SANDISK – uma surpresa
Ocasionalmente eu tenho oportunidade de conversar diversos fornecedores de hardware e software. Muitas vezes acho que já conheço a empresa o bastante. Mas nem sempre isso é verdade. Em conversa com Tanya Chuang, executiva da SANDISK responsável por cartões de memória de alto desempenho, descobri coisas muito interessantes que quero contar aqui no ForumPCs. O fato de eu não ser especialista em fotos ou mídias portáteis explica isso e acho que como eu existem muitas pessoas que vão se surpreender com dados desta coluna.
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No começo da década de 90 foi fundada a SANDISK, uma empresa visionária que apostava no segmento de meios “sólidos” de armazenamento. Lembro-me bem dessa época, pois durante um tempo se falava que os discos rígidos cresceriam em capacidade em um ritmo mais lento até estagnarem, pois fatores mecânicos e de projeto limitantes seriam obstáculos. Os discos “sólidos” eram sedutores. Não fosse o custo dos meios eletrônicos não voláteis estes seriam maravilhosos, pequenos, rápidos e sem partes móveis para dar defeito. Neste meio tempo o departamento de pesquisas da IBM desenvolveu uma nova forma para aumentar a densidade de gravação magnética nos velhos “pratos” dos HDs dando continuidade à escalada das capacidades dos HDs “mecânicos” e com baixo custo. Isso impediu a adoção prematura das memórias não voláteis pelo menos para o segmento de PCs o qual eu acreditava e torcia pela adoção.
Por estes motivos, nesta época a nascente SANDISK tinha uma ótima idéia em mãos, mas que ainda não tinha aplicação comercial de massa. Como se diz por aí era uma solução em busca de um problema! A grande “virada” aconteceu devido ao fenômeno da fotografia digital que se tornou o catalisador desta tecnologia. Você talvez se lembre que algumas das primeiras máquinas fotográficas digitais usavam disquetes de 3 ½ polegadas, como as câmera da SONY MAVICA. Por acaso outro dia vi uma pessoa usando uma e fiquei pasmo como aquilo era um trambolho e na época eu achava um dispositivo maravilhoso! É inquestionável a vantagem dos atuais cartões de memórias. Mas um longo caminho se passou desde os primeiros cartões Compact Flash de 20 Mbytes até o mais sofisticado de 8 Gbytes que existe atualmente. Acrescente a esta lista de inovações uma grande lista de formatos alternativos cartões SD e mini SD além dos já tradicionais Pen Drives USB em tipos variados.
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O formato de mídia digital que tem sido mais usado atualmente é o Secure Digital ou SD card (coincidentemente a abreviação lembra o nome da empresa-será coincidência?). Para quem não sabe é um formato quase do tamanho de uma unha e que atualmentearmazena até 2 Gbytes. Na minha conversa com a Tanya Chuang eu a questionei se o formato SD irá substituir ou mesmo “matar” o bom e velho de guerra Compact Flash. A reposta foi um intrigante NÃO. O foco do SD card é realmente capacidade em um formato pequeno. O formato Compact Flash (CF) que tem de 3 a 4 vezes o tamanho, permite cartões com maior capacidade, até 8 Gbytes como já foi falado. Além disso, existem CFs mais especializados que além de maior capacidade são mais rápidos. Mas qual a utilidade disso? Imagine uma foto digital de primeira geração, com resolução 320×200 ou mesmo VGA 640×480. O número de pixels é bem baixo (64.000 e 307.200 respectivamente). As câmaras digitais “domésticas” de hoje usam até 8 milhões de pixels para registrar uma foto-cerca de 25 a 120 vezes mais informação que as primeiras fotos digitais. Isso se reflete na hora de gravar a fotografia no cartão de memória. Imagine um repórter fotográfico presenciando um evento jornalístico e não podendo tirar mais que uma foto a cada 5 segundos por causa da limitação de velocidade. Por isso Tanya afirma que para segmentos mais especializados e com necessidades extraordinárias (velocidade e grande espaço) os cartões Compact Flash ainda têm uma longa vida, pois fazem mais que seu sucessor os novos cartões SD.
