Olhar social: peça chave no processo de formação de pessoas  

Papel das organizações da área de tecnologia é buscar equilíbrio entre oportunidades de trabalho e a falta de mão de obra especializada

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9:29 am - 18 de agosto de 2022
Foto: Shutterstock

Não é novidade nenhuma que, em todo o mundo, o ecossistema de tecnologia vive uma dinâmica desigual quando o assunto é contratação de pessoas. Sobram vagas, faltam profissionais capacitados!

Segundo o IBGE, o Brasil fechou 2021 com 12 milhões de desempregados. Ainda assim, a quantidade de empregos no mercado de tecnologia aumenta a cada dia e, de acordo com uma pesquisa da Brasscom, o setor criará 673 mil novos postos de trabalho até 2025, mas faltarão profissionais para assumir 424 mil dessas vagas. Ou seja, é uma conta que não fecha.

Com o excesso de vagas, o colaborador pode escolher onde trabalhar e, muitas vezes, dá as cartas na hora de negociar salários e benefícios. Então, se olharmos a situação sob a sua ótica, o cenário é positivo, certo? Na verdade, não! Grande parte das oportunidades de trabalho são voltadas para pessoas com experiência, seja para cargos plenos ou seniores.

E como ficam os recém-formados, juniores ou pessoas que querem migrar de outras áreas e recomeçar em uma nova carreira? É aqui que entra o papel social das empresas. Desde que assumi um cargo de liderança, tenho pensado diariamente sobre como o propósito e valores da companhia refletem na sociedade e sobre a nossa responsabilidade enquanto geradores de empregos no desenvolvimento de talentos, pois  é um grande privilégio poder dividir conhecimento, impulsionando outras pessoas durante suas jornadas.

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A dificuldade de acesso às vagas no setor, para muitas pessoas, está ligada a ausência de capacitação e a falta de oportunidades. Além disso, se olharmos regionalmente, trabalhadores de alguns estados brasileiros possuem ainda menos possibilidades de inserção no mercado, mesmo com a normalização do trabalho 100% home office.

Temos uma disparidade na distribuição de vagas para trabalhos bem remunerados entre os estados, com foco muito grande, especialmente em tecnologia, na região sudeste. A adoção do trabalho remoto possibilita às empresas oferecerem oportunidades para pessoas de outras regiões e a localização geográfica não deveria ser um impeditivo.

Quando consideramos este cenário, avaliamos que poderíamos contribuir para ajudar a reduzir esse quadro de falta de oportunidades e, ao mesmo tempo, de falta de mão de obra qualificada para um setor que demanda mais profissionais. Por isso, no ano passado criamos o STA (Sofist Talent Academy) na nossa empresa, uma ação que dá oportunidades para as pessoas ingressarem no setor de tecnologia.

Após um ano desde a primeira edição, concluímos que, ao criar projetos para formação de novos talentos, contribuímos para minimizar a lacuna da falta de oportunidades e reduzir o déficit de mão de obra qualificada. Além disso, esses programas geram retorno para a empresa, que tem a oportunidade de formar profissionais, o que possibilita capacitar colaboradores alinhados com sua cultura e que, em pouco tempo, estarão trazendo resultados.

Outro fator positivo é poder formar uma equipe heterogênea com pessoas de diferentes faixas etárias, gêneros e moradores das mais diversas regiões do país, o que agrega novos olhares e perspectivas diferentes para a resolução de problemas. A troca entre pessoas com experiências de vida e trabalho diversas soma no dia a dia da empresa e a nós mesmos como pessoas.

O sucesso não deveria ser avaliado apenas em relação ao faturamento anual, mas também no impacto social que a empresa gera no ecossistema em que está inserida. Criar um bom ambiente de trabalho e uma boa cultura corporativa que apoie e integre pessoas com jornadas e experiências de vida diferentes precisa ser considerado nesse balanço.

Todos já recebemos chances um dia e podemos abrir as portas para quem também almeja uma oportunidade. Formar e qualificar pessoas é uma retribuição ao que já nos foi oferecido em algum momento da jornada, além de ser estratégico para o crescimento e a retenção de colaboradores.

*Jeniffer Deus é diretora de operações da Sofist

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