serviço tradicionais de transporte de passageiros, que alegaram que a empresa não cumpria normas da Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT), a startup passou também a intermediar a venda de passagens de companhias rodoviárias, funcionando como um marketplace.
O ano de 2020 trouxe uma série de desafios para a companhia. Por conta das restrições na circulação de pessoas causadas pela pandemia da Covid-19, a empresa ficou três meses parada.
Em entrevista a Exame, no entanto, Marcelo Abritta, cofundador e presidente da Buser, afirmou que a startup conseguiu se recuperar e cresceu no ano passado. No total, 300 mil viagens foram feitas em 2020, três vezes o valor anotado no ano anterior.
Atualmente, a Buser está em 170 cidades com uma frota de mais de 550 ônibus de 160 parceiros no app. Mais de cinco milhões de passagens já foram vendidas através de sua plataforma.
Take Blip
Roberto Oliveira, CEO da Take Blip (Divulgação)
Martech – Belo Horizonte, Minas Gerais
Último aporte: US$ 100 milhões (outubro/2020)
Presente há mais de 21 anos no mercado, a Take Blip oferece plataformas de mensagens, mídias sociais, uso de dados e inteligência artificial para ajudar empresas nas vendas e atendimento ao cliente. Entre seus clientes estão o Itaú Unibanco, Coca-Cola, Localiza e Fiat.
A companhia é mais uma das que viu uma expansão de seus negócios em meio ao proceso de digitalização pelo qual empresas passaram ao longo do ano passado. Sua solução conjunta com o WhatsApp, por exemplo, foi uma das que se encaixou perfeitamente com a demanda de clientes por atendimento e vendas digitais.
“Através do Blip, em um par de dias é possível ativar um número verificado no WhatsApp, iniciar a operação com automações simples e atendimento humano, e criar um movimento acelerado de evolução a partir da análise e entendimento das interações com os clientes”, explica Roberto Oliveira, CEO da Take Blip.
Em 2020, a startup ultrapassou 10 bilhões de mensagens trafegadas em sua plataforma e teve mais de 80 milhões de usuários únicos interagindo com os contatos inteligentes de seus clientes.
Os resultados vieram também nos negócios: a empresa cresceu 200% na interação de marcas com seus clientes em canais de mensageria durante os meses de pico da pandemia, e chegou a um faturamento recorrente anual de US$ 40 milhões no ano.
Ainda no ano passado, a startup chamou a atenção do mercado ao receber um investimento de US$ 100 milhões, em uma rodada de série A, reforçando seu potencial de escalabilidade no mercado nacional e internacional. O aporte deve auxiliar em objetivos estratégicos da empresa, que incluem o “aumento exponencial” da operação brasileira e a expansão em mercados-chave como Estados Unidos, Europa e México.
Além disso, a startup planeja ter um time para cuidar exclusivamente de M&As, trazendo executivos e especialistas do mercado para auxiliar nesse crescimento. Tudo, é claro, sem deixar os investimentos em sua própria plataforma de lado – em especial no WhatsApp, no Brasil.
“Nosso foco é acelerar a evolução da mesma para que, cada vez mais, ela ofereça velocidade, flexibilidade e escalabilidade para que nossos clientes possam entregar uma excelente experiência em seus canais conversacionais, em especial no WhatsApp, no Brasil. Até o momento, a maioria dos nossos clientes têm utilizado nossa plataforma em casos de uso de atendimento e pré-venda. Nossa grande aposta para 2021 é o Conversational Commerce, que acreditamos ser a nova grande tendência no mercado de tecnologia”, afirma Oliveira.
Cortex
Leonardo Rangel e Daniel Pires, fundadores e co-CEOs da Cortex (Divulgação)
Martech – Rio de Janeiro, Rio de Janeiro
Último aporte: R$ 170 milhões (outubro/2020)
O ano de 2020 trouxe uma série de marcos para a Cortex. Um dos mais importantes é, sem dúvida, o investimento de R$ 170 milhões, em uma rodada coliderada por Softbank e Riverwood Capital, que veio em outubro passado.
