Especialistas debatem impacto da IA no cinema e sugerem novo gênero de entretenimento

Mudanças no cinema impulsionadas pela inteligência artificial ainda são incertas, mas podem criar novas formas de narrativa interativa e democratizar

Author Photo
11:57 am - 16 de agosto de 2024
Imagem: Shutterstock

Embora a inteligência artificial ainda enfrente limitações técnicas e práticas no curto prazo, especialistas prevêem que os avanços poderão revolucionar profundamente a forma como filmes e programas de TV são produzidos.

Durante um painel na conferência SIGGRAPH, foram discutidos os impactos da IA no cinema e na produção audiovisual, com previsões de que novas experiências imersivas e interativas podem surgir à medida que a tecnologia evolui.

Nikola Todorovic, cofundador da Wonder Dynamics, destacou que as ferramentas de IA atuais são incapazes de substituir o trabalho humano em efeitos visuais complexos. A falta de editabilidade e a imaturidade das interfaces de usuário são obstáculos importantes.

Leia também: Para especialistas da USP, plano brasileiro de IA terá impacto significativo

“A falsa percepção de que a IA é uma solução de um clique, capaz de entregar uma cena final de efeitos visuais, é totalmente irreal. Talvez cheguemos a esse ponto no futuro, mas, sem a possibilidade de edição, essa ‘caixa-preta’ não oferece muito. O que estamos vendo agora é que a experiência do usuário ainda está sendo descoberta — essas empresas de pesquisa estão apenas começando a entender os conceitos de 3D e os termos usados na produção cinematográfica”, disse Todorovic.

Michael Black, do Instituto Max Planck, complementou a visão de Todorovic ao afirmar que muitos aspectos da criação visual e do comportamento humano são difíceis de serem traduzidos em comandos de texto, limitando a eficácia da IA em cenas detalhadas. Ambos concordam que a tecnologia ainda está longe de ser uma solução pronta para produções cinematográficas.

Além das dificuldades técnicas, Freddy Chavez Olmos, da Boxel Studio, ressaltou o potencial democratizador da IA, argumentando que ela pode permitir que cineastas de regiões menos privilegiadas acessem o mercado audiovisual global. No entanto, Black alertou que, mesmo com o acesso mais amplo às ferramentas, a qualidade das produções ainda dependerá da habilidade criativa dos realizadores. Ele comparou a IA a um carro potente que, nas mãos de um motorista inexperiente, não garante uma boa performance.

Apesar dessas limitações, Black vê um potencial revolucionário na IA, sugerindo que a tecnologia poderia criar um novo gênero de entretenimento, mesclando elementos de videogames, filmes e experiências da vida real. Ele acredita que esse formato interativo será uma evolução natural, em contraste com a narrativa passiva tradicional do cinema.

Porém, como destacou Chavez Olmos, antes de atingir esse estágio, a IA no cinema deverá passar por uma curva de aceitação semelhante à dos filmes totalmente gerados por computador, como “Final Fantasy” e “O Expresso Polar”. Já Black relembra as lições da Pixar, destacando que a qualidade das histórias e a conexão emocional com os personagens continuarão sendo fundamentais para o sucesso de qualquer produção, independente da tecnologia utilizada.

“Tudo se resume a conectar-se aos personagens. Trata-se de coração. E se o filme tem coração, não importa se os personagens são feitos por IA, acho que as pessoas vão gostar do filme”, disse Black. “Isso não significa que as pessoas não vão querer atores humanos. Há uma empolgação em saber que são humanos reais como nós, mas muito melhores que nós, ver um humano no auge de suas habilidades inspira a todos, e eu não acho que isso vai desaparecer”.

*Com informações do TechCrunch

Siga o IT Forum no LinkedIn e fique por dentro de todas as notícias! 

Tags:
Author Photo
Redação

A redação contempla textos de caráter informativo produzidos pela equipe de jornalistas do IT Forum.

Author Photo

Newsletter de tecnologia para você

Os melhores conteúdos do IT Forum na sua caixa de entrada.