Mulheres que inspiram com Flavia Faugeres: um convite à transformação socioemocional nas empresas
Na Learn to Fly, Flavia Faugeres promove uma nova era de liderança corporativa, conectando pessoas que acreditam no poder do autodesenvolvimento
Feche os olhos por um momento e imagine-se caminhando por uma estrada desconhecida, onde a escuridão envolve cada passo que você dá. Agora, visualize um farol brilhante, emitindo um raio de luz que ilumina o caminho à frente. Essa é a poderosa analogia de ter um mentor em nossa jornada pessoal e profissional – um farol que nos auxilia a navegar pelas trilhas incertas da vida.
No entanto, aqui está uma revelação surpreendente: de acordo com um estudo recente da consultoria internacional de recursos humanos DDI, 63% das mulheres nunca tiveram o privilégio de experimentar os benefícios de uma relação formal de mentoria. Apesar disso, elas querem e estão “botando o pé na porta” para avançar profissionalmente de forma coletiva.
Isso porque, quando as mulheres ascendem ao poder da liderança, não são apenas suas próprias vidas que se transformam, mas a sociedade como um todo é enriquecida. Com um olhar aguçado para o propósito que impulsiona suas ações, elas estão moldando uma nova narrativa no mercado profissional.
É com essa visão que Flavia Faugeres fundou a Learn to Fly, ao lado de sua sócia Cecília Ivanisk Oliveira. Juntas, elas estão promovendo uma nova era de liderança corporativa, conectando pessoas que acreditam no poder transformador do autodesenvolvimento, buscam crescimento em novas perspectivas e compartilham experiências com outros.
Esta conversa é sobre uma mulher que não apenas trilha seu próprio caminho no empreendedorismo, mas também se empenha em guiar outras pessoas em direção ao sucesso. A jornada da Flavia é marcada pela autenticidade e pela busca por desafiar estereótipos.
Neste artigo, convidamos você a entender a potência do autoconhecimento, o desenvolvimento socioemocional, e das mentorias estruturadas nas empresas. A Flavia compartilhou sua história e insights valiosos de como a busca pelo propósito está moldando um futuro de capacitação e crescimento para todos.
Um alto nível de pressão e solidão são inerentes à liderança nos negócios. Você considera que existe um certo “peso” extra sobre a liderança feminina?
Flavia: Antes de explorar mais profundamente essa questão, é importante ressaltar que a liderança é uma jornada que se desdobra em torno de pessoas, mudanças e movimentos. Ao contrário do que muitos pensam, eu não vejo a liderança como um processo solitário, mas sim coletivo, onde uma visão é compartilhada.
Isso significa que ninguém é líder sozinho, de forma unilateral, a liderança requer líderes e liderados. Um líder é alguém que tem a capacidade de conduzir para um propósito que outros estão dispostos a seguir. Isso se aplica não apenas no ambiente de trabalho, mas em todos os contextos sociais.
Ao pensar nas expectativas sobre liderança feminina, é importante considerar que nós fomos subestimadas e muitas vezes desencorajadas a assumir posições-chave no mercado de trabalho, mesmo que na vida cotidiana claramente exerçamos esses papéis. O mundo corporativo, principalmente na área de inovação, tecnologia e gestão, muitas vezes negligenciou o potencial feminino.
Nosso desafio é duplo: primeiro, precisamos reconhecer que já somos líderes em muitos aspectos de nossas vidas e, segundo, trazer nossa autenticidade para o âmbito profissional.
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Isso requer autoconfiança, autoestima e a compreensão de que cada uma de nós tem potencial e legitimidade. A jornada para uma liderança feminina bem-sucedida começa com a aceitação de nossa própria singularidade e o entendimento de que o que nos torna diferentes é o que nos torna incríveis.
Minha própria jornada foi uma mistura de encarar desafios e rejeitar estereótipos. Durante muito tempo, eu acreditava que precisava imitar a liderança masculina para ser reconhecida. No entanto, com o passar dos anos, descobri que minha força e autenticidade como líder residem precisamente em minha identidade como mulher.
A habilidade de ser assertiva, conquistada com capacitações técnicas para os negócios, não impede minha visão empática, que capta as nuances e necessidades individuais. Essa coexistência, embora possa parecer paradoxal em alguns momentos, é meu diferencial. A verdade é que não precisamos anular as nossas características pessoais e femininas para liderar.
Cresci com uma mãe forte, que me ensinou a ser resiliente e a buscar meus objetivos de maneira incansável. Ao longo dos anos, enfrentei inúmeras situações que me testaram e cada uma delas contribuiu para moldar quem sou hoje. E com isso me tornei uma entusiasta do potencial que a liderança feminina pode trazer para o mercado.
Com uma vasta experiência em cargos de liderança e, hoje, à frente de uma empresa que busca desenvolver novos talentos, o que você diria para as mulheres que querem evoluir em suas carreiras?
