Segurança do trabalho: desafios e sucessos na região da América Latina

O mercado de tecnologia é um catalisador de inovação e desenvolvimento. No entanto, na América Latina ele enfrenta uma necessidade constante de atenção em termos de condições de trabalho e sua devida gestão. Desde startups visionárias até corporações consolidadas, a incompatibilidade entre culturas e padrões de reportabilidade com clientes americanos e europeus é um problema crítico.

Para o sucesso das operações, é preciso garantir a saúde e segurança do bem mais valioso da companhia, uma questão com regulações que variam conforme as localidades e níveis de maturidade de cultura igualmente diferentes. Nos EUA, por exemplo, eles seguem os da Occupational Safety and Health Administration (OSHA), que além de fixar os padrões também exerce o poder fiscalizador. Apesar de os padrões serem relativamente parecidos dos adotados na América Latina, as expectativas de reporte de incidentes são bastante diferentes.

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Para exemplificar, diferente de classificação de acidentes de trabalho que conhecemos (com e sem afastamento, típico, de trajeto), classificamos os incidentes em near miss, first aid e recordables. A expectativa de notificação desses eventos é baseada nessa categorização, que apresenta critérios diferentes dos que estamos acostumados. Por trás da categorização, há uma cultura pragmática que justifica o que de primeira parece absurdo pra nós. Para que os prazos de notificação sejam atendidos, é preciso entender profundamente essas assimetrias e assim garantir um bom relacionamento com o cliente.

Um outro exemplo de diferença está no nível de cultura de segurança entre os locais. Aparamentar-se com os equipamentos de segurança individual para exercer atividades em segmentos como a construção civil, por exemplo, ainda precisa ser alvo de treinamento constante. Em uma simples volta no quarteirão podemos conferir trabalhadores com poucos equipamentos ou até nenhum exercendo essas atividades.  Esse cenário é bem menos comum nos EUA, onde os treinamentos já podem atingir temas mais sofisticados.

Mas o que deve ser feito para reverter esse panorama?

Superar os desafios de gestão de saúde e segurança do trabalho na América Latina ao lidar com clientes americanos envolve conhecimento e engajamento da cadeia. Em primeiro lugar, a implementação de métricas personalizadas para comparação com os EUA é essencial.

Além disso, investimentos em treinamento especializado para o público-alvo são necessários. Estamos falando de campanhas de conscientização que destaquem a importância das medidas preventivas, podendo contribuir para a criação de uma cultura que priorize o resguardo em todos os níveis. Essas ações precisam se comunicar e falar a língua de quem de fato faz a segurança na linha de frente. Precisamos engajar e desenvolver nossa cadeia de fornecedores, já que estamos trabalhando com níveis de segurança muito superiores aos implementados no Brasil.

Por fim, mas não menos importante, a colaboração entre empresas, profissionais e instituições educacionais é outro exemplo crucial. A transformação da segurança do trabalho em uma prioridade intrínseca ao desenvolvimento tecnológico na América Latina requer esforços conjuntos para criar um ambiente seguro e sustentável.

De modo geral, o desafio da cultura de segurança do trabalho no setor de tecnologia na América Latina é complexo, mas não insuperável. A região, com sua riqueza cultural e potencial tecnológico, pode transformar seus desafios em oportunidades.

A inovação tecnológica é a chave para implementar regulamentações específicas e ajudar a superar desafios no setor aqui na América Latina, seja na criação de metas que sejam comparáveis com outros mercados ou por estratégias de comunicação que conversem com o trabalhador que está na linha de frente, a fim de garantir que a inovação tecnológica ocorra em um ambiente saudável e seguro.

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