Telecom: os novos desafios pós-consolidação
Especialistas dão detalhes das principais tendências do mercado de telecomunicações
O mercado de telecom atravessou um importante processo de consolidação no ano passado com a incorporação da área móvel da Oi pelos seus concorrentes Claro, TIM e Vivo. Os efeitos desse movimento coincidem com os esforços para a expansão do 5G e com um cenário macroeconômico favorável. Agora, é hora de avançar com novas ofertas de serviços digitais, de Internet das Coisas (IoT), da fibra óptica e garantir uma melhor composição de assinantes pós-pagos.
Na avaliação de Bruno do Amaral, analista da S&P Global Market Intelligence, o protagonismo do 5G no mercado móvel não está muito distante. Ele observa que a tecnologia obteve uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 15% de agosto de 2022 até o mesmo mês de 2023. A expectativa era de que até o final do ano superasse o total de assinantes 2G e 3G.
Além disso, também na comparação anual, todas as adições líquidas do País em agosto de 2023 (8,1 milhões em junho e 11 milhões em agosto) foram assinaturas 5G enquanto o 4G perdeu clientes nessa mesma proporção. Amaral lembra que haverá mais ofertas com o lançamento das operações de pequenos provedores, como Brisanet e Unifique, com 5G na faixa de 2,3 GHz.
A previsão com a qual trabalha a S&P Global Market Intelligence é de que os assinantes da indústria poderão crescer a uma taxa anual de 1,1% de 2023 a 2033, atingindo 279,1 milhões em uma década. A porcentagem da população com assinatura móvel poderá passar de 116% para 123,3% em 2033.
Economia
Para João Pedro Soares Carneiro, diretor de Relações com Investidores e Macroeconomia da Vivo, a evolução do cenário macroeconômico está favorecendo um crescimento econômico vigoroso e dado destaque ao Brasil em relação aos demais mercados emergentes valorizando a moeda. “Estamos confiantes de que esses fatores contribuirão para a evolução dos nossos negócios”, acredita.
A operadora vai prosseguir com sua estratégia de conectividade que combina fibra e móvel em uma oferta convergente, o Vivo Total. O produto representou quase 80% das altas em FTTH nas lojas físicas próprias no terceiro trimestre, com churn mensal de 0,44% no período – valor bem inferior quando comparado aos mesmos serviços de forma isolada.
A estratégia é direcionar investimentos para a ampliação da “maior rede de fibra do País”, chegando ao final de 2024 a 29 milhões de domicílios passados. E, claro, seguir com a acelerada expansão da rede 5G.
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No terceiro trimestre, a receita móvel da operadora atingiu R$ 9,3 bilhões, avançando 9,4% sobre o mesmo trimestre em 2022, fortemente impulsionada pelo pós-pago. No segmento fixo, o destaque foi justamente o desempenho da receita FTTH que atingiu R$ 1,6 bilhão no trimestre, com aumento de 15,1% no período.
Com a conectividade avançada, a Vivo que ampliar a oferta de serviços digitais nos mais diversos segmentos, como financeiro, educação, saúde, casa inteligente, entretenimento, além de novos dispositivos e soluções às empresas.
No segmento financeiro, uma das apostas da operadora é o Vivo Money, produto de empréstimo pessoal e que, de acordo com Carneiro, movimentou R$ 307 milhões no final do terceiro trimestre. A vertical de serviços financeiros como um todo teve crescimento de 45% no ano totalizando R$ 106 milhões no período.
“Essas novas fontes de receita, que incluem serviços digitais B2B, financeiros, OTTs de vídeo e música, estão progredindo rapidamente e ganhando cada vez mais relevância sobre a receita total da companhia”, diz o executivo.
Parcerias
A TIM, por sua vez, acredita que os pesados investimentos em infraestrutura feitos nos últimos anos trarão grandes oportunidades. “Acabamos de levar nossa rede 4G para todos os municípios e seguimos como líder no 5G, o que deve impulsionar novos negócios no B2C e B2B”, comenta Fábio Avellar, VP de Receitas da TIM.
Para o consumidor final, a empresa quer manter a aposta em ofertas disruptivas e parcerias, agregando mais valor aos planos. Como exemplo, ele cita o recente acordo firmado com a Ambev por meio do app de entregas Zé Delivery. “Outras iniciativas, em áreas como saúde e educação, já entregam resultados relevantes e serão ampliadas em 2024”, ressalta.
Essas alianças são fontes também para o B2B. No agronegócio, por exemplo, a proposta da empresa é de chegar a 20 milhões de hectares cobertos com 4G este ano. Ela também se destaca na conectividade nas estradas, incluindo o maior eixo viário do País.
“Para 2024, vamos expandir ainda mais as ofertas para o segmento corporativo, por meio da maior rede de IoT”, garante o executivo. Ele conta que as parcerias com clientes de diversas verticais já somam contratos de mais de R$ 300 milhões nos últimos 18 meses.
A inteligência artificial ganhou um lugar especial na operadora em sua própria estrutura interna. Ela quer otimizar processos e automação na organização, incluindo atendimento ao cliente. Já foi iniciada a primeira fase e resultados já foram obtidos.” Já tivemos a redução de 30% no tempo médio de atendimento”, afirma Avellar.
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