Apple, Disney e Walmart conversam com a Casa Branca sobre a proibição do WeChat

Grandes empresas dos Estados Unidos alegam que a proibição do aplicativo chinês, determinado pelo governo Trump, pode ser muito ruim para os negócios

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4:00 pm - 17 de agosto de 2020

Apple, Disney, Walmart, Goldman Sachs Group e Morgan Stanley, entre outras empresas americanas, participaram de uma ligação com a Casa Branca sobre uma ação contra o aplicativo mais importante da China, o WeChat.

As grandes empresas têm ligações importantes com o país e temem que os planos do governo Trump de restringir transações comerciais com a Tencent Holdings, detentora do aplicativo, prejudiquem competitividade na segunda maior economia do mundo.

De acordo com reportagem do Wall Street Journal, mais de uma dúzia de grandes empresas multinacionais dos EUA levantaram preocupações em uma ligação com funcionários da Casa Branca, na terça-feira. Os executivos se preocupam sobre o alcance e impacto potencialmente amplo da ordem executiva do presidente Donald Trump contra o WeChat, que entrará em vigor no final do mês que vem.

Medida semelhante se destina à proibição do aplicativo TikTok, da empresa chinesa ByteDance. “Os Estados Unidos devem tomar medidas agressivas contra os proprietários do TikTok para proteger nossa segurança nacional”, disse Trump sobre o assunto.

A proibição deverá valer a partir de 20 de setembro, poucos dias depois do prazo que a Microsoft deu para encerrar as negociações de compra dos negócios da empresa chinesa no país.

Segurança como argumento

Em discurso semelhante ao do presidente em relação à proibição do aplicativo de vídeos, um porta-voz da Casa Branca emitiu um comunicado sobre a ligação desta terça-feira dizendo que o governo “está comprometido em proteger o povo americano de todas as ameaças relacionadas à ciber-infraestrutura, saúde pública e segurança, e nossa segurança econômica e nacional”.

Ao anunciar a ação contra a Tencent, a administração Trump disse que o WeChat captura “vastas faixas de informação de seus usuários”, potencialmente expondo as informações pessoais de americanos e chineses que vivem nos EUA à exploração do Partido Comunista da China, diz a publicação.

O aplicativo WeChat é usado por mais de 1,2 bilhão de pessoas em todo o mundo. Utilizado por empresas, governo e consumidores, o aplicativo exerce funções variadas, como pagamentos móveis, mensagens, comércio eletrônico, comunicações oficiais. Ele também funciona como um centro de marketing vital para empresas de todo o mundo se comunicarem com seus consumidores no país.

“Para aqueles que não moram na China, eles não entendem como são vastas as implicações se as empresas americanas não tiverem permissão para usá-la”, disse Craig Allen, Presidente do Conselho Empresarial EUA-China. “Eles serão considerados em grande desvantagem para todos os concorrentes”, acrescentou.

Um objetivo da chamada com a Casa Branca era buscar clareza sobre o significado preciso da ordem executiva assinada por Trump na semana passada, de acordo com fontes do jornal a par do assunto.

Essa ordem barrou “qualquer transação relacionada ao WeChat” pelos americanos, mas deixou os detalhes do que realmente está proibido para o Departamento de Comércio resolver, diz o WSJ. As fontes também disseram que as empresas esperam que a administração restrinja o pedido à medida que ele for implementado nas próximas semanas.

Futuro incerto

Tanto a ByteDance quanto a Tencent afirmam que protegem a privacidade de seus usuários. Segundo o jornal, em uma teleconferência de resultados na quarta-feira, John Lo, Diretor Financeiro da Tencent, disse que a empresa acredita que o pedido de Trump se aplica apenas à versão internacional do WeChat e não ao mercado doméstico chinês.

Empresas americanas de entretenimento e esportes também demonstraram preocupações sobre o assunto, pois temem a possibilidade de serem cortadas de outros serviços digitais da Tencent. A National Basketball Association (NBA), por exemplo, tem um acordo com a Tencent para transmitir seus jogos na China.

A reportagem ressalta as tensões políticas e retaliações econômicas entre as potências. Pequim, se absteve, até o momento, de retaliar as sanções dos EUA, mas o Ministério das Relações Exteriores da China reagiu com raiva às restrições dos EUA ao uso de WeChat e TikTok, dizendo que Washington está “realizando manipulação e repressão política”, diz o WSJ.

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