O aporte foi o maior já feito no setor de Big Data e inteligência artificial na América Latina, o que deixou a empresa bem posicionada para consolidar seus negócios como uma liderança na região. O capital extra, aliás, veio em boa hora, e já está ajudando a companhia em um ano de “impacto neutro” por conta da pandemia da Covid-19.
“Mantivemos clientes e receita. Conforme o mundo ia dando sinais de recuperação, nós também fomos retomando as taxas de crescimento. O aporte sem dúvida foi um marco muito importante. Foi o que nos permitiu ter esse movimento contra cíclico e fazer contratações massivas em todas as áreas da empresa. Trouxemos profissionais muito gabaritados em todas as posições, inclusive para a liderança da empresa”, coloca Leonardo Rangel, CEO da Cortex.
Em fevereiro deste ano, outra novidade habilitada pelo aporte: a Cortex começou o ano com a aquisição da ITB360, startup especializada em coleta de dados sobre empresas para inteligência de vendas. A compra é vista como estratégica pela complementaridade de soluções e por reforçar o time da Cortex com novos sócios e profissionais.
“Estamos muito animados para trabalhar juntos. É uma grande união de forças, e que está diretamente relacionada ao nosso objetivo de lançar um produto inovador de inteligência para vendas. Posso dizer que é um produto diferente de tudo que já tem no mercado, porque é de ponta a ponta. Da geração de novas oportunidades com inteligência artificial, passando por enriquecimento dos dados dos clientes existentes e recomendações de upsell, indo até a mensuração e forecast de resultados de vendas”, celebra Rangel.
Rara 2021, a empresa espera crescer em torno de 100% e faz uma aposta em um cenário favorável de negócios por conta da aceleração da digitalização que ocorreu no ano passado. O crescimento projetado também será amparado por contratações: a Cortex tem hoje mais de 200 funcionários, mas espera trazer mais 150 pessoas até o fim de 2021.
“Para um executivo tomar uma decisão hoje, ele precisa estar apoiado por uma série de dados e informações que vêm de fontes distintas. Nesse sentido, soluções de inteligência que centralizam e simplificam o uso dos dados para ajudar na tomada de decisão tendem a ganhar mais espaço e relevância no mercado”, reforça o CEO.
RD Station
Bruno Ghisi, cofundador e CTO da RD Station (Divulgação)
Martech – Florianópolis, Santa Caratina
Último aporte: R$ 200 milhões (agosto/2019)
Focada em soluções de marketing digital para pequenas e médias empresas, a antiga Resultados Digitais começou 2021 de cara nova: a empresa agora é RD Station, uma nova marca que mira na expansão internacional e no crescimento da startup pelos próximos dez anos.
O reposicionamento acontece após um ano de transformação para a empresa, em que muitos de seus clientes foram impactados pela pandemia da Covid-19 e trouxeram incerteza para a companhia.
A startup reagiu com uma série de iniciativas, especialmente junto com às mais de 2 mil agências parceiras, para entender como ajudar empreendedores a enfrentar a crise. “No fim, terminamos 2020 sem precisar fazer cortes, passamos de 15 mil para 25 mil clientes e, em termos de receita, crescemos 40%, um patamar muito próximo ao que havíamos imaginado no início do ano, antes da pandemia”, explica Bruno Ghisi, cofundador e CTO da RD Station.
A empresa se prepara agora para investir em suas soluções RD Station Marketing e RD Station CRM com tecnologias de análise de dados, machine learning e big data, além de mirar em aquisições. Na última terça-feira (23), a startup anunciou que investiria R$ 100 milhões nestes dois objetivos.
“Na parte de desenvolvimento de produtos, incluímos também um esforço para ampliação do nosso time. Já nas aquisições, estamos olhando para empresas que são complementares ao nosso portfólio de ferramentas de marketing e vendas”, pontua Ghisi.
A startup conta atualmente com 650 funcionários e espera abrir mais 200 vagas em 2021, 40% delas para profissionais de tecnologia, como desenvolvedores, gerentes de produto e designers.