Estudo: 69% da infra das empresas de TI no Brasil estará na nuvem até 2022

Projeções da Advance Consulting apresentadas durante o Sky.One Connect apontam aumento da taxa de migração de aplicações, inclusive ERPs

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8:41 pm - 21 de maio de 2021
gráfico de crescimento nas palmas das mãos

2021 será um ano “exuberante” para o mercado brasileiro de tecnologia da informação, com crescimento projetado de 14% – sendo que empresas de infraestrutura como serviços e nuvem terão crescimento acima de 30%. Os dados fazem parte de um estudo da Advance Consulting divulgado pelo consultor e CEO da empresa, Dagoberto Hajjar.

Os números foram apresentados durante o Connect 2021, evento virtual realizado esta semana pela startup Sky.One. Mais do que animadores para o mercado em geral, o entusiasmo com a computação em nuvem alegra a empresa, especialista em migração de aplicações legadas para ambientes de nuvem, principalmente grandes softwares corporativos, como ERPs.

“A grande questão é quem está aproveitando o crescimento do mercado”, disse o CEO da empresa, Ricardo Brandão. “Novas tecnologias estão mostrando crescimento muito mais acelerado, e novos modelos de negócio estão entrando [nas organizações] de forma mais rápida porque as empresas não querem fazer grandes investimentos em tecnologia de longo prazo.”

Brandão ressaltou, assim, o papel do ERP nesse contexto. Para ele, é necessário ao mesmo tempo manter o core das operações funcionando tanto levando para a nuvem as aplicações tradicionais como “principalmente integrando com novas” por meio de APIs.

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“Não tem como as fabricantes tradicionais [de software] darem conta de todas as necessidades das empresas se concorrem com startups”, disse o executivo, ressaltando a capacidade da nuvem de integrar novos serviços aos softwares de gestão por meio de APIs. Segundo ele, os ERP tradicionais on premise “não foram desenvolvidas para isso”.

O estudo da Advance prevê que 69% da infraestrutura das empresas de TI brasileiras estarão na nuvem até janeiro de 2022 – no momento são 63%. Agilidade (27%) e custos (19%) são os maiores benefícios, segundo Hajjar.

Exuberância do mercado

Se, segundo o estudo da Advance, o mercado brasileiro de hardware (4,1%), software (7,7%) e serviços de TI (9,4%) cresceu em 2020, mas abaixo de dois dígitos, enquanto o de nuvem não decepcionou. O maior crescimento foi em infraestrutura como serviço (IaaS), com 28,9%, seguido de plataforma (PaaS) com 21% e software (SaaS) com 18,2%. Isso mesmo depois de as expectativas por “um ano incrível” terem sido frustradas pela pandemia, disse Hajjar.

“Fechamos 2020 com crescimento de 10,4%, menos que os 20% previstos, mas um resultado exuberante se pensarmos em todas as adversidades ao longo do ano”, disse o CEO da consultoria.

Segundo o consultor, toda vez que há uma crise ou advento de mercado, por um lado há empresas crescendo muito ao se aproveitar das oportunidades geradas e, por outro, organizações surpreendidas indo mal ou muito mal. É a chamada “polarização do crescimento”. Em 2020, por exemplo, 13% das empresas cresceram acima de 30%, enquanto 4% caíram 30%.

A maioria absoluta (48%) das empresas de TI brasileiras, no entanto, cresceu entre 1 e 14% durante 2020, e 15%  cresceu entre 15 e 29%. “É o dinheiro mudando de mãos. A pizza não cresceu, mas o pessoal do verdinho [no gráfico] está comendo dois pedaços e o pessoal vermelho está ficando sem pizza alguma”, disse Hajjar.

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Em termos de investimento também houve polarização. Enquanto 22% das empresas demitiram funcionários durante a pandemia, 47% contrataram. 38% das empresas investiram em mais marketing (29% investiram menos), e 43% aumentaram investimentos em vendas (17% reduziram).

“É um mercado em que a falta de mão de obra é crônica, e as empresas que por questões financeiras tiveram que demitir colaboradores terão enorme dificuldade de se recuperar”, disse o CEO da Advance.

Para 2021 as expectativas são melhores, considerando que a vacinação coloca entre as expectativas dos executivos brasileiros do setor de tecnologia o fim da pandemia, sem retrocesso dos investimentos em tecnologia. A expectativa de crescimento é 14,6% para o mercado de TI de modo geral. Quando se trata do crescimento das próprias empresas os executivos entrevistados pela Advance são mais otimistas: esperam 26,6% de crescimento.

“Seguramente atingiremos 16,5% [de crescimento] só olhando o histórico. Se eu quisesse ser agressivo diria que dá para chegar aos 20% sim”, disse Hajjar, considerando as projeções matemáticas feitas pela consultoria. “É um momento na área de tecnologia nunca antes visto. É uma grande oportunidade.”

O estudo da Advance pode ser consultado nesse link.

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