Metas são indispensáveis para sucesso de transformação digital

Segundo dia do FICO World 2023 discute KPIs e visões de futuro com novos modelos de trabalho

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1:10 pm - 18 de maio de 2023
Erica Dhawan, autora do livro “Digital body language” Erica Dhawan, autora do livro “Digital body language”

O segundo dia do FICO World 2023 começou com Bill Waid, Chief Product Officer da companhia provocando o público sobre como o avanço da tecnologia está sendo visto no mercado. “O que eu gostaria de fazer é dar um pequeno vislumbre de onde estamos indo, no que estamos trabalhando e deixá-los com algumas tendências para pensar. O primeiro ponto é sobre o que aconteceu na perspectiva de mercado com a pandemia. O que você vê no mercado tradicional e os impulsionadores de investimento. A lista de empresas mais valiosas mudou não somente na importância, mas também nos temas.”

Uma das discussões nos últimos anos foi sobre a melhoria da produtividade dos colaboradores. Ou seja, os clientes falam da tecnologia como uma plataforma que impulsiona os negócios. Outra dimensão também verdadeira, de acordo com o executivo, é o nível de colaboração. Existe um nível de coordenação e comunicação entre vários grupos que pode realmente trazer benefícios.

Entretanto, apesar de toda essa promessa tecnológicas, apenas 31% das organizações que fizeram uma transformação digital, tiveram crescimento de receita. Então, se as empresas dizem que usam tecnologia para impulsionar essa transformação, onde está a lacuna?

“Você não consegue encontrar ninguém que não esteja falando sobre aprendizado de máquina e IA e não esteja fazendo investimentos que não engloba transformação digital. Há também a promessa da nuvem. Cloud oferece serviços que, de outra forma, você não teria disponibilidade para obter essas iniciativas de transformação de negócios. No entanto, ainda há alguns tropeços em ser capaz de adotar essa hiperpersonalização. A manifestação disso e a condução real do resultado do negócio ainda são um tanto indescritíveis”, alerta Bill.

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E a razão para isso é muito simples, comenta Bill: “Toda a tecnologia do mundo, todo o processo que você coloca em torno disso, não tem sentido até que esteja realmente nas mãos dos resultados que impulsionam os negócios. E é uma das falhas fundamentais por trás da maioria dos investimentos em aprendizado de máquina e IA, que são de natureza acadêmica, é que o cientista de dados fica em segundo plano, analisa os dados, encontra recursos e diz que isso é muito preditivo. Este é um modelo incrível, mas nunca vê a luz do dia.”

Também estiveram presentes na sessão principal dois executivos da Dock, fintech brasileira. Antonio Soares, CEO da instituição, explicou que o regulador do Brasil é muito forte e que há muita competição e inovação. “Agora, temos o pagamento instantâneo. Esse é o novo método de pagamento. As instituições financeiras brasileiras sempre foram muito fortes. E acreditamos que tudo o que está acontecendo no Brasil é replicável para o resto da América Latina e provavelmente para empresas como a nossa. Podemos ajudar muitos estudantes americanos, latino-americanos a fazer diferente.”

Armando Junior, diretor de riscos da Dock, frisou a importância da parceria com a FICO. Segundo ele, a plataforma da empresa oferece a capacidade para diversos projetos, como um novo modelo de transações que aconteceu.

Reflexões para o “novo normal”

“Na era atual de disrupção e mudança, nossos ativos mais poderosos são como nos conectamos uns com os outros”. Assim iniciou sua palestra Erica Dhawan, autora do livro “Digital body language”.

A especialista define a inteligência “conexional” como a capacidade de revelar o que se sabe, obtendo valor comercial maximizando o poder das redes e de relacionados. “Nosso trabalho como líderes não é mais apenas ter conhecimento em um silo. Não é mais apenas para ler a linguagem corporal quando no escritório físico. Nosso trabalho como líderes é poder nos conectar com pessoas em qualquer silo, a qualquer distância e em qualquer canal digital, para realmente realizar grandes coisas”, diz ela.

