Alaine Charchat, CIO da Reckitt: muito além da TI para transformar negócios

Há oito meses à frente da empresa de bens de consumo, executiva aprendeu desde o início da carreira que sua missão é ser forte aliada dos negócios

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8:37 am - 20 de julho de 2023
Alaine Charchat, diretora de TI para América Latina da Reckitt Hygiene Comercial. Foto: Divulgação

Alaine Charchat, diretora de TI para América Latina da Reckitt Hygiene Comercial, empresa multinacional de bens de consumo, englobando marcas famosas como Veja e SBP, iniciou sua carreira com um dilema vocacional. Seu pai a incentivou a trilhar o caminho da tecnologia, não só reconhecendo que esse seria o futuro, mas também uma boa opção financeira para ela. Alaine, então, aos 16 anos, ingressou na área, embora, reconhece, não fosse essa sua paixão verdadeira na época.

Depois de alguns anos, entrou no curso de Marketing na faculdade e apesar de nunca tenha atuado na área, conseguiu utilizar seus conhecimentos de promoção, produto e comunicação de forma mais criativa e integrada aos negócios e ainda como parte da sua rotina em TI. “Formei-me e nunca consegui sair de tecnologia. Eu precisava me manter financeiramente, mas esse movimento foi positivo, porque usei o que aprendi para tornar a área mais interessante. Descobri que poderia aplicar minha experiência acadêmica e me tornar uma ponte entre os diferentes setores”, conta ela.

Foi nessa fase que ela entendeu que, apesar de saber programar, ela não precisaria escrever código para ser bem-sucedida na área. “Passei a ser business partner, entendendo as demandas de negócios e traduzindo para a TI. Há muitos campos na TI. Inclusive, uso muito desse exemplo para que mulheres entendam que TI não é só programação”, reforça.

Foi com essa capacidade e visão que ela se destacou ao longo da sua carreira, impulsionando a inovação e o crescimento nas empresas em que atuou. Ela lembra uma experiência transformadora em sua trajetória. Na Unilever, sua primeira grande escola, conta, aprendeu a importância da estruturação e da governança dos processos, uma das marcas registradas da gigante de bens de consumo. Já durante sua passagem pela Diageo e Jacobs Douwe Egberts (JDE), adquiriu uma valiosa experiência em liderança, participando ativamente de transformações organizacionais e contribuindo para o sucesso dos negócios.

“A Unilever me ensinou a entender como fazer as coisas de forma mais estruturada possível, além de ter me aberto porta para a diversidade. Quando fui para a Diageo, tive mais experiência com as áreas de negócios. Levei o que eu aprendi de governança, processos e tecnologia e tive a oportunidade de ver um campo aberto e fértil. Fui inserida dentro do negócio, participei de transformação e tive a oportunidade de exercer esse protagonismo na minha carreira”, pontua.

Já na Johnson & Johnson, onde entrou como diretora de TI para América Latina e saiu como CIO para Consumer Health no Brasil, novamente a grande parceria com a área de negócios acenou como grande diferencial da sua trajetória.

“Agora da Reckitt, onde estou há oito meses, também estou conectada o tempo todo com os negócios. Não temos objetivo de entregar tecnologia A, B ou C, mas de crescimento de vendas, rentabilidade e market share e a tecnologia é um habilitador.” “Meu desafio é operar em um ambiente ágil e global, liderando equipes diversificadas e influenciando a estruturação dos negócios em nível mundial”, diz, completando que a mentalidade da Reckitt é de uma startup, o que facilita a gestão de ideias e inovações.

Alaine revela que, assim, o time de TI tem autonomia na Reckitt para testar, algo muito benéfico, e por ter a mentalidade de startup é possível mudar rapidamente a rota. Um exemplo citado por ela foi um piloto de 12 semanas. Nas duas primeiras semanas, o projeto não estava se provando. Com ajustes foi possível, ao final, justificar o investimento no projeto. “É importante ter esse espaço para errar. Estamos atraindo investimentos para pilotos e estou colocando a América Latina no centro disso.”

Liderança antenada

Formada em Marketing pela Universidade Veiga de Almeida, Alaine possui MBA em Gestão Empresarial pela FGV, e revela investir constantemente em educação continuada, obtendo certificações relevantes. Ela é certificada pelo Programa de Certificação Online da Harvard Business School em Estratégia Disruptiva, com foco em inovação e crescimento, e pelo programa para executivos seniores da Emeritus, em parceria com o MIT, sobre Transformação Digital: estratégias da plataforma para o sucesso.

Essa busca constante por conhecimento é um reflexo do comprometimento de Alaine com a excelência profissional, algo que ela procura, constantemente, promover em seu time. “Reconheço a importância de buscar educação adicional ao longo da minha trajetória e estou sempre à procura de oportunidades de aprimoramento, como a participação em eventos.” Além disso, ela busca equilibrar suas vidas pessoal e profissional, dedicando tempo para cuidar de si e de sua família. Sua recente experiência como mãe a ensinou a valorizar o equilíbrio e a dedicar tempo para o que é importante em sua vida.

“Quando eu estava grávida, eu dizia que não podia não trabalhar. Afinal, eu não podia ser vista como a grávida que não trabalha. Durante minha licença maternidade, fiz uma movimentação na Jonhson, e eu pensava que eu não ia conseguir, mas aceitei o desafio”, reflete ela.

Desafios e oportunidades

Hoje, um dos principais projetos estratégicos liderados por Alaine é a expansão do e-commerce e o fortalecimento da estratégia omnichannel na Reckitt. Ela menciona a importância de unificar os canais de vendas, integrando dados e melhorando a experiência do consumidor e o olhar para esses temas por parte também da TI. “Precisamos ser orientado por dados e utilizar tecnologias como inteligência artificial (IA) e machine learning para tomar decisões assertivas e impulsionar o crescimento sustentável dos negócios”, observa.

Além disso, Alaine está empenhada em desmistificar a IA e educar sua equipe, e toda a empresa, sobre as possibilidades e os benefícios da tecnologia. Ela acredita que, ao promover uma compreensão mais ampla e consciente das tecnologias, é possível superar o medo e aproveitar seu potencial de maneira regulamentada e eficiente. “As pessoas precisam entender que IA não é o que você está vendo em Black Mirror. Ela pode ser muito poderosa. Claro que tem discussões de regulamentações etc, mas temos de pensar que não vamos conseguir desacelerar. AI está aí e precisamos evoluir, usando a tecnologia de forma eficiente.”

Suporte constante ao time

Enfrentar os desafios da diversidade geracional também é uma preocupação de Alaine. Com uma equipe composta por profissionais de diferentes faixas etárias, ela busca desenvolver habilidades de liderança que permitam a união e a colaboração entre as gerações. A abertura para diferentes perspectivas e o incentivo à pluralidade são características que ela valoriza em seu trabalho como líder.

Alaine observa que quando o assunto são pessoas, seu desafio é manter o time motivado. “Meu trabalho nesses oito meses foi muito de team building e quebrar os silos. E tem funcionado”, pontua.

Com uma mentalidade inovadora e foco nos resultados, Alaine está confiante de que os próximos meses serão positivos para a Reckitt com o apoio da TI, impulsionando incondicionalmente a transformação digital e promovendo o crescimento dos negócios. Afinal, TI não caminha sem os negócios e os negócios não caminham sem TI. É a simbiose perfeita.

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