Transformação digital impulsiona crescimento da WSO2
Empresa espera resultados de dois dígitos em ano incerto, diz Fernando Arditti, VP da WSO2 na América Latina
Apesar das incertezas econômicas e políticas que assolaram o mercado de tecnologia no início de 2023, a WSO2 acredita que fechará o ano com crescimento por volta de 30%. O número, visto como tímido após um resultado de 72%, é bastante positivo para Fernando Arditti, gerente geral e VP da companhia na América Latina, que faz questão de frisar que não passaram por layoffs nos últimos meses.
Em entrevista ao IT Forum, o executivo afirma ver uma mudança de paradigma no Brasil, com as discussões sobre APIs e gestão de identidade saindo das áreas técnicas e chegando aos mais altos escalões das empresas no país.
“Foi um começo de ano com muita incerteza. Nessa segunda fase do ano, eu já fico mais otimista. As empresas tiveram uma cautela nas contratações no início do ano. O ciclo de compra das empresas se tornou um pouco mais extenso e a escolha de soluções e produtos das empresas comprando esse tipo de serviços e produto se tornou um pouco mais criteriosa. Tudo isso contribuiu para uma desaceleração das vendas no início do ano”, diz ele.
Confira a entrevista completa:
IT Forum: A transformação digital continua sendo pauta após a pandemia?
Fernando Arditti: A WSO2 participa de uma indústria que sofreu grande volatilidade esses últimos anos. Foi interessante essa trajetória: antes da pandemia já estava indo bem e quando a pandemia chegou ninguém sabia muito bem o que iria acontecer com essa indústria.
Tivemos o boom no setor de tecnologia, todo mundo contratando, as empresas hipervalorizadas por questões onde todo mundo teve que se adaptar remoto.
Depois da pandemia, houve muita adaptação com a questão da volta ao normal. Um normal um pouco diferente, mas uma volta gradual e isso mexeu um pouco com a indústria, mexeu um pouco com as expectativas de mercado, as empresas de tecnologia tiveram grande impacto na hiper contratação e teve que se readequar aos volumes e as expectativas de mercado atuais e que estamos vivendo agora.
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Na WSO2, não tivemos esse problema. Crescemos bastante: ano passado tivemos alta de 72% na América Latina. E, em nível global, por volta de 20%. E em 2021 crescemos 52% na América Latina.
Depois da pandemia, a gente não fez nenhum layoff. Mantivemos a nossa equipe e a nossa trajetória de crescimento ainda permanece.
IT Forum: Qual a previsão de crescimento para 2023?
Fernando Arditti: Pensamos em um crescimento um pouco mais conservador, mas continuaremos crescemos. Ainda acima da média global da empresa. É um mercado que ainda está em ascensão. A gente projeta por volta de 30% esse ano.
Foi um começo de ano com muita incerteza. Nessa segunda fase do ano, eu já fico mais otimista. As empresas tiveram uma cautela nas contratações no início do ano.
O ciclo de compra das empresas se tornou um pouco mais extenso e a escolha de soluções e produtos das empresas comprando esse tipo de serviços e produto se tornou um pouco mais criteriosa. Tudo isso contribuiu para uma desaceleração das vendas no início do ano.
Na segunda parte do ano, toda essa reserva vai acabar sendo usada. Ficaram alguns orçamentos sobrando para ser usados esse ano e esse segundo semestre será um pouco melhor.
IT Forum: Quais os motivadores desse crescimento na América Latina?
Fernando Arditti: Um motivo específico foi o governo. Tivemos um investimento forte em governo e isso ajudou a impulsionar a região. Mas a gente atua em praticamente todos os setores porque é uma plataforma de integração digital.
E as empresas podem variar de tamanho. Trabalhamos muito com governo, tecnologia de telecomunicações e em setores desde varejo até montadoras de carros.
IT Forum: O governo brasileiro teve que se adaptar rapidamente na pandemia. Esse movimento aconteceu na América Latina como um todo?
Fernando Arditti: A minha região vai do México para baixo. Governo sempre é a duras penas porque envolve muita coisa – processo licitatório (você tem toda a concorrência, determinação do edital de como deve ser essa contratação, você tem certos limites que tem que trabalhar nesses contratos).
É sempre um processo mais moroso, mas a gente tem uma confiança muito forte nos parceiros que trabalhamos tanto no Brasil quanto no resto da América Latina.
A gente trabalha muito próximo dos parceiros. Mas o nosso negócio não é 100% com parceiros. Na América Latina, por volta de 80% dos clientes são por meio de revendedores.
IT Forum: O Brasil é o principal mercado da empresa na América Latina?
Fernando Arditti: Brasil seguido de México e da Colômbia. Nossa principal vertical é a plataforma de API management, que também tem a área de gestão de identidade. Isso é um diferencial nosso, porque muitas das empresas focam em uma parte ou outra, mas nós temos o benefício de consolidar essas duas coisas.
Também temos o BU de plataforma as a service, que também é separada em duas partes: gestão de aplicativos e chamadas de API e para a gestão de identidade de acesso.
IT Forum: O que os clientes brasileiros estão buscando?
Fernando Arditti: Antigamente, essas soluções de integração e gestão de APIs e de identidade eram muito vistas somente pela parte técnica. Você trabalhava com um engenheiro, com um desenvolvedor e olhava muito para isso e eles recomendavam internamente soluções para as empresas adaptarem.
Eu estou vendo um movimento no Brasil agora mais no alto nível. A gente vê CISOs, CTOs, pessoas de business olhando para otimização do negócio por meio das plataformas de transformação digital. Eles estão olhando como podem trazer para o negócio.
IT Forum: Como vocês buscam atingir mais clientes para manter o crescimento?
Fernando Arditti: Estamos lançando uma campanha para startups, o WSO2 for Startups. Se você qualifica como uma startup, pode fazer o registro no site e a gente dá 12 meses de acesso ao software Choreo gratuitamente para a aceleração dos negócios. É um programa global e a gente já teve algumas inscrições na América latina.
Além disso, a WSO2 está investindo no suporte e presença no Brasil e América Latina. Temos planos para aumentar a rede de suporte localmente. No último um ano e meio, começamos um processo de estruturar um time de suporte na América Latina, baseado na Argentina.
Temos por volta de 15 colaboradores atendendo os clientes em espanhol, português e inglês. A ideia é crescer esse time agora na segunda parte desse ano e em 2024 – e estamos buscando crescer também no Brasil.
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