Nunca mais quero ver servidor “genérico” e pirata!
Grandes empresas há muito tempo perceberam a importância do investimento em poderosos servidores. Isso não se discute. São máquinas especialmente projetadas para esta finalidade. Têm fontes mais resistentes (muitas vezes redundantes), processadores de alto desempenho,memórias mais “nobres”(com correção de erro – ECC), discos mais rápidos e resistentes, etc. Trazem consigo sistemas operacionais robustos como Windows Server (2003, 2008), Linux ou AIX (Unix da IBM), que gerenciam os recursos todos.
Mas infelizmente as empresas pequenas não conseguiam implantar soluções como estas por causa do fator custo. Estes servidores podiam custar algumas dezenas de milhares de reais (dependendo da complexidade até centenas de milhares de reais). Estas empresas menores alegavam que tanto o hardware como o software tinham custos incompatíveis com seus orçamentos. Na verdade eu não via desta forma. Eu entendo que estas empresas não percebiam o real valor de uma solução mais profissional para seu servidor. E por conta desta visão distorcida adotavam soluções bizarras e chamavam aquilo de seus servidores! Eu cheguei a ver (e muito) empresas que compravam (ou montavam por si mesmas) um PC desktop com um bom processador, um disco um pouco maior, às vezes mais memória e chamavam aquilo de “servidor”. E pior!! Colocavam um Windows XP naquela máquina, compartilhavam algumas pastas, uma ou duas impressoras e colocavam vários usuários “montados” neste PC. Nem vou discutir o aspecto resistência desta máquina, que é incontestavelmente mais frágil que um servidor formalmente construído. O que sempre me incomodou nesta solução “servtop” ou “deskserver” (mistura de servidor com desktop) é que invariavelmente este “Frankstein” vinha com um XPzão pirata e uma falsa sensação de economia malandramente obtida.
Depois de algum tempo vinham as descobertas! XP não aceita mais de dez conexões simultâneas para acesso a pastas ou impressoras compartilhadas. Pessoas ficavam sem conseguir acessar seus arquivos ou impressoras.Isso quando o “servidor” não parava por excesso de temperatura, causado pela quebra de um “cooler”, que não era exatamente vagabundo, mas despreparado para funcionar ininterruptamente.
Ainda bem que este cenário já começou a mudar. Os fabricantes de hardware de olho neste mercado de entrada já têm há algum tempo ofertas muito interessantes. HP, DELL, IBM ofertam servidores a partir de R$ 1.500. Pena que as máquinas desta faixa de preço não são servidores tão bem configurados. Geralmente trazem apenas 1 Gb de RAM, diminutos discos SATA de 80 a 120 GB, processadores Dual Core (mais simples). Mas eu já via com bons olhos estas ofertas pela garantia do fabricante, que geralmente é de 3 anos ou mais, ser o hardware projetado para a função (mais resistente) e poder incrementar a máquina com melhoriasna configuração corrigindo as deficiências de memória, disco e processador.
Recentemente especifiquei para algumas empresas servidores de um destes fabricantes por valores abaixo de R$ 4.000. Muito bom considerando-se um Xeon Quad Core, 4 GB de RAM e dois discos de 250 Gb em RAID 1 (espelhados). Por favor, não venham comparar com valores de desktop, ou comentários do tipo “por quatro mil reais eu monto um PC animal e muito melhor que esses”. Estou falando de servidor de verdade e não máquina “gamer”. O que ainda faltava nestas máquinas era um bom sistema operacional. Os fabricantes oferecem o sistema pré-instalado (Windows ou Linux) por preços mais atraentes que os valores dos mesmos sistemas comprados à parte. Eu vinha recomendando para algumas empresas comprar junto com o servidor o Windows Small Business Server 2008 Standard, super completo e econômico. Este já vem com uma solução montada de SharePoint (ambiente de colaboração), Exchange, funções de gerenciamento integradas, etc. A título de exemplo neste mês de agosto a DELL oferecia esta solução (só o software) por R$ 2.200 (com licenças para 5 usuários-5 CALs).Dessa forma um servidor como o citado no parágrafo acima, com o SBS 2008 custaria cerca de R$ 6.200. Um valor bastante razoável para uma empresa, mesmo pequena, que quer se estabelecer por três ou quatro anos sem preocupações com seu equipamento principal.
