Mulheres na TI: avanços são mensuráveis, mas homens ainda atrapalham

Um terço dos homens ainda não acredita na importância de ambientes que promovam igualdade nas corporações, indica estudo da IT Mídia

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11:03 am - 27 de março de 2023
mulheres, cargo de liderança, executiva, c-level, 8M Foto: Shutterstock

De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2021, a população brasileira é composta por 48,9% de homens e 51,1% de mulheres. Entretanto, na área da Tecnologia da Informação (TI), a presença feminina é historicamente desproporcional, como indicado pela pesquisa Diagnóstico Comportamental dos Profissionais de TI, realizada pela IT Mídia. O estudo aponta que as mulheres representam apenas 14% dos profissionais atuantes nesse setor.

A boa notícia é que esse cenário vem mudando – ainda bem! Mas as mudanças ocorrem de forma lenta e as mulheres ainda encontram percalços no caminho para conseguirem atingir os cargos mais altos no mundo da tecnologia.

De acordo com a pesquisa da IT Mídia, quando o assunto é a desigualdade salarial nos cargos de liderança, tema de uma das principais barreiras do público feminino no mercado de trabalho, a pesquisa mostra que, mesmo que o assunto esteja em pauta há alguns anos, elas ainda ganham menos. Nos cargos de diretoria, 15% dos homens entrevistados recebem uma remuneração acima dos R$ 50 mil, enquanto nenhuma das mulheres atingem este valor.

Isso também se reflete em outros aspectos, como quando perguntado qual é o maior motivador no momento: para as mulheres, o “reconhecimento” está à frente das demais opções. Já para os homens, o maior motivador é a responsabilidade que é imposta no dia a dia.

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Mas não é só o salário que conta para se ter um ambiente igualitário dentro de uma corporação. A pesquisa mostra que as mulheres acham imprescindível um bom ambiente de trabalho, que ofereça desenvolvimento profissional e que haja reconhecimento, um cenário bem parecido com o que o público masculino também considera importante.

Porém, há dados que chamam atenção negativamente: dentro de uma área que precisa de mais representatividade, 33% dos homens entrevistados acreditam que ter um ambiente igualitário seja irrelevante, enquanto 40% das mulheres, consideram imprescindível trabalhar em um local que promova a diversidade. Isso mostra que além da mudança física, com mais mulheres e pessoas de outros gêneros inseridas no mercado, ainda é necessária uma mudança na mentalidade, principalmente do público masculino, para que apoie com mais intensidade o tema e, assim, a tão falada “inclusão”, de fato, ocorra.

Quando o assunto é satisfação e bem-estar mental, a maior parte das mulheres que tem mais de 30 anos dizem estar “felizes e engajadas” com o atual emprego. Já as que estão em uma curva mais inicial da carreira, com menos de 25 anos, pretendem buscar novas oportunidades no mercado em um curto prazo.

Este descontentamento também se reflete no bem-estar mental das jovens profissionais, já que 65% delas dizem que “poderia estar melhor” e 12% apresentam sintomas de Burnout, número que deve servir de alerta para os empregadores.

Embora haja um movimento para aumentar a presença das mulheres na indústria de tecnologia da informação, elas ainda enfrentam vários desafios no ambiente de trabalho, como planos de carreira incertos, falta de oportunidades de crescimento imediato e falta de apoio da gestão. Essas questões, identificadas na pesquisa, destacam a importância de garantir que as mulheres recebam o apoio necessário de suas lideranças para ter sucesso e avançar em suas carreiras na TI.

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O reconhecimento desses desafios é um passo importante em direção a um ambiente de trabalho mais inclusivo e igualitário, e isso pode se transformar não só em um movimento de inclusão, mas também um aumento nas receitas das corporações. Um estudo realizado pela consultoria McKinsey, mostra que as empresas que têm uma equipe diversificada têm 25% mais chances de ter desempenho financeiro acima da média do setor.

É importante destacar que essas são apenas algumas das razões possíveis para a desigualdade de gênero na área de TI. As soluções para esses problemas também são complexas e multifacetadas. É importante que a indústria de TI siga trabalhando para criar um ambiente inclusivo e acolhedor para as mulheres e outras minorias sub representadas, além de incentivar e apoiar a diversidade de habilidades e experiências.

*Pedro Hagge é gerente de estudos e pesquisas da IT Mídia

**Georges Nabahan é analista de estudos e pesquisas da IT Mídia

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