CPFL Energia promove melhorias no processo de distribuição
Com mais de 16 anos de experiência no setor de energia elétrica, Marcelo Carreras, CIO da CPFL Energia, registra passagens pelas principais empresas do segmento como Rio Grande Energia (RGE) e Light. Há pouco mais de seis anos à frente da TI da CPFL, Carreras mostra talento constante para mudanças e inovação.
“A indústria de serviços é muito dinâmica. Esse mercado vive em transformação, e ainda temos a preocupação com a geração de energia. Por isso, temos de nos reinventar o tempo todo”, sintetiza o executivo vencedor do prêmio Executivo de TI do Ano, promovido pela IT Mídia, na categoria Utilities.
Em tantos anos de casa, Carreras sabe, mais que ninguém, que o segredo para que um CIO tenha sucesso na empresa passa pelo constante alinhamento com os demais líderes de negócios, tendo como foco principal o resultado para a companhia.
Segundo ele, hoje, o líder de TI deve conhecer os processos de toda a organização, sempre com o pé nos negócios para verificar como aplicar tecnologia para aumentar a produtividade, reduzir os custos e aumentar a receita. É por isso que toda a TI está organizada para garantir alto desempenho, conta.
Foi com base nesses objetivos que o CIO desenvolveu, a partir do final de 2011, um projeto ambicioso para o setor de distribuição de energia que envolvia três frentes: automação de rede, medição, que integrava a instalação de medidores inteligentes, e mobilidade para modernizar e automatizar os serviços de campo.
Batizado de Tauron, a iniciativa buscava estabelecer a revisão completa dos processos e a adoção de tecnologias modernas para a distribuição de energia, focando na geração de valor dos serviços para buscar excelência operacional. O objetivo era levar inteligência à rede de distribuição da CPFL, formada por um grupo de empresas que fornece energia a municípios nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul.
O projeto de telemedição levou dois anos para ser concluído e promoveu a instalação de 26,5 mil medidores inteligentes que atendam ao Grupo A (industriais e comerciais), clientes que representam 30% do faturamento da CPFL. Desde dezembro de 2014, esses medidores fazem leitura de consumo e gerenciamento da rede elétrica de forma remota. Essa atividade tinha como missão reduzir custo e tempo com inspeção e faturamento.
No cenário anterior, o sistema faturava no período da noite. Agora, o processo é totalmente automatizado e a leitura identifica imediatamente violações na medição e outros problemas, sendo possível enviar uma equipe ao local para solucionar a questão. O próximo passo da iniciativa, diz, será levar os medidores inteligentes para os mais de 2 milhões de clientes da categoria baixa tensão. “Fizemos provas de conceito em Campinas nas (interior de São Paulo) e temos alguns locais operando no novo conceito em clientes residenciais”, relata.
Carreras explica que os equipamentos auxiliam o centro de operações da organização a identificar falhas e ocorrências na rede e esse benefício começará a ser estendido para todos os clientes da empresa no segundo semestre deste ano.
Com os medidores, também foi possível automatizar as chaves da rede de distribuição. Agora, é possível, por exemplo, realizar a religação e a proteção da energia e, em casos de falhas identificar e isolar o trecho com problemas para que a manutenção seja realizada.
Mobilidade no front
O outro projeto de grande impacto, parte do Tauron, foi o de mobilidade, que envolveu 1,5 mil funcionários em campo que realizam a manutenção da rede. Antes, toda a equipe, que atende a 200 municípios em São Paulo, era orientada sobre a necessidade de manutenção via rádio.
A CPFL mudou o procedimento e passou a realizá-lo por meio de tablets. “Queríamos melhorar a produtividade das equipes em campo, efetuando os despachos a partir dos dispositivos”, assinala.
A comunicação é híbrida e usa satélite, para áreas rurais, e redes 2G, 3G e 4G. “Essa foi uma quebra enorme de paradigma. E para facilitar o trabalho, centralizamos o centro de operação, que passou a ter locais de despachos unificados. Com isso, passamos, por meio de geolocalização, a verificar o lugar exato do defeito”, detalha. Dessa forma, o centro de operações pode monitorar o profissional mais próximo e otimizar seu deslocamento.
O executivo lembra que a execução do projeto resultou em um aprendizado importante: “sozinho não é possível colocar em prática uma mudança como essa. Além disso, a equipe tem de estar disposta a fazer diferente e mudar o convencional”, ensina.