Sua empresa já está preparada para a Black Friday 2024?
Planejamento deve ser feito com antecedência para evitar erros
Apesar de ser uma data estadunidense, a Black Friday já se tornou uma das datas mais importantes do varejo brasileiro. Mas, para que a data seja proveitosa, a tecnologia e o planejamento devem estar em dia muito antes de novembro.
“Planejar-se com antecedência para a Black Friday é crucial por diversos motivos. Primeiramente, é um dos maiores eventos varejistas do ano, o que faz a demanda por produtos e serviços aumentar significativamente. Ou seja, precisamos garantir que nossos sistemas estejam preparados para garantir uma experiência segura e estável para os clientes”, comenta Felipe Avila, diretor de Tecnologia da Livelo.
Outro detalhe importante é que o período em que a Black Friday acontece é curto. Com isso, a preparação é essencial porque as falhas ocasionadas nessa campanha podem atrapalhar a experiência do consumidor, que se planejou durante meses para realizar uma compra, ou até mesmo gerar problemas financeiros para a empresa.
Americo de Paula, head Latam de soluções de arquitetura da AWS, diz que, dependendo do nível de maturidade do varejista, é preciso pensar em como seria a projeção para o próximo ano. O que será necessário em termos de recursos e quais são os sistemas que ainda não estão em um processo escalável com segurança.
“O que ajuda as companhias é revisar todos os sistemas tecnológicos, as aplicações, identificar as prioridades, o que aconteceu de certo ou errado e como foi a experiência do cliente. Costumamos a olhar se alguém esperou na fila, se a compra era suficiente personalizada para o cliente e olhamos o back-end, como as aplicações por trás estão conectadas e se estão suficiente preparadas para suportar a data”, explica o especialista a AWS.
Um dos grandes erros percebidos pelos consumidores é a queda dos servidores. Para o especialista, isso tem a ver com não se planejar. “Quando fazemos o planejamento prévio de arquitetura e pontos vulneráveis, é justamente para preparar a companhia para que isso não aconteça. Os grandes erros acontecem por deixar para a última hora e achar que conseguirá fazer tudo em menos de um mês.”
Faz parte desse processo realizar simulações em relação a escalabilidade. Os servidores realmente conseguirão ir de 500 mil visualizações para um milhão e meio de acessos de forma automática?
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Outro erro, citado pelo executivo da Livelo, é o fato de alguns varejistas focarem somente no lucro e nas vendas durante esse período promocional, esquecendo-se de prezar pela experiência do cliente. Pensar somente nas métricas internas e no faturamento fará com que, no longo prazo, a empresa seja deixada para trás pela concorrência.
Gabriel Gomes de Oliveira, membro do IEEE, também cita a importância do planejamento de cibersegurança, de proteção de dados, de proteção de redes, dentre outros aspectos que envolvam a questão de tecnologia, além de fatores além da TI, como colocar mais funcionários na loja, seja presencial ou virtual, contratar um serviço de segurança maior, contratar um serviço atípico.
Entretanto, os varejistas ainda têm algumas dificuldades, conforme demonstra Rennan Sanchez, CTO da Skyone:
- A previsão do comportamento do consumidor. Como cada edição é única, com padrões de compras que mudam consideravelmente de um ano para o outro, antecipar a reação dos consumidores é um ponto delicado. No entanto, a tecnologia desempenha um papel fundamental, principalmente com a ajuda da Inteligência Artificial. A utilização de análise de dados e IA permite aos varejistas – e as demais empresas que participam dessa cadeia de produção – antecipar padrões de compra, ajustar estratégias com base em indicadores de mercado e otimizar a oferta de produtos.
- Demandas digitais inesperadas e escalabilidade. Principalmente no ambiente digital, as demandas podem superar as expectativas. Além disso, a disponibilidade de estoque e estimativa correta de prazo de entrega dos produtos podem agravar a experiência negativa se a empresa não estiver preparada para disponibilizar informações corretas e em tempo real. A preparação tecnológica é essencial para lidar com todas as adversidades que podem acontecer. Garantir a escalabilidade dos servidores, adotar soluções em nuvem e otimizar a infraestrutura digital são algumas das medidas cruciais para garantir que os resultados desejados sejam alcançados, independentemente do volume de acessos.
“O time de TI é responsável por oferecer o que há de mais novo no mercado de tecnologia do ponto de vista de continuidade. Durante a Black Friday, as empresas precisam construir sistemas escaláveis e confiáveis que estejam em sinergia com a alta demanda. Também é importante prezar pela tecnologia de distribuição de carga e equilibrar tudo o que for feito de maneira síncrona e assíncrona. Por fim, fazer com que as estratégias de desenvolvimento de softwares tenham um custo razoável e consigam retornar ao padrão assim que toda a demanda acabar são cruciais para que tudo flua conforme o esperado”, resume Avila.
