SXSW: avanços, escolhas e nosso papel frente às novas tecnologias
Nos dez dias do festival SXSW, deu para ver desde tecnologias como deepfake até avanços em IA para garantir sustentabilidade
Não é fácil para o participante do South By Southwest definir a própria programação em meio a tanto assunto interessante nas mais de 350 sessões da 37ª edição. Um dos maiores eventos do mundo quando se fala em educação, inovação, tecnologia, cultura e entretenimento juntos, o SXSW teve 25 trilhas de conteúdos.
Reuniu participantes diversos, desde o ator Robert Downey Jr., o Homem de Ferro, a Greg Brockman, cofundador da OpenAI, empresa criadora do ChatGPT, passando pela banda New Order, pela autora best-seller Priyanka Chopra Jonas e tantos outros. Uma curadoria prévia é importante para otimizar a experiência, embora seja inevitável a sensação “eita, perdi esta” após os dez dias do festival, encerrado no último domingo.
Mas a vida é feita de escolhas. E este texto é sobre elas.
Muito se fala dos riscos do avanço das tecnologias. Os impactos nas relações pessoais, o consumismo desenfreado, a exacerbação dos sentidos, a redução de postos de trabalho, os desafios éticos e morais da Inteligência Artificial… a lista é longa. Inclusive um desses perigos rendeu um interessante painel no SXSW: deepfake. Imagine só ter o seu rosto em um vídeo totalmente aleatório e difamador, ouvir sua voz dizendo coisas jamais ditas.
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A conferência Deepfakes: a principal ameaça à segurança nacional, liderada por Rijul Gupta, CEO da DeepMedia, falou dos riscos das desinformações, onde até altos escalões de governo são influenciados por vídeos fakes cada vez mais sofisticados, inclusive utilizando personalidades como os presidentes Joe Biden e Volodymyr Zelensky. Em tempos de conflito, podem ser gatilhos preocupantes.
O debate também mostrou como indivíduos, empresas e governos podem se preparar para o futuro e ficar à frente dessa tecnologia.
Mas a tecnologia, capaz de provocar tanto mal, é também responsável por descobrir a cura de doenças, é aliada no combate à fome, é salvação para o meio ambiente, com soluções de impacto frente a desafios globais, como a necessidade de redução da pegada de carbono em processos produtivos e a criação de novas fontes de energia limpa. É capaz de frear fake news, fortalecer democracias, educar e proporcionar tantos outros benefícios. É escolha nossa usar a tecnologia para o bem ou o mal.
Greg Brockman, da OpenAI, citado acima, é otimista. Para ele, “a IA generativa será usada para amplificar todos os aspectos da vida e se tornará a nova fronteira para a maioria das áreas, especialmente a criação de conteúdo”. Kevin Kelly, fundador da revista Wired, mantém o tom. “Ninguém perderá o emprego atual por causa da IA. Em vez disso, as versões atuais servem principalmente como parceiro, estagiário e assistente”, declarou.
Como bem disse em um dos painéis a futurista Amy Webb, CEO do Future Today Institute, em um dos painéis, as tecnologias não devem ser proibidas ou banidas, mas sim estudadas. É responsabilidade dos governos e outras lideranças educarem e ensinarem seus cidadãos para o melhor uso.
“A falta de democratização do conhecimento a respeito de novas tecnologias poderia levar a uma ruptura social, entre quem sabe usar e quem não tem acesso às ferramentas que devem ser cruciais para novos empregos”, disse Amy.
A sua empresa ou onde você trabalha tem apoiado essa democratização de conhecimento? Tem investido em sustentabilidade? E você e eu, que escolhas temos feito para tornar o mundo um lugar melhor? O futuro é a escolha do nosso presente.
*Eduardo Peixoto é o Chief Executive Officer do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (CESAR)