Tornar-se um mentor é uma ótima maneira de passar adiante sua própria experiência e conhecimento, bem como conselhos e insights valiosos que você mesmo recebeu ao longo do caminho. Além disso, orientar um profissional pode ter impacto significativo nas suas perspectivas de carreira e remuneração. De acordo com a pesquisa Women in Technology da IDC, os trabalhadores que têm mentores ganham de 10% a 17% a mais do que aqueles que não têm.
Fornecendo feedback construtivo ou um novo ponto de vista, ajudando a superar obstáculos ou avaliar opções de carreira, desenvolver habilidades ou projetos de crescimento – existem diversas maneiras de ajudar quem você está aconselhando. Mas o que exatamente faz um bom mentor? Se você está começando ou quer melhorar as suas habilidades de mentoria, este artigo apresentará algumas práticas recomendadas para garantir que os seus relacionamentos sejam bem-sucedidos e produtivos.
Profissionais que têm mentores são melhores mentores, diz Melissa Di Donato, CEO da SUSE. Para a especialista, ser tutorado ajuda muito a entender não apenas como o trabalho funciona, mas também a melhor forma de oferecer o que o mentorado precisa ouvir. Não é de surpreender que, quanto mais ampla a sua experiência em mentoria, mais conhecimento você terá para estabelecer um forte relacionamento com aqueles que deseja ajudar.
“Os melhores mentores são aqueles que têm mentores – e quanto mais, melhor”, afirma Di Donato. “Você deveria ter diversos mentores. Sou uma mentora melhor não apenas por causa da minha própria experiência, mas porque fui orientada e aprendi o que foi bem-sucedido e o que não foi. Hoje, posso pegar as lições que aprendi e passar adiante.”
Aconselhamento imediato com pouco acompanhamento contribui para um relacionamento de orientação inconsistente e provavelmente improdutivo. Em vez disso, você deve documentar meticulosamente o antes, durante e depois das sessões de mentoria, tanto para você quanto para as pessoas que orientar.
“Prepare-se para as sessões se concentrando em um único tópico ou em uma pequena lista de tópicos a serem abordados”, explica Di Donato. “Então, quando você estiver trabalhado com elas, no final da sessão, atribua tarefas: pelo menos três, mas não mais que cinco, perguntas para a pessoa a ser orientada pensar para o próximo encontro.”
Você também deve observar quanto tempo normalmente as sessões duram, o que funciona e o que não funciona, onde você ou a pessoa que você está orientando apresenta dificuldades e maneiras de superar esses obstáculos. Tenha em mente, também, os resultados dos seus conselhos e sugestões.
Também pode ser benéfico definir horários para as sessões. Setenta por cento dos homens se reúnem diariamente ou semanalmente com mentores, segundo o levantamento da IDC, enquanto apenas 29% das mulheres se encontram com essa frequência.
A mentoria tem tudo a ver com solicitar, reunir e colocar em prática conselhos, sugestões e pensamentos de alguém cuja perspectiva, experiência e conhecimento sejam, pelo menos em alguns aspectos, diferentes dos seus. Isso significa fazer um esforço consciente para sair da sua zona de conforto.
A tutoria fora da sua própria área de especialização é um bom ponto de partida, segundo Di Donato. A diferença de perspectivas, conhecimento e experiência pode permitir visões únicas que você pode não teria acesso de outra maneira.
Teena Piccione, CIO global e vice-presidente executiva da RTI International, aconselha a procurar “opostos”.
“Eu procuro, como meus próprios mentores, por aqueles que são o meu oposto – por exemplo, alguém que pode me dizer para diminuir ritmo”, declara. “Isso pode ajudar se você for um especialista em uma área e seu mentorado estiver em uma área diferente.”
Atuar com mentoria é dar ao outro liberdade e espaço para melhor articular suas ideias, necessidades e desejos, bem como conversar sobre a sua jornada, destaca Di Donato. Seu papel como mentor é dar a eles espaço e tempo, sem ditar a direção a ser tomada.
“Às vezes, os mentoreados precisam apenas externalizar os seus próprios pensamentos e sentimentos. É melhor dar a eles a chance para pensar em suas idéias ”, observa a executiva. “Você realmente não quer dizer às pessoas o que fazer. Um mentor realmente bom fornece ideias e insights para que os aprendizes possam desenvolver essa os seus próprios caminhos.”
Os relacionamentos de tutoria são fundamentais para talentos diversos, especialmente em TI, segundo Di Donato. Portanto, certifique-se de orientar pessoas de diferentes raças, gêneros, sexos, orientações sexuais, religiões, etnias – todo o espectro. Idade também; nem sempre dê preferência para aqueles que são mais jovens que você.
“Mentores e mentoreados devem ser tão diversos quanto possível”, afirma. “Um grande erro que as pessoas cometem é apenas orientar aqueles das gerações mais jovens – e agora temos cinco gerações no mercado de trabalho. Se você chegou a uma posição em que pode oferecer aos outros o benefício da sua experiência, faça isso com o objetivo de ajudar outras pessoas que são diferentes de você.”
A pesquisa Women in Technology da IDC observou que as mulheres possuem metade da probabilidade de acreditar em suas perspectivas de gerência executiva, mesmo com experiência e credenciais iguais as de outros candidatos. Para os especialistas, esse fato ocorre, em parte, pela percepção de que há um “clube de garotos” no trabalho, o que resulta em uma “falta de orientação para aprender as habilidades para crescer profissionalmente”.
O feedback é uma parte crítica para qualquer relacionamento de orientação. A princípio, qualquer feedback será melhor do que nenhum, diz Di Donato. “Qualquer feedback será bom porque é melhor que zero”, diz Di Donato. “Eu sempre vou aos meus próprios mentores e digo: ‘Você pode me dar algum feedback sobre isso? Não tenho certeza se isso é certo ou errado. Eu também tenho um parceiro em RH – este é um bom relacionamento para se desenvolver, porque eles estão focados no crescimento, sucesso, engajamento e retenção dos funcionários. E para isso, eles precisam garantir que os colaboradores estejam se desenvolvendo.”
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