Playbook, o Tablet versátil e diferente
Tablets viraram sensação. E já faz algum tempo. São dispositivos com talentos únicos. Engana-se quem acha que Apple iPad foi o primeiro deste segmento. No final dos anos 90 Compaq já oferecia dispositivos assim, comandado por “canetas” sobre a tela. Mas não se pode negar que o paradigma de Tablet foi redefinido pelo iPad. E a RIM, fabricante do tradicional smartphone Blackberry não quis ficar de fora deste mercado. Há alguns meses foi lançado o Playbook no exterior e mais recentemente (final de outubro de 2011) em nosso país.
Estou desde o ano passado testando e usando quase que diariamente um Playbook. Isso me permitiu formar sólida opinião sobre o dispositivo. Afirmo tratar-se de um equipamento diferente. Tem tela de 7 polegadas. Se fosse menor sua tela não teria a legibilidade e o conforto que tem. Se fosse maior não caberia na palma da mão, atributo interessante. Além disso, tem apenas 10 milímetros de espessura e pesa 425 gramas! Com estas dimensões pode ser levado sem esforço algum dentro de uma bolsa feminina e até mesmo em alguns bolsos de calça masculina (usei algumas vezes desta forma).
[singlepic id=3598 w=320 h=240 float=]
O Playbook mereceu menção em texto recente publicado chamado “Smartphone? Tablet? Ultrabook?” no qual discuti as características e modelos de uso destes dispositivos. Vale a dica para a leitura.
Características principais
– Processador com velocidade de 1.0 Ghz.
– Sensor de movimentação em 6 eixos
– Tela tem resolução de 1024×600 (quase a resolução de um PC)
– Opções de armazenamento (Flash) de 16 GB, 32 GB e 64 GB
– Câmeras de 3 Mp (frontal) e 5 Mp (traseira) com capacidade de filmar 1080p (FullHD)
– Conectividade : WiFI (padrão N), porta Micro-USB, porta micro HDMI e bluetooth
– Geolocalização por GPS
– Navegação WEB, browser compatível com HTML 5 e FLASH 11.2
– Reprodução de vídeo H.264 e WMV
– Versão do sistema operacional 2.0 (atualizada durante o teste)
[singlepic id=3600 w=320 h=240 float=]
[singlepic id=3594 w=320 h=240 float=]
Conectividade
Nesta versão testada não dispunha de local para chip 3G. Assim é essencialmente um Tablet que necessita de rede WiFi para se conectar ao mundo exterior. Aliás, usa rede padrão “N”, a mais moderna (maior velocidade e alcance ? até 150 Mbps). Confesso que de início torci o nariz para esta característica. Porém a experiência de uso de Internet muito satisfatória. Pelo menos onde tinha acesso WiFi não senti falta de conexão 3G que segundo a RIM pode vir a ser oferecida no futuro.
Mas o mundo não é perfeito. Não há WiFi grátis por toda parte. Neste momento aparece sua principal diferença que é sua simbiose com um smartphone Blackberry. Como ambos dispõem de conexão Bluetooth, usando o aplicativo (gratuito) BlackBerry BRIDGE o PLAYBOOK se torna uma extensão do smartphone. Desta forma a visão que se tem dos e-mails e arquivos do smartphone é incorporada ao Tablet. Além disso, a conectividade 3G do Blackberry é herdada pela prancheta digital. E o que é melhor, sem penalização de custo extra.
Explicando melhor. Para as operadoras de telefonia celular que revendem serviço Blackberry, o acesso à Internet é ilimitado, porém apenas do tráfego gerado pelo aparelho em si. Uso do smartphone como “modem” ligado ao computador é tarifado à parte (e não é barato). Minha opinião é que isso é questionável. Um usuário de smartphone pode em situações extraordinárias precisar emergencialmente conectar seu computador à Internet usando seu aparelho. Um executivo, perfil de quem usa um Blackberry, tem esta necessidade eventual e é legítima. As operadoras poderiam ao menos oferecer no plano uma franquia de acesso via PC. Considero mesquinharia esta postura das operadoras. Enfim… Opinião registrada. Porém usando o aplicativo BLACKBERRY BRIDGE e a conexão estabelecida entre o Tablet e o smartphone via Bluetooth, o acesso feito pelo Playbook é considerado como do próprio telefone. Assim usar o 3G por este caminho não penaliza o usuário com custo extra. Mas exige que ele tenha um dispositivo Blackberry.
[singlepic id=3595 w=320 h=240 float=]
Ainda sobre conectividade, caso o usuário disponha de outro smartphone, de outra marca, ele pode usar o recurso “Tethering” de seu telefone que disponibiliza WiFi para dispositivos próximos e ser tarifado, ou não, em função da política de cobrança da respectiva operadora (Vivo, Claro, Oi, Tim, etc.) por este uso extra. Uma versão do Playbook com 3G seria desejável, mas como demonstrado não é algo essencial, desde que o usuário tenha vasto acesso WiFi ou um Blackberry ou possa usar “Tethering”.