Mas ainda havia boa uma novidade esperando para acontecer. No caso das empresas realmente pequenas como consultórios médicos, lojas, dentistas, escritórios de advocacia, consultores, etc. ainda havia uma lacuna nas ofertas para estes tipos de estabelecimentos.
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Este tipo de cliente citado normalmente necessita de um local para guardar seus arquivos, com segurança (pastas restritas a certos usuários), gerenciamento de quotas de disco, uso centralizado de impressoras, servidor Web para sua Intranet e administração simples da base de usuários. O Windows Server 2008 Foundation foi criado para isso. É uma versão que não existe nas “prateleiras”, ou seja, somente é vendida em conjunto com uma máquina, junto ao fabricante. É essencialmente um Windows Server 2008 Standard com algumas limitações e características. Utiliza apenas um processador (pode ser dual, quad ou hexa core). Só existe a versão 64 bits. Utiliza até 8 Gbytes de memória. Não permite usar o Hyper-V para virtualização (será que funciona com o VMware Server??). E finalmente não aceita mais de 15 acessos de usuários simultâneos. De resto é um 2008 Standard com todas as ferramentas e recursos do robusto e comprovado Windows Server 2008.
Para este público as limitações não são relevantes, principalmente se levarmos em conta o custo da solução. O integrador (DELL, HP, IBM,…) cobra menos de R$ 600 (seiscentos reais) pelo sistema operacional e não há necessidade de CALs adicionais. Explicando melhor, ao comprar um Windows Server 2008 Standard, por exemplo, este vem com 5 licenças de acesso (quantidade de usuários que podem acessar o sistema simultaneamente). Para usar com 15 usuários dever-se-ia comprar mais 10 licenças (CALs-Client Access Licences), que custam aproximadamenteR$ 1.000 para cada 5 usuários. Assim só em valor de CALs os 15 acessos do 2008 Foundation custariam R$ 3.000.
Pensando no porte da empresa que é potencial cliente do 2008 Foundation, este ambiente ainda tem capacidade de instalar um gerenciador de banco de dados SQL, seja a versão “full” ou mesmo a boa e gratuita SQL Server 2008 Express para que as aplicações compradas ou desenvolvidas para ele rodem no ambiente da empresa. Assim com um investimento a partir de R$ 3.000 o micro empresário terá um servidor (equipamento) de “grife” (boa marca), três anos de garantia, boa configuração, Windows Server 2008 genuíno, licença para 15 usuários e por isso tudo garantia de estabilidade da solução. Pode haver, por exemplo, 100 usuários cadastrados no AD deste servidor mas apenas 15 conseguem acessar o servidor SIMULTANEAMENTE.
A limitação dos 15 usuários é compreensível pelo perfil do consumidor deste produto. Mas se eu pudesse dar uma sugestão para a Microsoft eu faria uma pequena mudança nesta restrição. Conversei com uma pessoa da Microsoft e me informaram que pode haver um UPGRADE do 2008 Foundation para 2008 Standard. Não sei sobre o custo disso. Mas a minhaseria que quando a empresa esbarrase no 16º usuário (que seria impedido de usar), aparecesse a seguinte mensagem : “Limite de 15 usuários simultâneos excedido. Contate a Microsoft para obter mais 5 usuários para acesso”. Assim a MS cadastraria todos os dados da empresa, já deixaria preparada uma proposta de upgrade para este cliente e ao também daria um tempo (mais cinco usuários) para a empresa, que acabou crescendo além do esperado (isso é bom!).
Por isso que afirmo que não há motivo algum para empresas de pequeno porte não se profissionalizarem. Comprar um servidor DE VERDADE, com software legalizado e por um preço acessível já é realidade. E por favor, não me apareçam mais com um DESKTOP robustecido, com XP instalado chamando isso de “meu servidor”!!!!
Quem quiser se aprofundar mais no assunto, a página da MS que fala mais sobre o Windows Server 2008 Foundationpode ser acessada aqui em inglês ou aqui em português. Pena que não existe versão TRIAL pois o produto só é vendido pré instalado nos servidores. Eu o teria testado mais a fundo antes de escrever esta coluna…
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PS: Há várias semanas eu me inscrevi no TWITTER com o único objetivo de fazer saber às pessoas quando eu publico uma coluna nova e os produtos/tecnologias que estão em análise (futuras colunas). Meu endereço é . Não esperem nada do tipo “vou jantar agora” ou “meu banho estava muito frio”. Embora não condene quem use o twitter para estas frivolidades. No meu caso o uso é “profissional”.