Pandemia transforma mercado e faz investidores acordarem para criptomoedas

Especialistas falam sobre efeito do halving do bitcoin e pandemia sobre mercado de criptoativos

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1:04 pm - 13 de junho de 2020
Bitso criptomoedas

Há cerca de um mês aconteceu o terceiro halving do Bitcoin. Isso significa que, a partir de agora a emissão destas criptomoedas caiu pela metade, sendo emitidos 6,25 a cada dez minutos, em vez de 12,5. Essa ação acontece a cada quatro anos e, historicamente, tende a subir o valor dos bitcoins.

Em meio à pandemia de Covid-19, uma das maiores crises do século, o mercado de criptomoedas também está passando por transformações. De acordo com Fabrício Tota, diretor do Mercado Bitcoin, o coronavírus acelerou a consolidação das criptomoedas, especialmente do Bitcoin, como classe de ativos. “A resposta dos bancos centrais à pandemia, com a maior injeção de liquidez já vista, contraposta à ideia de emissão de novos Bitcoins, que é conhecida, controlada e que vem se reduzindo ao longo do tempo, mostra que esse ativo pode de fato servir como proteção em momentos de estresse. E o comportamento dos preços do Bitcoin, descorrelacionado de outros ativos, também demonstra o poder da diversificação de um portfólio que utiliza Bitcoins em sua composição”, explica o especialista.

No início da pandemia, percebeu-se que a cotação das criptomoedas foi afetada, assim como todo o mercado de investimentos. No mês de março, o Bitcoin teve queda considerável, chegando a ser negociado a US$4 mil. Ainda assim, a recuperação, em relação a ativos tradicionais, foi mais rápida, e em junho já passou a ser negociado a mais de US$10 mil.

Com o halving, a expectativa é que haja menos resistência dos compradores para movimentos de alta das cotações, uma vez que a oferta de bitcoins é menor. Para Fabrício, é importante que este movimento seja analisado com cautela nos próximos meses, visto que não é um movimento pontual e pode afetar também a alta de outras criptomoedas.

infográfico bitcoinO protocolo original do bitcoin foi criado em 2008, por alguém ou um grupo sob o pseudônimo de Satoshi Nakamoto

A pandemia trouxe um crescimento na demanda deste mercado, impulsionado pelo volume de vendas de clientes que buscavam liquidez. “No momento subsequente, e até hoje, há um forte aumento em compras bem como de novos cadastros. Os investidores estão acordando para as criptomoedas”, afirma Fabrício.

Além disso, o isolamento social também transformou a forma como os consumidores lidam com compras e dinheiro. Agora, ele acredita que a sociedade esteja ainda mais inclinada a se beneficiar de carteiras digitais. “A ideia do dinheiro digital e sem fronteiras se torna mais natural”, acredita.

Daniel Coquieri, COO da BitcoinTrade, fala também sobre os impactos da pandemia para a corretora. “Percebemos um aumento considerável de novos clientes e mais depósitos entrando na corretora (em reais) de pessoas que estão querendo investir nesse setor. Tivemos um aumento de 40% novos clientes e volume negociado em maio de 220 milhões de reais, valor bem acima de março e abril, quando a pandemia começou.”

Para o executivo, as recentes transformações neste mercado não se devem apenas à pandemia, mas também a fatores como regulamentação do mercado e educação do investidor sobre o tema. Com a democratização do assunto, “pode acontecer que o investidor, que hoje não considera alocar uma parte do portfólio dele em criptoativos, enxergue nas moedas digitais uma oportunidade, devido às opções de investimentos com juros baixos e inflação alta no mundo todo”, completa.

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