Aplicativos
Eu cometi um erro meses atrás. Quando ouvi falar do Playbook, pensei tratar-se de um “Blackberry grande”. Nada disso. A plataforma de hardware e, por conseguinte de software são completamente diferentes. Os aplicativos que rodam no Playbook são próprios. Assim o APP WORLD contém os aplicativos apenas de sua única e própria plataforma.
O modelo testado veio recheado de aplicativos. Isso faz toda a diferença. Um usuário iniciante, com menor fluência com o sistema pode não ter toda a desenvoltura para localizar e achar os aplicativos que lhe são interessantes. E usar um magnífico dispositivo como este apenas para acessar a Internet seria um desperdício!!
[singlepic id=3597 w=320 h=240 float=]
Aplicativos nativos da própria RIM : Mensagens (cliente de e-mail), Contatos, Calendário, Browser (Internet), App World (loja de aplicativos ? pagos ou gratuitos), DocsToGo (acesso a arquivos do MS Office), Fotos, Vídeos,…
Aplicativos de terceiros : Youtube, Bing Mapas, Facebook, Twitter, Gmail, Hotmail, Aol Mail, Yahoo Mail, Bradesco (Internet Banking), Navita Translator, Estadão (leitura de jornais), Piano, Cinemark (programação de cinema), Época (leitura de revista), Exame (leitura de revista), Caras (leitura de revista), Sonora (loja de músicas), Placar UOL (informações esportivas), Scrapbook (montagem de painel de memórias),jogo Tetris, jogo Need for Speed, etc.
Alguns destes aplicativos são “apenas” visões aprimoradas de informações que se veria nos respectivos sites. Mas a usabilidade dos mesmos e a experiência de uso é muito mais refinada e agradável. Por outro lado há aplicativos inovadores como o premiado Navita Translator que reúne diversos mecanismos de tradução. Há também os “leitores de conteúdo” (livros e revistas), que proporcionam ao usuário uma excelente alternativa de plataforma para consumir conteúdo. Afinal este é um dos maiores talentos dos Tablets. Ainda há avanços a alcançar na interface de uso, por exemplo, na leitura e manutenção da base de dados de jornais. Mas adorei a experiência de leitura no Playbook .
A RIM vem há tempos estimulando a comunidade de desenvolvedores a criar aplicativos ricos, que contemplem múltiplas funcionalidades e integração de recursos. Por exemplo, uso de geolocalização (usando o GPS), uso inteligente da interface “touch”, etc. Isso que vem cada vez mais ampliando a gama de utilização e usabilidade do Playbook.
Um exemplo de uso inteligente do dispositivo é o jogo NEED FOR SPEED no qual uma sucessão de corridas de carro vai acontecendo. Ganha-se dinheiro para comprar carros melhores, evoluir na carreira de piloto, etc. Mas a novidade é o uso dos sensores de movimento do Playbook como meio de pilotagem do carro. Virar, acelerar, brecar, acionar o “turbo”, tudo é feito com a movimentação intuitiva do dispositivo!!
[singlepic id=3596 w=320 h=240 float=]
Captura de Imagens e Vídeos
Surpresa!! Eu esperava um resultado competente do Playbook para lidar com fotos e vídeo. Mas o resultado foi além de minha expectativa!! Principalmente na qualidade dos vídeos!! Foi fornecido junto com o Tablet um cabo HDMI para conectá-lo a uma TV Full HD. Impressionante!! Não imaginava que pudesse obter de um dispositivo assim imagem tão detalhada e fluída! A única crítica que se pode fazer diz respeito ao uso de zoom digital durante as filmagens, pois se a aproximação for muito grande percebe-se perda de qualidade da imagem.
O Playbook tem duas câmeras. A principal, na sua parte externa, tem 5 MP de resolução e é usada para tirar as fotos e gravar os filmes. A segunda câmera fica na parte interna, acima de sua tela e serve para conversas online com vídeo, ou “vídeo-chat” (em Full HD) usando o aplicativo nativo do Playbook. Aliás, excelente na usabilidade, interface e qualidade de imagem. Fica a crítica ao fato de que até este momento não pude localizar SKYPE ou MSN Messenger para o Playbook. Porém existe um aplicativo chamado IMO Instant Messager que por usar Flash 10.3 (ou superior) permite acesso às contas de MSN e SKYPE, mimetizando em parte a funcionalidade destes. Funciona bem mesmo não sendo os aplicativos originais.
