Empresas brasileiras investiram 8,2% de suas receitas em TI em 2020

Índice observado por pesquisa anual da FGV representa aumento em relação aos investimentos e gastos do ano anterior

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6:01 pm - 20 de maio de 2021

Em média, 8,2% das receitas de médias e grandes empresas no Brasil foram convertidas em gastos e investimentos em TI durante o ano de 2020. O dado é parte da 32ª edição da pesquisa anual do Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da Fundação Getulio Vargas (FGVcia) sobre o mercado brasileiro de TI, divulgada nesta quinta-feira (20).

O índice leva em consideração o gasto total destinado a TI, a soma de todos os investimentos, despesas e verbas alocadas para tecnologia, dividido pela receita da empresa. Isso inclui equipamento, instalações, suprimentos e materiais de consumo, software, serviços, comunicações e custo direto e indireto com pessoal próprio e de terceiros em TI.

O resultado de 2020 foi um aumento em relação ao ano anterior, quando 8% do faturamento líquido de companhias foi aplicado na TI. Apesar de tímido, o aumento de 0,2% pode ser considerado positivo, em especial quando considerado o cenário de retração econômica enfrentado pelo País.

“Minha perspectiva era de até não crescer neste ano”, avaliou Fernando de Souza Meirelles, coordenador do estudo. “O crescimento significa que as empresas fizeram um esforço de transformação digital grande.”

Quando partilhado por setores de economia, o destaque fica para o segmento bancário, que investiu 16% das receitas em TI, e serviços, com 11,7%. Na ponta oposta está a indústria, com 4,8%, e comércio, com 3,9%.

Outro dos indicadores analisados pela pesquisa é o Custo Anual de TI por Usuário (CAPU), que chegou à média de R$ 48 mil em 2020. O valor leva em consideração gastos e investimentos em TI divididos pelo número de usuários da empresa e varia conforme o ramo. Nas empresas de serviços a média é R$ 60 mil, atinge R$ 106 mil para o ramo financeiro, R$ 44 mil em indústrias, e R$ 31 mil no comércio.

Colaboração virtual, ERP e projetos de inteligência

Além do índice total de investimentos em TI, o estudo também refletiu alguns dos impactos da pandemia entre empresas do País – especialmente no aumento da participação de alguns fornecedores de software citados pelos respondentes.

Com sua ferramenta de videochamadas, a Zoom foi o grende destaque da edição, surgindo como a empresa que mais cresce em participação em relação ao ano anterior. O software é usado por 40% das empresas respondentes como ferramenta de colaboração e videoconferência. Microsoft Teams (32%), Google Meets (18%) e outros (10%) também ganharam relevância.

Migração, implementação e integração de ERPs também figuram entre os principais projetos de TI avaliados pela pesquisa, e mostram, pela primeira vez, um equilíbrio entre SAP e Totvs: ambas têm 33% de participação no mercado. A divisão favorece a Totvs entre empresas menores e a SAP entre as grandes. Oracle (11%) e outros (Infor, Microsoft, MV e Senior), com 23%, completam o total da amostra.

Por fim, programas de inteligência analítica continuam sendo uma categoria de destaque no mercado brasileiro e lucrativa para fabricantes. SAP (25%), Oracle (16%), Totvs (15%), Microsoft (15%), Qlik (15%) e IBM (9%) disputam pelo mercado.

O estudo observa, no entanto, um fenômeno curioso: apesar do leque de possibilidades e de ferramentas modernas, 90% do uso de inteligência analítica no departamento financeiro das empresas ainda é o Excel. Parte da explicação, segundo Meirelles, está na complexidade destas ferramentas.

“Inteligência analítica é ferramenta que o pessoal de TI está usando, não migrou para o usuário final ainda”, pontuou. “O Excel domina porque é uma ferramenta fácil de usar, transparente. [As áreas de] finaças usam a inteligência analítica para gerar os dados que põem no Excel”.

Brasil tem dois dipositivos digitais por habitante

No fronte de produtos, a pesquisa registrou que o Brasil chegou aos 440 milhões de dispositivos digitais em uso corporativo e doméstico. O valor leva em consideração computadores, notebooks, tablets e smartphones, e já equivala a dois dispositivos por habitante.

Também no Brasil, já vendem-se quatro celulares por televisor – e um televisor por computador. Em 2020, a venda anual de computadores foi de 11 milhões, 8% menor que 2019. A tendência, no entanto, é de aumento para o próximo ano, puxado pelo aumento da demanda gerado pela pandemia.

A expectativa é também que, em breve, o País ultrapasse o marco de 200 milhões de computadores, ou 9,4 computadores por cada 10 habitantes. Por fim, no fronte de smartphones, o Brasil já tem 242 milhões de dispositivo.

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