Turnover em TI: como analisar e criar estratégias para evitá-lo
Números como os indicadores da saúde organizacional demonstram se a empresa está crescendo de forma sustentável.
Existem alguns dados que toda empresa precisa acompanhar de perto. Números como os indicadores da saúde organizacional demonstram se a empresa está crescendo de forma sustentável. Um dos mais importantes destes indicadores é a taxa de turnover, que representa a rotatividade de pessoal. Ao comparar com diferentes áreas, fica evidente que em TI é mais alta.
A taxa sozinha não é capaz de gerar insumos ricos para estratégias da empresa. A rotatividade de pessoas está sempre associada a questões que desencadearam esses números. E são essas causas e consequências devem ser analisadas.
Hoje em dia, grande parte das posições em TI é ocupada pela geração millenium, que entra no mercado de trabalho com um foco muito maior em crescimento pessoal e qualidade de vida. Em geral, o profissional busca uma empresa que tenha propósito e cultura alinhados com a sua realidade, o que pode influenciar tanto quanto o salário oferecido.
Antes de olhar para os números, é importante diferenciar e entender os tipos de turnover e quais impactos eles devem ter nas estratégias do RH e na gestão da empresa.
Por que acompanhar o Turnover em TI?
Hoje, as taxas em TI são as mais altas do mercado, chegando a cerca de 13%. Pessoas em altos cargos na área de TI permanecem, em média, 2,6 anos em uma empresa. Essa rotatividade é considerada alta. Em comparação a outros setores, a permanência é de 3,8 anos.
O alto turnover em TI pode gerar insegurança para os colaboradores, além de passar uma imagem de fragilidade para clientes, fornecedores e investidores. Há de se considerar, ainda, o custo envolvido na entrada e saída de funcionários.
Uma equipe de TI com alto índice de demissões perde em produtividade. Acontece a quebra da rotina e da ambientação de todo o time. Isso afeta o foco e empenho do quadro atual de pessoas e a tendência é que fiquem sobrecarregadas. Assim, será necessário maior atenção do gerente ou líder, impedindo o foco em outros assuntos estratégicos do negócio.
Acompanhando de perto o turnover em TI é possível antecipar e criar estratégias para seus impactos, antes de se tornarem problemas.
Criar ações com o objetivo de prevenir desligamentos, voluntários ou involuntários, ajuda a desenvolver um ambiente onde as pessoas sintam-se satisfeitas. Isso fortalece o employer branding, solidifica a cultura e aumenta
a produtividade.
Faça uma análise crítica das taxas
Um número sozinho não quer dizer nada. É necessário entender as causas daquele turnover e de que maneira reflete no negócio. Cada taxa trará insights importantes sobre os pontos que precisam de maior atenção.
Uma alta taxa de turnover involuntário quer dizer que muita gente foi demitida. Isso pode indicar uma falha no processo de recrutamento e seleção. Provavelmente, entraram para o quadro de funcionários algumas pessoas desalinhadas em relação à técnica ou ao comportamental. É interessante fazer o levantamento analítico de cada demissão e entender se isso poderia ter sido previsto ou evitado no processo. Demissões geram insegurança e instabilidade nos colaboradores.
Uma alta taxa de turnover voluntário mostra que muita gente pediu demissão. Essa é especialmente preocupante. Provavelmente, existem falhas na retenção dos profissionais. O ambiente não deve estar tão legal, pode estar faltando motivação e incentivos. Contratar e reter bons profissionais são fatores fundamentais. A perda de profissionais qualificados abala a produtividade e gera custos com novas contratações e treinamentos.
Tenha um plano de ação para essa taxa não ser um problema.
Saiba ler nas entrelinhas e questione. O turnover admissional, quando está em alta, pode ser visto como indício de crescimento da empresa. Mas é necessário analisar a flutuação, pois nem sempre isso é verdade. Pode ser que as contratações estejam acontecendo para repor os funcionários que saíram.
Pode acontecer de um único mês começar e terminar com o mesmo número de funcionários. Mas, ainda assim, ser um mês com muitas entradas e saídas. Isso mostra como é importante analisar cada dado, as taxas e a flutuação, mesmo que, ao final, volte ao mesmo ponto.
Quando o turnover admissional é alto, sem ter tido saídas de pessoas na mesma proporção, podemos entender que essas foram vagas de crescimento do time, não de reposição. Nessa situação, é importante ter uma atenção maior no processo de onboarding. Planeje como esses novos colaboradores serão recebidos e treinados. Além disso, tenha estratégias para garantir a manutenção da cultura da sua empresa.
Algumas medidas podem ser tomadas para evitar altas taxas de demissões em TI
- Tenha projetos de contratação focados na qualidade dos candidatos: a divulgação de vagas,
entrevistas e validações devem ser feitas com o objetivo principal de trazer para a empresa alguém com potencial de ficar a longo prazo. - Contrate pessoas alinhadas ao propósito e cultura da empresa;
- Seja um ótimo lugar para trabalhar: claro que isso não é tão simples. Mas algumas ações podem ajudar, como ter um plano de carreiras, metas alcançáveis, um bom clima organizacional, processos organizados, feedbacks constantes, incentivo ao crescimento e uma cultura de conhecimento;
- Ofereça salários e benefícios alinhados ao mercado: a remuneração deve ser baseada na qualificação e tarefas de cada colaborador. Também deve ser competitiva em relação aos seus concorrentes e mercado como um todo. O mercado de TI é bem dinâmico, com muitas vagas disponíveis.
É essencial entender o que está causando as demissões e estabelecer estratégias de ação. Ao mesmo tempo, o objetivo não deve ser acabar com o turnover da empresa. Não é legal incentivar a permanência de pessoas que estão desalinhadas com o negócio ou com baixo desempenho. Isso abala a cultura e engajamento.
Você não precisa ter medo do turnover, ele pode existir, mas de maneira equilibrada e controlada. O objetivo deve ser ter taxas saudáveis e que as as saídas repentinas não peguem os gestores de surpresa.
*Fellipe Couto é CEO e fundador da Vulpi, solução de recrutamento de profissionais de TI.