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Cinco maiores desafios da liderança feminina no Brasil

De acordo com um levantamento do Insper, apenas 13% das presidências das organizações são ocupadas por mulheres no país; a especialista em desenvolvimento humano e autora do best-seller “O Poder da Simplicidade no Mundo Ágil” Susanne Anjos Andrade, explica sobre as dificuldades enfrentadas por mulheres líderes

Travada por uma série de questões, incluindo fatores culturais, a igualdade de gênero no Brasil caminha lentamente, e ainda está longe de se tornar uma realidade. Exemplos dessa desigualdade estão em toda a parte, assim como no mercado de trabalho, onde além das dificuldades existentes para a ascensão profissional de mulheres, há inúmeros
desafios para aquelas que conseguem alcançar um posto de liderança.

Apesar do Brasil estar acima da média global em relação a mulheres que ocupam cargos de chefia, conforme aponta uma pesquisa realizada pela Grant Thornton, parcela bem pequena chega ao topo da liderança em empresas brasileiras. Segundo levantamento feito pelo Insper, em parceria com a Talenses, apenas 13% das presidências das organizações são ocupadas por mulheres no país.

A especialista em desenvolvimento humano e autora do best-seller “O Poder da Simplicidade no Mundo Ágil” Susanne Anjos Andrade, conta que a resistência em relação à ascensão profissional feminina não está limitada aos cargos de CEOs: três em cada dez brasileiros admitem ficar desconfortáveis em ter uma mulher como chefe, conforme a pesquisa publicada pela Ipsos em 2019. “Esse número é comparável a países como Malásia e Índia, onde a resistência contra o protagonismo feminino são elevados”, diz.

Leia também: Mulheres e futuro do trabalho: a desigualdade de gênero será ainda pior?

Segundo levantamento de 2017 do Fórum Econômico Mundial, se a América Latina manter o ritmo atual na redução da desigualdade, serão necessários mais 77 anos para tornar a região mais igualitária. No Oriente Médio o mesmo patamar de igualdade só seria atingido após 161 anos.

Diante desse panorama, mulheres líderes enfrentam desafios diários e precisarão continuar com empenho extra para manterem-se em posições de destaque dentro das instituições.

Para nos ajudar a entender essa situação, abaixo a especialista lista cinco dos maiores desafios da liderança feminina no Brasil:

  • Falta de autoconfiança

Um dos grandes problemas enfrentados
pelas mulheres no mercado de trabalho ainda é a falta de autoconfiança. Como acaba sendo mais frequente que as trabalhadoras enfrentem muitos obstáculos para conseguir conquistar lugares de destaque, isso pode gerar certa insegurança.

“Esse sentimento, diante de si própria e do cargo que ocupam, dificulta o engajamento com os colaboradores e também pode frear os avanços profissionais. O líder precisa inspirar sua equipe, mas antes de tudo confiar em seu potencial e em sua tomada de decisões”, explica Andrade.

  • Escassez de cases

Num mercado competitivo e ainda dominado pela liderança masculina, há um déficit de cases de mulheres que venceram barreiras culturais e sociais para ocuparem lugares de destaque na liderança corporativa.

“Com essa lacuna às vezes é difícil que outras mulheres tenham esse despertar para sua capacidade de liderança corporativa e que também saibam como lutar para conquistar mais espaço nesse segmento”, diz.

  • Salários mais baixos

O salário é um ponto que precisa de muita atenção quando falamos deste tema. Sabemos que, entre os diversos problemas enfrentados pelas mulheres no mercado de trabalho de modo geral, e evidenciados em cargos de liderança, é normal encontrarmos salários mais baixos.

A especialista entende que ainda é muito comum no país que a remuneração das mulheres sejam menores se comparadas a de homens que exercem a mesma função. Mesmo em postos do alto escalão essa realidade se faz presente. “Isso pode interferir na desmotivação das mulheres, contribuindo também para manter a cultura organizacional enraizada na ideia de que as mulheres estão em desvantagem no mercado de trabalho”, explica.

  • Tempo de evolução

Persistência é uma característica indispensável para o êxito profissional feminino na atualidade, mas com os problemas causados pela desigualdade de gênero, e o maior tempo que as mulheres precisam despender para conquistarem seu espaço dentro das empresas, nem sempre elas persistem o tempo suficiente para chegar ao posto almejado.

“Para muitas mulheres, a desigualdade de gênero e salarial sofrida no mercado de trabalho é muito desanimadora. Mas, devemos entender a importância de não desistir e buscarmos sempre a força necessária para continuarmos batalhando pelos nossos objetivos e sonhos. Não devemos desistir do nosso trabalho se o amamos, o que precisamos é continuar lutando e mostrando a qualidade do nosso trabalho, buscando por igualdade e reconhecimento”, diz.

  • Falta de engajamento

A falta de comprometimento com as questões de gênero em muitas organizações é algo que ainda contribui para a desigualdade no campo profissional enfrentada pelas mulheres. Muitas vezes são replicados preconceitos e comportamentos culturais que precisam ser evitados e banidos do cotidiano.

Andrade entende que o mais importante nisso é ressaltarmos o “protagonismo”. Mesmo diante de toda essa realidade, quando uma mulher quer fazer acontecer para assumir a liderança, ela supera as barreiras, persistindo diante do seu sonho, o que ajuda a realizar.

“As mulheres têm buscando aliança dos homens nesse processo, homens modernos, desse mundo ágil e colaborativo, que estão mudando o mindset na perspectiva da diversidade e igualdade, entendendo a importância do papel das líderes nas organizações. Deve ser de todos o compromisso com a mudança cultural dentro da empresa para o respeito à diversidade como salto para a igualdade”, conclui.

*Por Susanne Anjos Andrade, autora dos best-sellers “O Poder da Simplicidade no Mundo Ágil”, lançado pela Editora Gente, e “O Segredo do Sucesso é Ser Humano”, e do livro digital “A Magia da Simplicidade”. É coach, palestrante e professora de cursos de MBA pela Faculdade de Informática e Administração Paulista (FIAP) em disciplinas sobre carreira, coaching e liderança. Também é sócia-diretora da A&B Consultoria e Desenvolvimento Humano, empresa que criou o “Modelo Ágil Comportamental”, e parceira da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-SP).

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