Um dos maiores riscos para a transformação digital, comenta, é que não reinventamos os comportamentos de colaboração corretos para nos conectarmos de maneira verdadeiramente inteligente em nossa força de trabalho moderna.

Uma das dicas de Erica é valorizar o tempo com as pessoas. “No ambiente do trabalho moderno, é preciso dar valor ao tempo das pessoas, à agenda delas. Agora você pode visualmente também perguntar aos seus colegas, do que você mais sentiu falta quando trabalhava pessoalmente? Para que você saiba o que faremos de diferente quando estivermos juntos? Vou te dar um exemplo. Tenho um líder que dirigia reuniões de equipe no escritório que mudou completamente sua abordagem para valorizar sua equipe e maximizar a inteligência conexional. Ele sempre tem uma agenda clara. Ele faz perguntas na segunda-feira antes da reunião para que todos estejam prontos para responder no início da reunião.”

Em primeiro lugar, isso vai ajudar os introvertidos para estarem prontos para compartilhar. Em segundo lugar, fazendo com que todos falem suas ideias, os membros da equipe júnior sentem que suas ideias importam tanto quanto os membros da equipe sênior.

Valorizar os colaboradores também é entender que, no mundo de hoje, não apenas você já usou a linguagem corporal como a linguagem corporal digital. Por um lado, temos os nativos digitais e, de outro, aqueles que chamo de adaptadores digitais. E, cada um deles têm uma linguagem corporal digital diferente.

O mundo digital trouxe, também, mais reuniões do que nunca. Para que elas sejam mais bem sucedidas, Erika traz alguns questionamentos:

  • Isso realmente deveria ser uma reunião?
  • Todos estão envolvidos no assunto nos primeiros cinco minutos?
  • Eu posso fazer uma reunião mais curta?
  • Eu tive propósitos, objetivos ou agenda clara no convite da reunião?
  • Eu inclui os participantes online em uma reunião híbrida?
  • Eu deixei claro os próximos passos logo após a reunião?
  • Eu gravei a reunião caso isso seja útil para os que estão nela?

Por fim, Kate O’Neill, autora de livros como “A Future so Bright” and “Tech Humanism: how you can make technology better for business and better for humans”, afirma ser difícil planejar o futuro mas, com dados e tecnologia, cada decisão tomada se torna ainda mais impactante para o futuro.

“Entretanto, alguns conselhos podem ajudá-lo a pensar sobre tomar decisões claras, ter insights melhores e ser capaz de pensar mais sobre o que importa hoje e o que vai importar no futuro para planejar com mais confiança para o futuro”, diz a especialista.

Segundo ela, existem duas lentes para olhar o futuro: distopia e utopia. “E todos nós sabemos que a utopia não está realmente sobre a mesa. Ninguém realmente acredita que fará tantas boas escolhas, que estamos sempre vivendo neste cenário tão perfeito. Agora, o que isso nos deixa é: quão distópico é tudo o que lemos sobre todas as conversas que temos sobre ciência e tecnologia? Quão ruim tudo será?”, provoca.

Ela propõe, então, que esse modelo seja quebrado e reconstruído: o futuro é o tempo que está à nossa frente. Isso é, pelo menos, parcialmente conhecível e parcialmente previsível, pois tem ao menos uma parte dele moldado pelas ações e decisões tomadas hoje.

“Eu sinto que essa é uma maneira muito mais poderosa de pensar sobre o futuro. Agora eu sei que nem todas as decisões são nossas. Em muitos casos, estamos respondendo a externalidades. Temos mais controle ou menos influência do que costumamos reconhecer. O que precisamos é de uma maneira de entender o que a distopia versus utopia faz por nós: elas nos dizem as coisas com as quais nos preocupamos, tornando realidade aqui os riscos e malefícios. Em vez disso, proponho que usemos esse modelo de falar e pensar sobre o futuro com otimismo sobre o que podemos alcançar. E, ao mesmo tempo, precisamos ter uma visão de futuro estratégica, com disciplina e foco no rigor intelectual. Isso é o que chamo de transformação futura.”

*a jornalista viajou a convite da FICO

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