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Mas a evolução dos SD também continua. Pude ver os novos mini-SDs incrivelmente pequenos mais voltados para aplicações de mobilidade em telefones celulares. Na visão de Eli Harari, fundador da SANDISK, a convergência de funcionalidade de câmeras digitais, computador de bolos e PDA para os telefones celulares naturalmente demandarão estes tipos de mídia, cada vez mais sofisticadas. Quando um telefone celular puder carregar consigo um mini-SD de vários Gbytes o telefone celular também se transformará em uma eficiente câmera de vídeo digital. As limitações hoje são só espaço (Gbytes) e tamanho físico. Mas como temos acompanhado, estes são atributos que o tempo por si fará aparecerem nestes cartões SD.
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Um punhado de imaginação e visão de mercado tem sido aplicado nestes maravilhosos cartões de memória, ampliando seus usos. A SANDISK lançou no final de 2004 um produto inovador. É um leitor multi-formato de cartões de memória digital, até aí nada de novo pois a SANDISK têm vários modelos de leitores há muito tempo, mas que visa facilitar a vida da nova leva de fotógrafos digitais amadores que querem ter facilidade para ver suas fotos sem usar necessariamente um computador. Este leitor, chamado “Photo Álbum”, pode ser ligado a uma TV (usando um prosaico cabo RCA) e usando um controle remoto parecido com o da TV as pessoas podem navegar por seus álbuns de fotos digitais na tela de sua TV. Junto com este conceito nasceu também o produto que na minha visão é a versão digital do velho filme película. São cartões CF de baixo custo, com capacidades em torno de 64 Mbytes, cuja intenção é prover o tal “filme-digital” para as pessoas que não querem lidar com computador para ver fotos. Elas tiram as fotos nestes cartões, vêem as fotos direto na TV e eventualmente nem reaproveitam os mesmos. Seriam com se os “negativos” virtuais ficassem para sempre naquele CF. Isso só não é possível ainda porque o custo de um filme analógico (que teria função semelhante) ainda é bem mais barato. Se incluir o preço da revelação em papel mais o custo do filme chega perto de uma solução destas. Mas o conceito está lançado. Alguém duvida que seu avô ou sua avó não prefeririam tem uma caixinha cheia de CFs guardados e vê-los diretamente na TV a ter que aprender a fazer o download das fotos do cartão, guardar em pastas diferentes no seu computador…
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Nestas ocasiões que consigo me aprofundar mais em certas linhas de produtos e soluções o que gosto é de ser surpreendido com idéias novas ou pelo menos produtos inovadores na linha “clássica” do fornecedor. Gostei muito da idéia do “Cruzer Profile”. É um Drive USB que tem uma interface biométrica de reconhecimento de impressão digital. Assim somente o próprio dono do cartão de memória tem acesso aos dados ali contidos. Também serve como dispositivo de autenticação e login no Windows se a pessoa quiser.
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Vi também algo muito interessante. É um cartão mini SD, realmente mínimo, que ao ser “desdobrado” (não sei como fizeram isso!) ganha um conector USB. Assim o cartão SD se transforma em uma memória USB para quem não tem leitor de SD em seu PC.
Apostando na direção oposta da Apple com seu iPOD mas visando o mesmo mercado a SANDISK lançou também seus aparelhos de música MP3. Diferente do iPOD porque obviamente este usa cartões de memória no lugar de discos rígidos tradicionais. Hoje isso limita um pouco o espaço disponível para as música se comparado aos iPODs de 40 Gbytes. Mas na prática ter de 1 Gbyte a 8 Gbytes para músicas já permite ter uma acervo de música digital de 500 a 4000 músicas em média. Além disso o SANSA (nome do produto) permite expandir sua memória com um slot adicional de cartão SD. Muito interessante pois se o usuário esbarrar no limite da capacidade do aparelho pode ainda ampliar muito seu espaço de armazenamento.
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Apesar de todas estas inovações Heli Harari afirma que em 10 anos praticamente tudo estará em muito mudado ou será parte do passado. Há várias pesquisas promissoras de novas tecnologias para armazenamento de dados em estado sólido, mas na sua opinião estaremos usando algo que ainda hoje nem pensamos!!
Eu finalizo com uma pergunta, você se imagina em alguns anos usando um PC sem disco rígido (com partes móveis) somente com discos “sólidos” como CFs ou SDs?