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Microsoft pode reportar bilhões de dólares em perda pela compra da Nokia

A Microsoft pode anunciar na quarta-feira (01/07) um write-off (termo financeiro que define a escrituração de uma perda decorrente de uma dívida não paga) de uma grande parte da aquisição Nokia. A possibilidade foi sinalizada em abril, quando a fabricante do Windows alertou investidores de que sua divisão do smartphones estava em um “risco elevado” de valer menos do que o preço atribuído a ela nos livros administrativos/contábeis. Nesses casos, as empresas são obrigadas a equilibrar as contas, tendo um efeito para compensar as diferenças.

“Os declínios nos fluxos de caixa futuros esperados, redução das taxas de crescimento futuro da unidade de negócios, ou um aumento na taxa de desconto ajustada ao risco usado para estimar o valor justo da unidade de Phone Hardware pode resultar em uma determinação de que é necessário um ajuste de deterioração, resultando em uma taxa potencial sobre lucros”, declarou a companhia à Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC), em 23 de abril.

A aquisição da Nokia foi um dos últimos movimentos feitos por Steve Ballmer, que deixou o cargo de CEO da Microsoft em fevereiro de 2014. O acordo, anunciado em setembro do ano anterior, tem sido reconhecido por analistas como algo extramamente necessário para que a companhia continue a figurar como um player no mundo móvel.

Contudo, a fabricante enfrenta fortes críticas por sua incapacidade de ganhar relevância no jogo de smartphones. Satya Nadella, atual líder da companhia fundada por Bill Gates, se opôs à compra.

A última vez que a gigante de Redmond relatou uma amortização tão grande foi em meados de 2012, quando assumiu um encargo de US$ 6,2 bilhões relacionadas a incorporação da aQuantive, realizada cinco anos antes. A companhia havia adquirido a empresa de marketing online por US$ 6,3 bilhões, no que se configurou em seu maior negócio até então.

Ironicamente, na segunda-feira (29/06), a Microsoft saiu de vez do negócio de publicidade online – com exceção de anúncios colocados nos resultados de busca do Bing, que continuará vendendo. O movimento se deu a partir de um acordo com a AOL, que assume as responsabilidades de vendas de propagandas nos Estados Unidos e outros oito mercados (incluindo Reino Unido, Canadá, Alemanha e Japão).

Cerca de 1,2 mil funcionários do grupo de publicidade serão migrados para a nova controladora, que tornará o Bing a ferramenta de buscas em seu canais, com Huffington Post e TechCrunch.

A write-off da Nokia pode ser tornado público com uma apresentação à SEC na manhã da quarta-feira (01), primeiro dia útil após o fechamento do ano fiscal da Microsoft, que se encerra em 30 de junho. Embora o movimento seja uma manobra contábil que não impacta efetivamente o caixa da organização – nenhum dólar está, de fato, sendo ‘queimado’ – o movimento admite um erro de supervalorização de uma companhia comprada.

Não se sabe de quanto será a depreciação relativa à aquisição da Nokia para equilíbrio de caixa. No documento à SEC, em abril, a Microsoft afirmou que transportou US$ 5,5 bilhões entre o preço de compra e os ativos reais da fabricante de telefones, que vieram junto de outros US$ 4,5 bilhões em “ativos intangíveis”. Especula-se que a depreciação ficará na casa dos US$ 5,5 bilhões, ou algum valor próximo disso.

O write-off seria mais um capítulo no movimento de reformulação da divisão de smartphones da Microsoft. Há algumas semanas, Stephen Elop, ex-executivo-chefe da Nokia, deixou a fabricante do Windows. Outros profissionais também saíram da fabricante do Windows na ocasião, em um movimento que veio junto a uma reorganização.

A depreciação do valor da Nokia também se encaixaria com o aviso feito na última semana por Nadella, que sinalizou o horizonte da fabricante. Em um e-mail enviado a funcionários, o CEO reforçou a necessidade da companhia: “Precisamos inovar em novas áreas, executar nossos planos, fazer algumas escolhas difíceis em áreas onde as coisas não estão funcionando e resolver problemas difíceis de maneiras que impulsionam o valor ao cliente”.

Alguns analistas acreditam que a Microsoft vai realmente fechar seu grupo smartphone ou sair da fabricação de aparelhos.

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