Flavia: Segundo o IBGE, 51,1% da população é feminina, um número bastante balanceado. Entretanto, ao observarmos o cenário do mercado de trabalho, esse equilíbrio muitas vezes se perde, especialmente quando consideramos cargos de liderança. É claro que superar essa diferença requer lidar ativamente com questões culturais profundas.
Acho que aqui cabe uma reflexão: quem mais se destaca em desempenho acadêmico? Quem se forma em maior número? É a mulher. Entretanto, é importante notar que desde a infância, frequentemente somos menos encorajadas a estudar e trabalhar do que a sermos boas esposas e mães, além disso, recebemos pouco estímulo para nos desafiar na escola, nos esporte e nas situações sociais. O que, de certa forma, mina nossa confiança ao entrar no mercado de trabalho.
Então essa se torna uma batalha que vai além dos obstáculos tangíveis. Hoje não existe, por exemplo, uma lei no Brasil que proíba mulheres de assumir altos cargos. Contudo, há uma “bagagem histórica” e enfrentamos ainda uma luta com nossa própria percepção sobre o que somos capazes de realizar. É aqui que a situação se complica!
Nesse ponto, começamos a questionar nossas próprias capacidades, mesmo que, na realidade, tenhamos um potencial abundante. Muitas das mulheres que se aproximam de mim compartilham a percepção de terem a tal “síndrome da impostora”. Essa é uma batalha interna, mas que a cada dia encontramos armas mais poderosas para lutar.
A missão da Learn to Fly é justamente resgatar e iluminar o que cada pessoa possui de melhor, ajudando a ampliar a autoconfiança e reconhecer o valor de cada indivíduo. É por isso que eu, pessoalmente, também estou sempre disponível para ouvir e acolher todos que chegam até mim. E, principalmente, encorajar as mulheres a acreditarem que merecem ocupar espaços de liderança e influência, afastando os limites impostos – por nós ou pelos outros – e pavimentando o caminho para um futuro onde a liderança feminina é não apenas presente, mas também inegavelmente poderosa.
Por último, quais são suas referências femininas e por que elas são exemplos a serem seguidos?
Flavia: Essa é uma pergunta muito especial para mim. Tenho uma história divertida que ilustra a influência de mulheres fortes em minha vida.
Meu avô era de origem árabe e, curiosamente, ele se tornou pai de cinco mulheres obstinadas, brilhantes que se tornaram pioneiras em diversas áreas.
Nasci em uma família onde o poder, a determinação e a resiliência eram características intrínsecas. Minha mãe é uma mulher destemida, e minhas quatro tias são igualmente admiráveis: uma delas chegou a ser chefe do departamento de pediatria na Unicamp, enquanto outra é reconhecida como uma das melhores nefrologistas pesquisadoras do mundo.
Portanto, posso afirmar que fui criada e educada em um ambiente repleto de figuras femininas extremamente empoderadas, onde os exemplos de coragem e força eram abundantemente presentes. Por isso, minha base de inspiração para liderança, conexão e influência foram, sem dúvida, minha mãe e minhas tias.
Quanto às referências no mundo do mercado, é claro que há muitas mulheres influentes e inspiradoras. No entanto, também devemos olhar ao nosso redor e valorizar aquelas que são as chefes de família. A maioria das mulheres das classes C, D e E são as únicas responsáveis por sustentar suas casas. Essa resiliência, essa força silenciosa, é uma inspiração poderosa por si só.
E, aproveitando a pergunta, acho que devemos deixar de lado qualquer comportamento de recriminação ou julgamento entre nós, mulheres. É fundamental superarmos essa tendência de olhar umas para as outras com um olhar punitivo. Em vez disso, devemos valorizar as conquistas e criar um ambiente de apoio e empoderamento mútuo. Porque juntas podemos construir uma comunidade de mulheres fortes e inspiradoras, capazes de alcançar grandes feitos e impactar positivamente nossas vidas e a sociedade como um todo.
Empoderamento em ação
Encerramos esta conversa enriquecedora com Flavia, que através da Learn to Fly, não apenas demonstra sua dedicação ao desenvolvimento de talentos, mas também compartilha a visão de que a liderança feminina não deve ser limitada por preconceitos ou desigualdades.
A presença das mulheres em posições-chave traz uma perspectiva diferenciada, marcada por mais empatia e uma abordagem colaborativa que impulsiona a inovação e o progresso. Elas não buscam apenas o sucesso no trabalho, mas também a realização altruísta, que gera um impacto significativo no mundo.
Convidamos você, caro leitor, a refletir sobre essas palavras e a compartilhar suas próprias experiências e opiniões nos comentários. Além disso, é com grande entusiasmo que anunciamos que a próxima edição da série “Mulheres que Inspiram” já está no forno e em breve continuaremos a celebrar a ascensão dessas lideranças no mercado.
Flavia e eu estamos disponíveis para apoiar a todos que chegarem até nós! Queremos te ajudar a encontrar o combustível para a sua transformação. Até a próxima!
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