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Investimento em criptomoeda pelas empresas depende de economia forte

Após o anúncio da aquisição de US$ 1,5 bi em bitcoins pela Tesla ter sacudido tanto o câmbio desses ativos, quanto as ações da própria companhia, a especulação sobre a proximidade da adoção efetiva das criptomoedas pelas empresas voltou à tona.

É claro que não se pode desconsiderar o movimento de uma das companhias mais valiosas do mundo em direção às moedas virtuais, porém, a alta volatilidade desses ativos, que tiveram uma subida recorde de 17% no domingo e, já na terça-feira, despencaram 20%, mesmo percentual de desvalorização da Tesla na bolsa atualmente, mostram que essa modalidade de investimentos ainda está longe de se concretizar para um mercado que atravessa uma crise estrutural como a pandêmica.

A companhia de Elon Musk explicou que decidiu investir parte de seus rendimentos em bitcoins por considerá-los ativos de reserva, tal qual barras de ouro, por exemplo, apostando num futuro em que as criptomoedas serão aceitas também como meios de pagamento e, consequentemente, se valorizarão. Ou seja, independente da evolução do investimento, a companhia passa uma segurança de que não vai precisar desse US$1,5 bi em curto prazo, algo extremamente raro nos tempos atuais.

Leia mais: Pandemia transforma mercado e faz investidores acordarem para criptomoedas

Isso porque, ainda que, em sua concepção original, a principal função das criptomoedas tenha sido a de criar um câmbio paralelo ao dinheiro tradicional, até hoje, elas têm funcionado como ativos para pessoas físicas e jurídicas.

O caso da Tesla é bastante interessante para desenharmos um cenário de aplicação futura dos criptoativos no mercado brasileiro. O principal ponto é compreender que o Banco Central ainda não os reconhece como dinheiro e, portanto, não atesta lastro sobre eles. Dessa forma, a primeira recomendação para empresas que desejam diversificar os investimentos seguindo o exemplo de Elon Musk é compreender os riscos que envolvem as operações, que fogem do convencional em termos de garantias sobre flutuação cambial.

Isso dito, o segundo passo é pensar sobre a saúde financeira da sua empresa. Uma vez que as criptomoedas são classificadas hoje pela Receita Federal enquanto bens, tributando os contribuintes que as adquirem apenas se obtiverem lucro ao vendê-las, pode ser interessante começar a investir nesse meio já que, por conta da queda da taxa Selic, apenas a renda variável tem se mantido atraente.

Nesse sentido, a dica aqui é seguir a mesma lógica de investimento dos dividendos da sua companhia em outros ativos, como uma casa ou um carro, por exemplo. É preciso que seu caixa tenha reservas suficientes para lidar com eventuais emergências, o que, no cenário atual de recessão, torna a possibilidade de fazer das criptomoedas uma segunda opção na carteira de pagamentos talvez tão distante quanto as viagens comerciais para Marte programadas pela Tesla.

* Edino Ribeiro Garcia é especialista tributário da Synchro

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