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Como vai funcionar o consórcio IBM e FAPESP dedicado à pesquisa em IA?

É no coração da USP (Universidade de São Paulo), que a IBM e a FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) se preparam para sediar o primeiro Centro de Pesquisa em Engenharia em Inteligência Artificial do Brasil. A instalação, prevista para ser inaugurada no início de 2020, busca ser referência na pesquisa básica e aplicada em inteligência artificial em cinco áreas: recursos naturais, agronegócio, meio ambiente, finanças e saúde.

O consórcio orquestrado pela gigante de tecnologia e a FAPESP foi anunciado pela primeira vez no início deste ano, quando ambas firmaram a parceria. Nessa sexta-feira (4/10), durante evento na sede da IBM em São Paulo, a iniciativa oficializou a USP como a universidade que dará a geografia ao centro. Na prática, o consórcio terá o financiamento da IBM e FAPESP por um período de até 10 anos. Cada uma reservará até US$ 500 mil anualmente para implementação do programa. Já a USP investirá até US$ 1 milhão por ano em instalações físicas, laboratórios, professores, técnicos e administradores para gerir o Centro.

“A Inteligência Artificial reserva um grande impacto econômico”, sinaliza Ulisess Mello, diretor do Laboratório de Pesquisa da IBM Brasil. “Parte da missão deste centro é conjuntamente olhar o potencial da inteligência artificial com foco não só em pesquisa básica, mas com pesquisa aplicada nas indústrias que selecionamos, mas também no desenvolvimento de Recursos Humanos”, complementa.

A iniciativa é a maior parceria do Brasil entre uma empresa de TI e a academia para colaboração em Inteligência Artificial. A IBM conta com programas semelhantes em outros países, como é o caso de uma parceria com o MIT (Massachusetts Institute of Technology) e em outras universidades na China e Índia. O Centro de Inteligência Artificial na USP também será o primeiro da América Latina a fazer parte do IBM IA Horizons Network, criado em 2016 para promover a integração e colaboração entre as principais universidades do mundo, estudantes e pesquisadores da IBM.

Para além da USP

Apesar de ganhar residência na USP, Fábio Cozman, professor titular da Escola Politécnica da USP (Poli-USP) e nomeado diretor do Centro de IA, explica que o consórcio também terá participação de pesquisadores de outras universidades, como PUC, Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), Unesp (Universidade Estadual Paulista) e ITA (Instituto de Tecnologia Aeronáutica), assim como pesquisadores das áreas de Humanas e Ciências Médicas. “Nosso projeto não tem só componente tecnológico”, ressalta. “A inteligência artificial é uma área geral, que pode ser aplicada em diferentes setores e ela se beneficia de um substrato multidisciplinar muito importante. Ela tem impacto na saúde, economia, indústria 4.0. Então ter oportunidade de criar um centro que congrega várias pessoas te dá um potencial de grande impacto. O nosso objetivo aqui é levar a AI a um novo patamar, mas visando um benefício para a sociedade”.

Como se dará a colaboração

Um dos grandes desafios – e oportunidades – para avançar a pesquisa e desenvolvimento está em estreitar os laços entre academia e o setor privado. Segundo Ulisses Mello, a iniciativa não será unilateral – onde a IBM apenas investiria financeiramente. “Existe um modelo de financiamento onde se coloca o dinheiro ‘por cima do muro’. O que queremos fazer é algo diferente, queremos colaborar mesmo, colocar nossos pesquisadores juntos com a USP e do consórcio e ter um centro pró-ativo entre IBM e as universidades, desenvolvendo projetos conjuntos”.

“O programa da Fapesp apresenta algumas exigências. Uma delas é que o diretor do centro seja um pesquisador da universidade que sedia o centro e o diretor adjunto um pesquisador da IBM, que vai estar no centro todo dia. É isso que vai ajudar a ter um direcionamento na pesquisa que permaneça aderente aos objetivos do edital que são objetivos da IBM e da FAPESP”, complementa Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP.

Ao mesmo tempo, ao se aproximar da academia, a IBM assegura para si uma proximidade cujo impacto é difícil mensurar, no caso o capital intelectual.

“O projeto com o MIT está tendo um resultado fantástico. Eu acho isso fabuloso, a universidade tem uma competência enorme, a indústria tem e enfrenta problemas reais. Muitas vezes a gente vê problemas que pesquisadores da academia dizem que já estão fechados e quando a gente coloca na prática vê que não está ainda resolvido. Essa composição de competências e experiências é profunda e diferenciada. Existem poucas colaborações que existem desse jeito”, conclui Ulisses.

Para além dos pesquisadores de pós-graduação a serem beneficiados com bolsas de pesquisa no Brasil, a iniciativa também prevê o intercâmbio de pesquisadores de outros países que possam vir acelerar estudos e a inovação consequente.

 

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