Segmento financeiro faz frente aos golpes
Banco Central anunciou aprimoramento das ferramentas de segurança do PIX; fintechs têm atuado fortemente junto a consumidores para frear fraudes
Por Claudia Amira, diretora-executiva da ABCD (Associação Brasileira de Crédito Digital)
Popularizada nas redes sociais, a frase “o golpe está aí, cai quem quer” pode até ter sua graça no contexto dos memes, mas a verdade é que se tem uma coisa que as vítimas de fraudes financeiras provavelmente não devem querer é engrossar as estatísticas desse tipo de crime.
De acordo com a Psafe, especializada em cibersegurança, mais de 3,4 milhões de tentativas de golpes financeiros na internet foram detectadas somente entre janeiro e maio do ano passado – o equivalente a mais de 930 por hora. Mais recentemente, uma reportagem do “Fantástico” foi além dos números e exibiu o drama de pessoas que tiveram seus dados vazados e precisaram lidar com consequências que chegaram, em um caso extremo, à prisão de uma das vítimas.
Versáteis e em constante evolução, os golpistas costumam utilizar produtos e serviços legítimos e que estão em alta para dar mais credibilidade às suas ações. O PIX, sistema de pagamentos instantâneos que rapidamente caiu nas graças dos brasileiros, tornou-se um dos queridinhos dos criminosos graças à sua popularidade. Não por acaso, o Banco Central constantemente aprimora os mecanismos de segurança do sistema para fazer frente ao avanço das ameaças.
No começo de maio, o BC anunciou o aperfeiçoamento de duas funcionalidades que entrarão em vigor a partir de 5 de novembro: a notificação de infração e a consulta de informações vinculadas às chaves PIX para fins de segurança.
A primeira, que possibilita às instituições fazer uma marcação das chaves e usuários sempre que houver suspeita de fraude na transação, passará a contar com novos campos, permitindo especificar a razão da notificação, tais como golpe, estelionato, invasão da conta e coação, entre outros.
Já a segunda contará com um conjunto de informações mais relevantes, como, por exemplo, a quantidade de infrações do tipo conta laranja ou falsidade ideológica relacionada ao usuário ou chave PIX, quantidade de participantes que aceitaram a notificação de infração daquele usuário ou chave e quantidade de contas vinculadas a determinado usuário.
Também em um movimento permanente para mitigar e coibir as práticas criminosas por meio do uso massivo de tecnologia e alto investimento em cibersegurança, as fintechs de crédito seguem promovendo uma série de ações. O foco são orientações de segurança e campanhas informativas para impedir o sucesso das investidas dos fraudadores. Estes geralmente utilizam o nome de empresas consagradas no mercado para oferecer falsos empréstimos, cobrar taxas inexistentes e desaparecer, deixando os clientes reais no prejuízo.
As provedoras de crédito digital também apostam fortemente no uso das redes sociais para esclarecer diretamente aos usuários quais práticas podem ser consideradas suspeitas – abordagens ativas via whatsapp e ofertas tentadoras demais devem servir de alerta. A checagem dos canais oficiais da instituição financeira também costuma figurar como uma fonte de informação importante que ajuda a comprovar ou não a idoneidade da mesma.
Com uma superfície de ataque cada vez maior, com mais e mais pessoas fazendo transações digitais e, consequentemente, com um volume de dados imenso em circulação, as práticas criminosas tendem a seguir crescendo e se transformando. Mas elas não estarão sozinhas: os agentes financeiros seguirão em ação para um enfrentamento de igual para igual.