Playbook OS 2.0
No final do período de testes pude realizar a atualização do sistema operacional do Playbook para sua versão 2.0, disponibilizada dia 21/02/2012. Ainda bem, pois ainda houve tempo de destacar estas novidades, que não são poucas.
Uma das principais vantagens é agora a existência de um aplicativo nativo para e-mails (além dos aplicativos especializados do Gmail, Yahoo, etc.). Assim o usuário agora tem possibilidade de configurar e-mail de qualquer origem ou provedor, sem necessitar da integração com smartphone Blackberry. Era de fato uma limitação da versão anterior. Mas esta novidade não vem sozinha. Os aplicativos Calendário e Contatos também ganharam versões desvinculadas do Blackberry Bridge.
[singlepic id=3599 w=320 h=240 float=]
Outra novidade é a chegada de um grande conjunto de aplicativos vindos da plataforma Android, que ampliou bastante a gama de softwares disponíveis para o Playbook. No caso de conexão com o Blackberry, agora o teclado do smartphone pode ser usado para comandar o Playbook caso o usuário assim deseje. Para os aficionados em redes sociais as caixas de mensagens e interações das redes como Twitter, Facebook e Linkedin podem ser unificadas. Assim apenas um ponto de interação pode ser utilizado.
“Estamos ansiosos para ofertar cerca de 10 mil aplicativos especificamente para o PlayBook, incluindo Angry Birds, Cut the Rope, Citrix, Groupon, Thomson Reuters, Zinio e muito mais” afirmou Jamie Ernst, porta-voz da RIM, que não detalhou quantos aplicativos do Android foram disponibilizados para os usuários do OS 2.0. Isso porque estes aplicativos Android estão sendo submetidos e aprovados para uso no Playbook.
O aplicativo DocsToGo que acessa arquivos do MS Office também permite a edição dos mesmos. Traz uma nova versão do PrintToGO (para impressão de documentos). Além disso, se o dispositivo tem uso pessoal e profissional o Blackberry Balance separa os arquivos em dois ambientes distintos.
Conclusão
Eu nunca me considerei uma pessoa cujo perfil de uso de computação pessoal móvel pudesse ter grande vantagens no uso de um Tablet. Meus notebooks sempre foram robustos, rápidos e quando possível leves. Já dedilhei um iPad ou um Galaxy diversas vezes. Mas quis o destino que o Playbook me fosse oferecido para um teste mais longo. No início confesso que eu me obrigava a usá-lo. Dever do ofício, testar e emitir uma opinião. Mesmo na versão 1.0 do sistema operacional, já comecei a me interessar mais.
Um belo dia eu percebi que já o levava em minha mochila, junto com meu notebook e que várias vezes eu preferia usar o Playbook ao notebook. Claro que era para situações específicas. Tomar nota de algum detalhe em uma conversa, Twittar durante uma apresentação, checar as novidades do Facebook e mesmo leitura de sites que faço diariamente. Ainda não me habituei a ler o ESTADO DE SÃO PAULO no Playbook. Talvez seja questão de tempo.
Mas o que entendo a partir desta história é que se a experiência de uso do Playbook fosse ruim eu não teria migrado parte de meu uso de computação pessoal para este dispositivo. De fato eu fugiria dele e o evitaria. Penso que o tamanho “exato” (não é grande demais e tem uma ótima tela para leitura e uso de Internet) ajudou. Pelo menos para o meu padrão de uso. A integração com meu Blackberry foi um fator motivacional extra uma vez que posso usar o 3G do smartphone e sincronização de e-mails, calendário, etc. A usabilidade, a interface muito intuitiva, “touch” sensível e de ótima resposta são também destaque. Por fim a qualidade das câmeras de vídeo e foto, com imagens cristalinas, notadamente em locais com boa iluminação pois ao contrário do smartphone Blackberry o Playbook não tem flash interno, a conexão HDMI em resolução FullHD, conector USB (para carga da bateria e instalação de outros dispositivos) me satisfizeram.
Os aplicativos disponíveis eram suficientes para o meu tipo de uso do dispositivo. Com a chegada de um grande número de novos aplicativos, sejam nativos do Playbook ou oriundos do Android, vai aumentar ainda mais o leque de alternativas.
O modelo que eu testei é o que tem 16 GB de memória interna, que tem preço promocional de R$ 1299. Não é barato quando comparado, por exemplo, com um Netbook. Mas penso um Netbook nem faz tantas coisas a mais assim… Enfim, é um dispositivo pessoal, escolha pessoal. Eu gostei! Tornei-me um usuário de Tablet, algo que não me imaginava. Mérito do Playbook!!
PS: este texto foi originalmente publicado como “Playbook, o Tablet versátil e diferente!” em meu blog pessoal FXREVIEW.