Sanchez concordar ao dizer que os varejistas precisam adotar uma abordagem 360º, aproveitando as tecnologias disponíveis para além do escopo tradicional do varejo. É importante que essas empresas atinjam uma maturidade de dados, incorporando a IA para analisar dados confiáveis de maneira eficaz.
“Se um varejista ainda não conseguiu extrair benefícios significativos dessas tecnologias, isso se torna um motivo convincente para investir e aprimorar suas capacidades analíticas. Além disso, a implementação de soluções robustas de cibersegurança é fundamental para proteger as transações e dados sensíveis durante o período movimentado da Black Friday”, alerta o executivo da Skyone.
Segurança em primeiro lugar
A cibersegurança, é deve continuar sendo, um dos pontos mais cruciais na tecnologia. Para Oliveira, do IEEE, existem muitas invasões, vulnerabilidades e muitas pessoas acessando a deep web para fazer ataques, trazer prejuízos. “Imagine só em um momento atípico como este, a empresa estar vulnerável, ela tem perdas enormes. Em um momento tão oportuno, no qual ela pode liquidar todo o seu saldão, girar a manivela ou a roda para o consumo, para o lado financeiro, para que ela atualize o seu estoque, esse é um prejuízo imenso.”
Segundo ele, é importante frisar que vivemos mudanças aceleradas, a cada momento sai uma tecnologia nova, nossa sociedade quer viver a era da digitalização, com cada vez mais equipamentos novos e atualizados, então é importante que a empresa esteja atualizada.
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Outro ponto relevante para a data são as tentativas de fraudes. Nesses casos, a Inteligência Artificial generativa poderá ser um divisor de águas. De acordo com o executivo do SAS, muito além da geração de conteúdo, a tecnologia traz a oportunidade de criação de dados sintéticos.
“Quando você faz um modelo estatístico de fraude, você só conhece as fraudes que aconteceram. Mas, e aquelas que não foram bem-sucedidas? Os modelos estatísticos tradicionais ficam viciados nos dados que têm e pode ter vieses, como se tornar uma IA racista. Mas, ao usar a IA generativa para criar mais dados que preencham essa grande lacuna de informações que eu não conheço, ele gerará uma massa de dados de fraudes e não fraudes”, alerta Bueno.
Essa preocupação é especialmente importante pois em momentos de picos de transações, como a Black Friday, um padrão de transação normal ou fraude de dias normais pode não ser uma verdade. As regras não são as mesmas e, se não revistas, podem criar situações para o bem para o mal. Pode acabar com a experiência do cliente bloqueado ou pode liberar a venda e a loja tomar um golpe.
Cadeia de suprimentos: um desafio a parte
A pandemia trouxe fatores que os varejistas achavam que seriam imutáveis, como a presença massiva do e-commerce. Entretanto, o que está acontecendo é uma a adaptação a essa nova realidade, em que a experiência do cliente acontece tanto online quanto fisicamente.
O diretor de pré-vendas do SAS explica que as empresas estão dando novas utilidades para as lojas físicas, com transformações dos imóveis para melhorar a experiência do cliente e até a criação de pequenos centros de distribuição (CDs).
“A cadeia de suprimentos mudou. Para facilitar a logística, você começa a ter o CD tradicional e começa a usar uma camada para ficar mais próximo do cliente. Isso é drástico porque muda a forma como é planejada a cadeia de suprimentos. E, se souber fazer bem, a empresa consegue benefícios não só logísticos, como ter o melhor sortimento dentro do CD”, comenta ele.
O que os varejistas começaram a perceber, segundo o especialista, é que é mito arriscado concentrar o pico de vendas em um período tão curto. Por isso, a Black Friday passou de um dia para uma semana e até um mês. Isso faz bem para os negócios, pois você diminui o pico de vendas e estressa menos a cadeia de suprimentos.
“Não adianta reservar dez televisões no estoque e vender 100. Se o cliente não receber o produto no prazo que ele espera, terá uma experiência negativa. É preciso ter a previsão de demanda, além dos ganhos na margem, lucratividade e operação”, frisa Bueno.
Uma das inovações tecnológicas que podem ajudar na cadeia de suprimento são os gêmeos digitais. Com a IA generativa, é possível modelar a cadeia de suprimentos e simular alguns aspectos. Por exemplo, se uma indústria colocar mais açúcar no refrigerante, os custos aumentarão? A produção demorará mais? A entrega será mais devagar?
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